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Estado de Minas DEPOIMENTO

Quem ensina a quem


postado em 10/05/2013 15:52 / atualizado em 13/05/2013 10:19

Eu sempre soube que queria ser mãe, mas levou algum tempo, após o casamento, para que eu achasse que era o momento. Casei-me com 24 anos. Eu e Márcio queríamos aproveitar o relacionamento: fizemos um mochilão pelo mundo, conhecemos outras culturas, nos acostumamos à nova vida. Oito anos depois, achamos que estava na hora. Após uma gravidez tranquila, Pedro chegou de supetão em junho, em um inverno rigoroso em Nova Lima, onde morávamos. O parto normal foi lindo: até música clássica o médico colocou para recebê-lo! Saímos da maternidade superfelizes: ele havia passado por todos os testes sem qualquer alteração dos resultados esperados.

Aos 4 meses, no entanto, durante uma consulta de rotina, a pediatra percebeu sinais diferentes. Corremos direto para o hospital, e ele foi imediatamente internado. Um tumor benigno no cérebro havia provocado acúmulo de líquidos e, por isso, ele fora diagnosticado com hidrocefalia. Hidrocefalia? A primeira reação foi de desespero… As outras são indescritíveis e inumeráveis. Mas uma certeza andava comigo: Pedro era maior do que tudo aquilo. Por isso, tentava manter o controle. Sabia que era preciso usar a razão, e não a emoção, para dar o suporte afetivo que o meu filho precisaria. Mesmo nos momentos mais dramáticos, tentava buscar certa lógica. Entre 4 meses e 1 ano, ele foi submetido a oito cirurgias. Durante as internações, sentada naquela desconfortável cadeira de hospital, escrevi cadernos e cadernos para ele. Eram tantas coisas a serem relatadas! E eu contava histórias, canções de ninar, conversava sobre tudo com o Pedro, em voz alta, mesmo quando ele estava sedado.

Pedro se recuperou e, com a ajuda de profissionais, evolui a cada dia. Hoje é um menino esperto para a sua idade – 7 anos –, mas ainda aprende a lidar com as suas limitações físicas, especialmente no que diz respeito à coordenação motora. Fazer a lição de casa, por exemplo, pode demorar horas para nós, já que ele tem dificuldade para colorir dentro do contorno e manter a letra nas linhas do caderno. Pedro me ensina tanto! Mudei minhas referências. Hoje me preocupo com o que realmente importa. Aprendi que as pessoas são diferentes.

Costumam me perguntar sobre felicidade: posso dizer, sem medo de errar, que a felicidade depende do olhar de cada um para o mundo. E o olhar do Pedro me ensina, a cada dia, que é simples ser feliz.

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