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Estado de Minas NAS TELAS | JOSé JOãO RIBEIRO

De volta ao páreo


postado em 12/12/2013 16:02

Tom Hanks é símbolo no cinema americano. Seu status hoje coincide com o perfeito chefe de família, reservado no passado ao imortal James Stewart, quando da era de ouro hollywoodiana. Somente se encontra essa justa comparação para ambos. Vencedor de dois Oscars, o consagrado Hanks participou de uma recente produção, toda ela lapidada, para apanhar uma merecida terceira estatueta. O frenético Capitão Phillips (Captain Phillips) é produto genuíno da marca de um "cinema realidade", quase o esforço de copiar uma extensa reportagem. Esse estilo ganhou força no comando do diretor britânico Paul Greengrass, idealizador do semelhante Voo United 93, e, ainda, de duas tramas do agente cerebral Jason Bourne. E para fechar o bom ano, Tom Hanks encara o desafio de interpretar o pai do império Disney, em outro longa-metragem muito aguardado.

Em Capitão Phillips, os traços do real e da violência crua correm soltos. Tudo para proporcionar o melhor caminho de se contar o sequestro acontecido em 2009, em um navio cargueiro, por piratas da Somália. No desenrolar dos atos, o capitão Richard Phillips, papel defendido por um iluminado Tom Hanks, torna-se refém dos algozes somalis. O espetáculo ficcional gruda a cada minuto no ideal de realidade. É difícil assumir a projeção como um mero filme de ação. A violência e o sangue esbanjado, mostrados por uma câmera nervosa, prendem a mais descompromissada plateia, que se impressiona pela lógica de raras entregas.

A trama, permeada de reviravoltas, é toda manejada na dependência de seu protagonista. O esforço de Tom Hanks é crucial para dar credibilidade a todos os perigos absurdos, atravessados pelo capitão. Na outra ponta, um elenco inexperiente, na tropa dos piratas, merece entusiasmada menção, principalmente pela figura do líder, vivido pelo já ator africano Barkhad Abdi. Não será obra do acaso sua indicação na categoria de melhor ator coadjuvante.

Na presente campanha pela terceira estatueta de melhor ator, a ser concedida pela Academia, os minutos finais de Capitão Phillips explicam o prematuro favoritismo de Tom Hanks. É angustiante acompanhar o trabalho desse astro, em absoluto controle de toda sua explosão e dor necessárias ao personagem. Uma simpática e obrigatória presença nessas últimas décadas, que sempre rejeitou qualquer zona de conforto e a armadilha de se transformar em caricatura de antigos papéis, caso lamentável no rastro da carreira de vários de seus colegas.

Para coroar 2013, Tom Hanks ainda interpreta o mítico Walt Disney, neste finalzinho de ano, em Walt nos bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks).
 
O título em português tornou-se autoexplicativo: trata-se do período de adaptação da obra infantojuvenil para as telonas. Ou melhor, a dramatização da chegada de uma desconfiada autora P.L. Travers, vivida por Emma Thompson, na Califórnia, para supervisionar os trabalhos comandados por Mr. Disney (Tom Hanks). Um filme muito esperado, que colhe as simpatias da crítica, bancado pelo próprio conglomerado, que aceitou a representação do pai do Mickey Mouse do jeito mais gaiato e fanfarrão possível. Quando se pode contar com Tom Hanks para um personagem tão importante, fica fácil correr riscos.

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