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Estado de Minas POLíTICA | ELEIçõES

O ano promete

Disputa pela Presidência e por governos estaduais em 2014 já está movimentando o país. Para especialistas, o fato de MG ter um candidato ao Planalto pode mexer com o voto dos mineiros


postado em 07/01/2014 15:05

Visão panorâmica de Brasília, com o Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios: eleições prometem agitar políticos e eleitorado de todos os estados(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
Visão panorâmica de Brasília, com o Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios: eleições prometem agitar políticos e eleitorado de todos os estados (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
 
 
Prepare-se: parece que foi ontem, mas já é hora de voltar às urnas. O país terá um ano político agitado em 2014, com eleições para presidente da República, governador, senador, deputados federais e estaduais. A novidade, para o eleitor de Minas Gerais, é que desta vez haverá um mineiro concorrendo ao Palácio do Planalto, numa disputa direta contra a presidente Dilma Rousseff (PT) – também mineira, mas com raízes e história solidamente fincadas no Rio Grande do Sul. O candidato mineiro é o senador Aécio Neves (PSDB), neto do ex-presidente Tancredo Neves. Ter um candidato de Minas no páreo muda alguma coisa na hora de o mineiro votar? Tudo indica que sim.

É o que acredita, por exemplo, o professor de ciências políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Ranulfo Félix de Melo. Para ele, a eleição terá foco especial dos mineiros por causa da participação de Aécio. "O fato de Aécio ser candidato significa que a campanha da Dilma em Minas vai ser muito mais difícil. Entre os mineiros, ele é muito forte, e Dilma não tem histórico de votação forte aqui", afirma. Para o cientista, Dilma não está tão identificada com o fato de ser mineira. "O que vai contar é o fato de ela ser presidente e a avaliação que os eleitores fazem do governo dela. Ninguém vota na Dilma por ser mineira. Já no Aécio, isso pode ocorrer", diz Ranulfo. Vale lembrar que a última vez que Minas ocupou a Presidência da República foi no início dos anos 1990, quando Itamar Franco chegou ao cargo após o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Foi uma gestão curta, de apenas dois anos, mas suficiente para o lançamento do Plano Real, em 1994, que domou a inflação.

Além de Dilma (que buscará a reeleição com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e Aécio, os outros pré-candidatos são o governador de Pernambuco (PSB), Eduardo Campos, e a ex-ministra Marina Silva – que surpreendeu o mundo político há três meses ao anunciar sua filiação ao PSB do próprio Campos. Caberá ao partido  (presidido por Campos) definir qual dos dois será o candidato presidencial. Marina tem a seu favor os 20 milhões de votos obtidos na última disputa presidencial. Para a oposição (Aécio, Marina e Campos), o importante é levar a eleição para o segundo turno.

Aécio, aparentemente, já superou as disputas internas dentro de seu partido, que tem no ex-ministro e ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB-SP) um eterno candidato à Presidência. O senador mineiro foi aclamado como candidato no dia 18 de novembro, em Poços de Caldas, no Sul de Minas. Em um encontro que reuniu oito governadores tucanos e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os principais líderes do partido confirmaram que  "é a vez de Aécio". FHC e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deixaram bem claro que caberá ao mineiro percorrer o país para tentar retomar o Palácio do Planalto. São Paulo e Minas Gerais são os dois maiores colégios eleitorais do país.

Já a eleição para o governo de Minas deve reproduzir, no estado, a briga nacional entre PT e PSDB. Os principais candidatos à sucessão do governador Antonio Anastasia (que deve ser candidato ao Senado) são o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), e o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB). Para Carlos Ranulfo, o fato de até agora o PSDB não ter batido o martelo sobre o nome que concorrerá está dando mais espaço para o candidato confirmado do PT, Fernando Pimentel. "O PSDB certamente terá um candidato competitivo, mas está demorando muito para definir. Isso pode tornar a eleição mais equilibrada do que foi em 2010", afirma. Naquele ano, o governador Antonio Anastasia foi reeleito em primeiro turno, derrotando o ex-ministro Hélio Costa (PMDB).  

Apesar de não haver escolha oficial, o PSDB caminha para confirmar Pimenta da Veiga como candidato ao governo. Ele já vem se apresentando em eventos ao lado de Aécio Neves e recebendo apoio de vários prefeitos. A costura da chapa ficou mais clara em outubro, quando o presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro, que era do PSDB, transferiu-se para o PP para ser candidato a vice na chapa governista. 

"Não sei se teremos condição de definir o nome ainda este ano, mas o importante é que o partido caminha unido. A responsabilidade do partido é enorme, e uma decisão bem arrumada é importantíssima para a vitória", afirma o secretário-geral do PSDB, Carlos Mosconi – para quem o sentimento do partido caminha mesmo pela unidade em torno de Pimenta.

Já no PT, a única dúvida é se o partido terá a adesão do PMDB para engrossar a candidatura de Fernando Pimentel ao governo já no primeiro turno. Diferentemente de eleições anteriores, todos os grupos do partido trabalham pela candidatura do ministro. "Vamos trabalhar pela candidatura própria e o nome que queremos é o de Pimentel. Queremos fazer a maior aliança possível, mas entendemos o posicionamento do PMDB, que já é nosso aliado estratégico", diz o presidente do PT mineiro, deputado federal Odair Cunha. Caso os peemedebistas concorram separadamente, segundo Cunha, o PT vai manter pontes para o segundo turno. 

Segundo o presidente do PMDB no estado, deputado federal Saraiva Felipe, o sentimento das bases do partido é pela candidatura própria. Ele tem viajado para o interior do estado em encontros partidários com a participação do senador Clésio Andrade, que postula a indicação. A filiação do filho do ex-vice-presidente José Alencar, o empresário Josué Gomes da Silva, ao PMDB também foi vista como um fator que reforça a possibilidade de os peemedebistas crescerem no pleito. Ele seria considerado um plano B nas articulações do ex-presidente Lula, que teria patrocinado sua filiação, para o caso de ser mais interessante investir em dois palanques de oposição em Minas Gerais.

A incógnita é o prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB). Apesar de ele já ter afirmado que não deseja ser candidato ao governo, o PSB quer convencê-lo a entrar no páreo, para ter um palanque forte para Eduardo Campos e Marina Silva no segundo colégio eleitoral do país. O ano promete.

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