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Estado de Minas PET | COMPORTAMENTO

Eles não são de pelúcia

É preciso pensar duas vezes antes de presentear uma criança com cães, gatos ou outros pets. Afinal, animais exigem cuidados e mudam rotinas


postado em 14/12/2015 09:29 / atualizado em 14/12/2015 09:29

A empresária Luciana do Carmo com a filha Maria Victoria e os cães Kulu, sem raça definida, e Baruc, Lulu da Pomerânia:
A empresária Luciana do Carmo com a filha Maria Victoria e os cães Kulu, sem raça definida, e Baruc, Lulu da Pomerânia: "Aqui em casa é uma grande festa, vivemos em harmonia" (foto: Samuel Gê/Encontro)
Um sofá arranhado, um xixi fora do lugar, um choramingo durante a noite. Atitudes normais para quem está acostumado a conviver com animais de estimação, mas que podem se tornar desculpa fácil para descartá-los. Por isso, é tão importante ponderar sobre os prós e contras de atender à vontade das crianças quando pedem um animal de presente. Apesar de serem fofinhos e engraçadinhos, eles não são brinquedo e exigem cuidados. "Muitas vezes os pais compram ou adotam um animal por impulso e acabam se arrependendo depois. Por isso há vários casos de devolução e até mesmo abandono", diz o veterinário Gilson Dias, da ONG Bichos Gerais.

Antes de tomar qualquer decisão, é preciso considerar as necessidades próprias de cada espécie, lembrando que, ao adquirir um animal, ganha-se um novo membro na família, com o qual se conviverá por longos anos. A empresária Luciana Gomes do Carmo pesquisou muito antes de dar à filha Maria Victoria, de 5 anos, o cãozinho Baruc, de 3 meses, da raça Lulu da Pomerânia, também conhecido como spitz alemão. "Avaliei quais as consequências de ter mais um morador em casa. Pesquisei raça, temperamento e porte que mais se adequaria ao nosso perfil", diz. Acostumada a conviver com cães, Luciana também tem três vira-latas de porte médio, todos adotados. "Aqui em casa é uma grande festa, vivemos em harmonia", diz.

Na casa da professora Mariana Carvalho, os filhos João Vitor e Maria Eduarda aprenderam desde cedo a cuidar das chinchilas e calopsitas:
Na casa da professora Mariana Carvalho, os filhos João Vitor e Maria Eduarda aprenderam desde cedo a cuidar das chinchilas e calopsitas: "Compartilhamos alegrias e obrigações que ter um animal de estimação acarreta", diz (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Para a psicóloga Paula Paim, as implicações do convívio entre crianças e pets dependerão de como os adultos - pais e cuidadores - os orientam. "Cumprindo regras que visem ao bem-estar do animal, elas abrirão mão, por exemplo, de dar um alimento não recomendado a um cachorro, mesmo que o desejo de o fazer seja grande", diz. Segundo ela, é fundamental ter a consciência de que se trata de vidas, e não objetos. "Infelizmente, seja por omissão seja por desinformação, muitos ignoram completamente que os bichos têm emoções, precisam de atenção, alimentação apropriada e cuidados veterinários, e acabam os negligenciando."

Não é de hoje que cientistas concluíram que  os animais, em geral, não só os pets, são seres sencientes, ou seja, capazes de sentir dor, medo, prazer, etc. Em maio deste ano, na Nova Zelândia, foi aprovada lei que reconhece que eles sentem emoções como alegria, tristeza, angústia e ansiedade de separação. Não por acaso, os cães, por exemplo, sempre corresponderam ao afeto dos seres humanos, conquistando o título de melhores amigos do homem, e estudos mostram que animais como chimpanzés e elefantes fazem luto por seus mortos.

Em se tratando de crianças, o convívio consciente e responsável com os animais traz muitos benefícios. "Além de reduzir a ansiedade, estimula o seu desenvolvimento psicológico, emocional e social. Crianças individualistas ou retraídas aprendem a interagir e compartilhar", diz o psicólogo Leonardo Curi, especializado no treinamento de animais para realizar terapias assistidas.

O pequeno Murilo surpreendeu a mãe, a empresária Joyce Belo, ao decidir comprar a pastora-alemã Aurora com o dinheiro que ganhou de aniversário:
O pequeno Murilo surpreendeu a mãe, a empresária Joyce Belo, ao decidir comprar a pastora-alemã Aurora com o dinheiro que ganhou de aniversário: "Não imaginávamos o quanto isso era importante para ele", diz Joyce (foto: Leo Araújo/Encontro)
Há dois meses, a empresária Joyce Athayde Leite Belo, de 35 anos, surpreendeu-se com a atitude do filho Murilo, de 6 anos. O menino andava triste após a perda do cãozinho da família, que morreu aos 13 anos. "Murilo me perguntou se ele tinha ido para o céu. Sentiu muito a sua falta e nos pediu para ter outro bichinho", diz. Desde então, iniciaram a busca por um novo amigo para o filho. A surpresa para os pais veio poucos dias depois do aniversário do menino, quando ele levou o cofrinho com todo o dinheiro que  ganhou de presente para ajudar na compra de outro cão. "Ficamos muito emocionados, não imaginávamos o quanto aquilo era importante para ele", conta Joyce. Hoje Murilo se diverte com Aurora, pastora-alemã de 50 dias. "Parece que foram feitos um para o outro. Tornaram-se grandes companheiros", diz a mãe.

Na casa da professora Mariana Nunes de Carvalho, de 33 anos, o que não falta são bichos de estimação, mas nada de cães e gatos. Por lá as chinchilas Neném, Sthich e Banana dividem espaço com o casal de calopsitas Johnny e Mel, e todos mantêm a política da boa vizinhança. "Convivem tão bem que as aves gostam de pousar em cima da gaiola das chinchilas e roubar a ração", conta. Os filhos João Vitor, de 10 anos, e Maria Eduarda, de 12 anos, dividem as responsabilidades. Aprenderam a hora certa de dar alimento, verificam sempre a água e limpam toda a sujeira. "Compartilhamos as alegrias e as obrigações que ter um animal de estimação acarreta", diz a mãe.

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