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Estado de Minas VEíCULOS | TECNOLOGIA

Ele anda sozinho

Acredite: o próximo item a se tornar supérfluo em um automóvel será o motorista. Nissan desenvolve tecnologia que conduz o veículo de forma autônoma e garante que solução estará no mercado até 2020


postado em 09/10/2013 14:47

Test drive da nova tecnologia da Nissan: pesquisas vêm sendo realizadas pela montadora em conjunto com instituições como MIT e Universidade de Tóquio(foto: Nissan/Divulgação)
Test drive da nova tecnologia da Nissan: pesquisas vêm sendo realizadas pela montadora em conjunto com instituições como MIT e Universidade de Tóquio (foto: Nissan/Divulgação)
 
 
Quando parece que não há mais o que inventar, a engenharia automotiva mostra que a evolução é eterna. A mais recente novidade torna o motorista um acessório dispensável, supérfluo. A japonesa Nissan anunciou que até 2020 estará pronta para colocar no mercado veículos de dirigibilidade autônoma, ou seja, capazes de transitar pelas cidades e estradas sem a necessidade do comando de um ser humano. O trabalho de pesquisa e desenvolvimento dessa tecnologia vem sendo conduzido há alguns anos pela engenharia da Nissan em conjunto com as mais conceituadas universidades do mundo. Participam do projeto, entre outros, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), Stanford, Carnegie Mellon e a Universidade de Tóquio.

Já está em fase avançada de execução a construção de um complexo campo de provas, que deverá estar pronto em 2014. O local terá verdadeiros cenários urbanos – com prédios reais –, por onde os veículos-conceito serão testados em todas as situações e limites de vias públicas, de forma a garantir que a tecnologia é segura.
 
A Nissan afirma que a tecnologia da dirigibilidade autônoma chegará aos consumidores a "preços realistas". A meta é tornar o sistema comercialmente viável em seus carros daqui a duas gerações de veículos, ou cerca de seis a sete anos. "O desejo de a Nissan questionar as ideias convencionais e a evolução do ato de dirigir é o que nos separa", diz Carlos Ghosn, CEO do grupo Renault/Nissan. "Em 2007, previ que em 2010 a Nissan teria um veículo com emissão zero. Hoje, o Nissan Leaf é o mais vendido veículo elétrico da história. Agora, comprometo-me a lançar uma nova e revolucionária tecnologia, a direção autônoma, até 2020", afirma Ghosn. A Nissan demonstrou o alcance e capacidade da tecnologia de direção autônoma há poucas semanas no encontro Nissan 360, organizado no Sul da Califórnia (EUA), quando reuniu especialistas e acionistas para um test drive de demonstração da nova solução.
 
Interior do veículo (com o vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da montadora, Mitsuhiko Yamashita): proposta é reduzir acidentes e permitir que o motorista possa realizar outras atividades durante o trajeto, como acessar o computador(foto: Nissan/Divulgação)
Interior do veículo (com o vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da montadora, Mitsuhiko Yamashita): proposta é reduzir acidentes e permitir que o motorista possa realizar outras atividades durante o trajeto, como acessar o computador (foto: Nissan/Divulgação)
 
 
A tecnologia de direção autônoma da Nissan é uma extensão de seu escudo de segurança (safety shield), que monitora uma visão de 360 graus em torno do veículo, procurando situações de risco, emitindo alertas e alarmes para o condutor e entrando em ação caso necessário. Ele se baseia na filosofia de que tudo o que é necessário deve estar instalado dentro do veículo, em vez de depender de dados e fatores externos. A tecnologia, também demonstrada no Nissan 360, mostra que o carro pode circular de forma autônoma em uma rodovia – mantendo-se dentro da faixa ou trocando para a do lado de forma a evitar colisões, sem a necessidade de mapas. Ela pode ser também integrada a um sistema de navegação de modo que o veículo saiba onde virar para chegar a seu destino.

Um conceito revolucionário como a direção autônoma terá implicações em todas as áreas de design e construção de carros. Os mecanismos para evitar colisões, por exemplo, com capacidade de reação mais rápida e com movimentos mais complexos do que o de um motorista humano, exigem novas soluções de chassi e controle de tração. A Nissan está revirando 80 anos de pesquisa e desenvolvimento para criar uma solução completa para a direção autônoma.
 
Seis milhões de batidas e acidentes com veículos por ano nos Estados Unidos representam custos anuais de US$ 160 bilhões e é a principal causa de mortes de pessoas com idade entre 4 e 34 anos. Outro dado chocante é que 93% dos acidentes com veículos que acontecem nos Estados Unidos decorrem de falha humana, quase sempre por falta de atenção. Com a direção autônoma, a Nissan promete apresentar a tecnologia capaz de detectar, responder e evitar as situações causadoras dessa tragédia.
 
Veículo apresentado na Califórnia: empresa garante que praticará
Veículo apresentado na Califórnia: empresa garante que praticará "preços realistas" junto aos consumidores (foto: Nissan/Divulgação)
 

Outro benefício da direção autônoma apontado pela Nissan é o fato de que o sistema libera o motorista para outras atividades, como leituras, acessar laptops e ler e responder e-mails. Dados levantados pelo fabricante apontam que, em média, os motoristas dos EUA passam 48 minutos por dia ao volante de seu carro. Isso representa centenas de horas ao ano que poderiam ser utilizadas de forma mais produtiva. Pena que no Brasil, com a ineficiência dos órgãos públicos reguladores de trânsito, essas estatísticas não existam. Mas não é preciso fórmulas matemáticas para concluir que, nos centros urbanos brasileiros (principalmente São Paulo), essa média deve ser bem mais elevada.

Finalmente, outros segmentos da sociedade que serão beneficiados pela direção autônoma são os idosos e os deficientes físicos, que, a partir da viabilidade comercial do sistema, passarão a ter total independência e mobilidade.

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