Das 9 mil toneladas de aço às 717 toneladas de concreto, os números da obra de modernização do Mineirão com vistas à Copa das Confederações e Copa do Mundo impressionam. Do antigo estádio Governador Magalhães Pinto, inaugurado em setembro de 1965, apenas a fachada, tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte – composto por 88 pórticos estruturais –, permaneceu intacta. Do subsolo ao restaurante panorâmico, da esplanada às dimensões do gramado, devidamente adequados ao padrão Fifa, tudo mudou.
O rebaixamento do campo em 3,4 metros melhorou consideravelmente a visibilidade nos setores inferiores (os de ingressos mais caros, onde ficam as cadeiras especiais, cadeiras VIP e camarotes). A antiga geral foi extinta, uma vez que todos os 62.120 lugares agora têm assento numerado. A cor vermelha das cadeiras deu lugar ao branco e cinza, conferindo aspecto ainda mais renovado à arena. O custo total da obra foi de R$ 666,3 milhões.
O projeto básico foi desenvolvido pelo escritório Gustavo Penna Arquiteto & Associados, com a empresa alemã GMP, e o projeto executivo ficou sob responsabilidade da BCMF Arquitetos, dos sócios Bruno Campos, Marcelo Fontes e Sílvio Todeschi. A modernização do Mineirão incluiu construção de vestiários, instalação para a imprensa, sinalização com cores vibrantes, novas arquibancadas, estacionamentos e esplanada de 80 mil metros quadrados. No momento de pico, 25 arquitetos trabalharam no projeto, com mais de 5 mil desenhos produzidos para atender às diversas demandas da Fifa e aos imprevistos surgidos durante a obra.
Foram construídos novos anéis inferiores, camarotes e área VIP, além da instalação da cobertura adicional ao campo, uma membrana transparente que abrange todos os assentos. O gramado ganhou novos acessos, inclusive para caminhões – para diminuir o tempo de montagem de palcos para shows. Atendendo aos padrões dos grandes eventos esportivos internacionais, a arena tem acesso separado para público e prestadores de serviços (centenas de técnicos, operadores, carros, delegações e imprensa), de modo que eles não se cruzem.
Além de futebol, o novo Mineirão promete ser um catalisador de eventos. O estádio foi adequado ao conceito de arena multiuso, que começou a ser desenvolvido na Europa e Estados Unidos no fim da década de 1990. Agora, o estádio está preparado para receber também shows e eventos de grande porte, como a passagem dos britânicos Elton John e Paul McCartney nos últimos meses.
Ter clubes fortes, como Cruzeiro, Atlético e América, no entanto, faz toda a diferença. “Apesar de ser utilizado para entretenimento e negócios, a âncora das arenas multiuso é o futebol. Cidades com um público cativo para o esporte, com times fortes, como Belo Horizonte, levam vantagem sobre outros centros sem tradição”, explica o administrador Fernando Trevisan, coordenador da Trevisan Escola de Negócios, especializada em gestão esportiva. No entanto, esse não é único fator de sucesso. “Estamos tratando de um conceito novo no país, que vai depender bastante da capacidade dos gestores. O sucesso será medido não só pela estrutura moderna, mas pela qualidade do serviço oferecido ao público. As primeiras arenas inauguradas registraram problemas, o que mostra que não dá para gerir estádio à moda antiga”, afirma Trevisan.
Raio-x
Dinheiro gasto com a obra e o que mudou
- R$ 11, 8 milhões do governo estadual
- R$ 654, 5 milhões da Minas Arena
- R$ 400 milhões via financiamento federal do BNDES
Capacidade
- 62.160 assentos
- 79 banheiros
- 58 bares e lanchonetes
- 47 lojas
- 98 camarotes
Acessos
- 106 catracas
- 2 rampas
- 2.925 vagas no estacionamento, das quais 1.884 cobertas
Recursos tecnológicos
- 364 câmeras de segurança
- 8 elevadores
- 2 telões de 98 metros quadrados sobre os gols