Oração, devoção e reflexão. Sentimentos que traduzem uma das épocas mais significativas do ano: a Semana Santa. A fé que move montanhas também reúne multidões para celebrar a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Dos dias 24 a 31 de março, do Domingo de Ramos ao Domingo de Páscoa, os fiéis vão reviver os momentos únicos da passagem de Jesus pela Terra, entre eles o doloroso trajeto percorrido por ele até o calvário. Missas, vigílias, encenações e ritos emblemáticos marcam, em cada cidade, as homenagens a uma das principais datas cristãs. Já a capital mineira celebra a Santa Missa da Unidade no dia 28, no Mineirinho. Presidida pelo arcebispo metropolitano Dom Walmor de Oliveira, a celebração eucarística promove a Bênção dos Santos Óleos, usados no batismo, crisma e unção dos enfermos. Nas cidades históricas, as celebrações ganham um atrativo a mais: a magia da arte barroca.
Congonhas
Em Congonhas, a encenação da Paixão de Cristo (foto acima) é o ponto alto das comemorações da Semana Santa. Por conta da beleza e harmonia do seu conjunto arquitetônico, a basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos é o local escolhido para a montagem do palco do Calvário, onde cada detalhe é pensado. As estruturas do templo, do Palácio de Pilatos e de Herodes e do Horto das Oliveiras são erguidas na alameda das Palmeiras. Na escadaria da matriz de Nossa Senhora da Conceição, são fixados os palcos da Santa Ceia, da casa de Lázaro e o espaço para abrigar as imagens de Roca, do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores. As procissões acontecem nas enfeitadas ruas do centro histórico.
Ouro Preto
Cultivando os ritos praticados por seus ancestrais, os moradores de Ouro Preto decoram a cidade com tapetes coloridos, enfeitados com serragem e decorados com flores por onde multidões passam, acompanhando as procissões. Colchas de renda e jarros de flores ornamentam janelas e, nas calçadas, uma areia branca coberta por folhas de laranjeira completa a decoração. As toalhas de mesa são expostas no domingo de Páscoa, mantendo uma tradição centenária. Entre as celebrações, a Procissão da Ressurreição é um dos destaques, ocasião em que os fiéis se alegram ao som de sinos, bandas de música e foguetes.
São João del-Rei
A terra dos sinos é famosa por sua beleza barroca e pelos acordes de suas orquestras que emocionam os fiéis na Semana Santa. Pelas ruas enfeitadas, fé e esperança são repercutidas em uma só voz nas procissões. Cultivando suas raízes, o latim é revivido nas celebrações na Catedral do Pilar. Um dos momentos mais emocionantes é o Descendimento da Cruz, que acontece na Sexta-feira Santa, na escadaria da igreja de Nossa Senhora das Mercês. Na praça Francisco Neves, a cerimônia de Lava-Pés é um convite à reflexão sobre humildade.
Serro
É com muita originalidade que a terra de um dos melhores queijos mineiros celebra anualmente a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Já na sexta-feira anterior à Semana Santa, a Procissão de Nossa Senhora das Dores prepara os fiéis para o período solene.Sempre ativa, a população decora com riqueza de detalhes as ruas por onde passa a Procissão da Ressurreição. As encenações realizadas pelo grupo de teatro Marte nas praças e igrejas da cidade dão vida à trajetória de Cristo. Nas janelas e sacadas, vasos de flores e toalhas conferem beleza ao cenário barroco.
Sabará
Em meio a casarões centenários, a religiosidade do povo sabarense pode ser flagrada em monumentos como a igreja Nossa Senhora do Rosário, construída com pedras por escravos. Na igreja de São Francisco, a Abertura do Santo Sepulcro é única em todo o país. A cerimônia acontece às vésperas da Sexta-Feira da Paixão, ocasião em que devotos munidos de ramos de manjericão visitam o corpo do Senhor morto. Durante a Semana Santa, os sinos permanecem em silêncio. Na madrugada da Sexta-Feira da Paixão, inúmeros fiéis seguem a via sacra até o ponto mais alto da cidade, levando a imagem de Nossa Senhora das Dores ao som da matraca, dos cânticos e das orações. As apresentações da Sociedade Musical Santa Cecília e a encenação da Paixão de Cristo também são um marco tradicional.
Diamantina
Pelas ladeiras da cidade, os ritos tradicionais da Semana Santa são cultivados com quadros vivos em que moradores encenam toda a trajetória de Cristo. Adornada por armaduras, capacetes e capas, a Guarda Romana, composta por mais de 150 homens, é um espetáculo à parte, fazendo a escolta dos caminhantes da via sacra. A confecção dos tapetes de serragem, cuidadosamente decorados, tem início a partir da meia-noite do Sábado de Aleluia até a manhã do domingo de Páscoa, dia em que é realizada a Procissão da Ressurreição.
Caeté
Situado no alto da serra da Piedade, a 1.746 metros de altitude, o santuário de Nossa Senhora da Piedade atrai inúmeros romeiros que participam de missas, procissões e se entregam à fé em sua mais bela forma: integrada à natureza. Contemplando os passos de Jesus, a via sacra sobe o morro da serra até a igreja Nova das Romarias. Devotos relembram a Entrada de Jesus em Jerusalém, com cortejo encenado por figurantes da comunidade.