A fisioterapeuta Cláudia Júlia Marçal Batista, de 30 anos, pode se considerar uma mulher de sorte. Ela conseguiu marcar a cerimônia de casamento exatamente para o dia que queria, 22 de outubro de 2016, na igreja de Lourdes. Mas detalhe: como sabia que a igreja é uma das mais disputadas de BH, não perdeu tempo. Garantiu a data com dois anos de antecedência. "Na fila, no dia que fui marcar, ninguém mais conseguiu a data desejada", conta. "Casar na igreja de Lourdes sempre foi um sonho".
"O padre Welington Cardoso Brandão, pároco da igreja, já está acostumado a lidar com a ansiedade dos noivos. Segundo ele, tem muita gente que procura a igreja pelo tamanho. "Mas a maioria é pela tradição da família e outras pela beleza", diz.
Em outras paróquias mais conhecidas da capital, a corrida não é diferente e, em grande parte delas, só há vagas para 2017, caso os noivos não queiram celebrar a união durante a semana. A grande demanda, principalmente pela sexta e pelo sábado, e a limitação de horários levam as pessoas a dormirem nas filas no dia da abertura das agendas das paróquias. E os pretendentes devem ficar atentos ainda para a abertura das agendas, que depende de cada igreja. Na de Lourdes, a agenda de 2017 já está disputada. Na igreja do Belvedere, a previsão é de que as marcações para daqui a dois anos só sejam abertas em 2016.
Por sua vez, na Santo Inácio de Loyola, as vagas para casamentos no sábado também se esgotaram. A nova agenda será aberta na segunda quinzena de agosto. "Muita gente quer dar continuidade a sua história aqui", afirma o padre da paróquia, Fernando Lopes Gomes, conhecido por celebrar a união de forma mais personalizada e interativa, o que agrada muito aos familiares e torna a igreja ainda mais disputada. Para casar na Santo Inácio, o casal de advogados Carla Cruz Guimarães de Almeida e Arnaldo Costa Carvalho abriu mão da celebração no sábado. Mesmo com o agendamento com um ano e meio de antecedência, conseguiram vaga só na sexta-feira. "Mas fizemos questão, porque o padre Fernando nos cativou. A missa é espontânea e moderna", afirma Carla. "Ele mandou um questionário com várias perguntas sobre o relacionamento e respondemos. A celebração foi mais personalizada."
A Arquidiocese de Belo Horizonte tranquiliza os noivos e diz que ninguém vai deixar de se unir pelos laços do matrimônio por falta de igreja. São 270 paróquias na capital mineira e outros 27 municípios que formam a arquidiocese da capital, que realizou 5,5 mil matrimônios em 2014. "O problema é a preferência pelas igrejas mais centrais, que não conseguem atender toda a demanda", diz o padre Aureo Nogueira, vigário para a ação pastoral da arquidiocese. "Mas, se houver maior flexibilidade de lugar, é mais fácil encontrar data."
Uma boa notícia é que um dos cartões-postais de Belo Horizonte, a igrejinha da Pampulha, voltou a abrir as portas em setembro de 2014, depois de ficar nove anos sem celebrações. "Havia receio de que o patrimônio fosse dilapidado. Mas, com zelo, cuidado e atenção, consideramos que podemos usá-la nas celebrações", diz o capelão da igrejinha, o padre Ademir Ragazzi. Segundo ele, ainda que muitos noivos desconheçam a reabertura da igreja para celebração de casamentos, a agenda de 2016 para os fins de semana já está completa.
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CIDADE | CASAMENTO
Igrejas disputadas
Noivos precisam garantir vaga com pelo menos dois anos de antecedência nas paróquias mais tradicionais da cidade
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