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Estado de Minas

Busca pela juventude


postado em 25/02/2013 10:17

A advogada Ana Karla Figueiredo, de 42 anos, usou o colágeno por seis meses, mas não viu efeito(foto: Eugênio Gurgel, Pedro Nicoli)
A advogada Ana Karla Figueiredo, de 42 anos, usou o colágeno por seis meses, mas não viu efeito (foto: Eugênio Gurgel, Pedro Nicoli)

Uma pele mais firme, cabelo bonito, unhas fortes e até metabolismo mais acelerado. Estas são apenas algumas das diversas indicações encontradas nos rótulos de produtos para ingerir que levam o colágeno em sua composição. Eles lotam as prateleiras de farmácias e lojas de cosméticos. Nas mais variadas formas – em gomas de mascar, pílulas e em pó –, a substância é a esperança de quem busca a fonte da juventude. Mas como, de fato, o colágeno atua no organismo? O médico dermatologista Rodrigo Maia, diretor da Clínica da Pele, explica que o colágeno é uma proteína responsável pela sustentação da pele. “É uma substância renovável. Mas, com o passar do tempo, o corpo vai reduzindo essa capacidade de produção e renovação”, diz. É quando surgem as primeiras rugas e começam a aparecer os sinais do tempo: a pele se torna mais flácida e com menos viço. “São os efeitos naturais do envelhecimento”, lembra o médico.

 

A maioria das pessoas se assusta aos primeiros sinais do tempo. Afinal, quem não quer uma pele saudável e bonita? Em busca disso, a designer Rosilene Lanza Tolentino, de 62 anos, procurou ajuda profissional. “Sempre fui muito disciplinada, tenho alimentação balanceada, pratico exercícios físicos regularmente. Mas desde jovem tive uma surpresa, que foi a chegada da menopausa aos 26 anos”, conta. Para repor os hormônios e nutrientes que retardam o envelhecimento, Rosilene buscou ajuda profissinal. O tratamento inclui alimentos ricos em proteínas e suplementos à base de colágeno. “Tenho um kit com drágeas de colágeno hidrolisado e creme hidratante. Estou apaixonada por ele. Uso com o maior prazer, pois acho que ajuda a potencializar os efeitos da alimentação saudável”, diz Rosilene.

 

A designer Rosilene Lanza Tolentino não abre mão de ingerir cápsulas de colágeno: “Acho que ajudam
a potencializar os efeitos da alimentação saudável”
 
 

Segundo a fisioterapeuta dermato-funcional Ludmila Bonelli, casos como o de Rosilene são exemplos de indicação para recorrer aos chamados nutracêuticos – substâncias que suprem o organismo de nutrientes deficientes. “Esses produtos podem, sim, ajudar em um tratamento. O colágeno hidrolisado (forma que facilita a absorção) é indicado para ajudar a repor as reservas do organismo. Além disso, pessoas que não ingerem muitos alimentos ricos em proteína, como os vegetarianos, apresentam deficiência de colágeno”, explica. O sintoma principal dessa carência é pele ressecada, notada em várias partes do corpo, como o calcanhar. Mas a especialista ressalta que o colágeno em pó, ou em suas diversas formas, é apenas um coadjuvante, e não um substituto de hábitos saudáveis. “Não adianta tomar colágeno e ingerir grande quantidade de açúcar, não comer verduras, carnes e outras fontes de proteína, e não praticar exercícios físicos”, diz.

 

Já para o nutrólogo Ênio Cardino Vieira, professor da UFMG, o colágeno vendido nas prateleiras é mais um entre os tantos modismos da indústria da estética. “Envelhecimento é um processo fisiológico, natural, não há como escapar dele”, afirma. O colágeno encontrado nesses produtos é, segundo ele, o mesmo daquele presente nos alimentos ricos em proteína. “Não precisa gastar com esses produtos. Tem de cuidar da dieta”, garante.

 

Fisioterapeuta dermatofuncional Ludmila Bonelli: “Não adianta tomar colágeno e ingerir grande quantidade de açúcar, não comer verduras, carnes e outras fontes de proteína, e não praticar exercícios físicos”
 
 

A advogada Ana Karla Figueiredo, de 42 anos,  acabou cedendo aos suplementos de colágeno. “Durante seis meses tomei várias formas do produto, mas não vi resultado”, diz. Ana Karla resolveu então procurar a ajuda de uma nutricionista. “Ela me indicou uma dieta equilibrada. Passei a tomar suco de couve, por exemplo”. Segundo a advogada, os efeitos foram visíveis.  “Minha pele ficou mais bonita, menos ressecada e até meu cabelo melhorou”, diz.

 

E é exatamente essa a dica da nutricionista Caroline Fernandes, do Instituto Mineiro de Endocrinologia. “Embora a flacidez  da pele, relacionada ao envelhecimento, seja causada principalmente pela redução do colágeno, não há evidências científicas de que a ingestão beneficie o combate à flacidez”, diz ela. Isso porque, segundo a especialista, o colágeno é uma proteína complexa, que perde suas características originais quando ingerida na forma de goma, cápsulas ou pó. “A qualidade da pele, cabelos e unhas está diretamente relacionada à alimentação”, diz.

 

A opinião é compartilhada pelo dermatologista Rodrigo Maia. Ele acrescenta ainda à lista o uso de protetor solar. “Essa é a melhor fórmula para retardar os sinais do tempo”, diz. O médico lembra que o sol é um dos vilões do envelhecimento. “Além de produzir radicais livres, quebra o colágeno existente no organismo, o que acelera o surgimento de rugas e flacidez.” Segundo o dermatologista, para que tenha efeito positivo no organismo, o colágeno deve ser ingerido em sua forma hidrolisada (forma que facilita a absorção), pelo menos 10 gramas por dia. “Ainda assim, não há estudos científicos que atestem os efeitos”, diz. Portanto, para ter uma pele saudável, cabelos bonitos e unhas fortes, o ideal mesmo é seguir a velha fórmula da alimentação balanceada, prática de exercícios físicos, boa qualidade do sono e protetor solar. Sem mistérios.

 

Para retardar o envelhecimento

 

Alimentos que ajudam a manter pele, cabelo e unhas saudáveis

 

Proteínas de alto valor biológico:
carnes magras, ovos e suplementos proteicos. Alimentos antioxidantes: cenoura e frutas vermelhas como morango, romã e framboesa

 

Selênio:
castanha-do-pará, trigo integral e frutos do mar

 

Biotina:
gema de ovo, fígado, nozes e arroz integral

 

Vitamina C:
frutas cítricas como laranja, limão e kiwi

 

Cálcio:
leite desnatado, iogurtes e queijos magros

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