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Estado de Minas CIDADE | TRANSPORTE

Uma mão na roda

A bicicleta elétrica se tornou opção para quem quer encarar as ruas íngremes de BH sobre as magrelas


postado em 14/03/2016 16:32 / atualizado em 14/03/2016 17:38

A advogada Mariana Cardoso Magalhães adotou a magrela motorizada até para ir ao trabalho:
A advogada Mariana Cardoso Magalhães adotou a magrela motorizada até para ir ao trabalho: "Sempre me perguntam se vale a pena. Falo que é o melhor meio de transporte que existe" (foto: Cláudio Cunha/Encontro)
Há oito meses, a advogada Mariana Cardoso Magalhães, de 24 anos, mudou sua rotina:  pela manhã, depois de se vestir para o trabalho, ela segue até a garagem do prédio e pega a sua bike elétrica. Sim, esse passou a ser seu novo meio de transporte. A opção pelo motor movido a bateria, que dá mais impulso e força aos pedais da magrela, agradou em cheio à moça, que antes enfrentava o trecho engarrafado de três quilômetros entre sua casa, no bairro Santo Antônio, e o escritório, no São Bento, a bordo de um táxi ou carona. "Estou amando e gasto menos tempo no trajeto, pois escolho caminhos alternativos", diz. "Como o impulso elétrico necessita de pedaladas, resolvo ainda o problema do sedentarismo."

Mariana pagou 4 mil reais pelo novo xodó, um investimento que, pelos seus cálculos, será coberto em menos de um ano, isso já levando em conta o acréscimo que teve na conta de energia, estimado em 10 reais ao mês, para recarregar quase diariamente a bateria removível, um ato tão prático como plugar um celular na tomada. "Foi uma descoberta que mudou minha vida, mas, devido ao preço mais alto da bike, ainda não consegui influenciar ninguém a aderir. Ainda assim, sempre me perguntam na rua como funciona e se vale a pena, falo que é o melhor meio de transporte que existe", diz ela.

"As bikes elétricas estão sendo vistas como veículo, e não como artigo para esporte ou lazer", diz o empresário Gil Sotero (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Bem mais antigo é o namoro do empresário e jornalista Gil Sotero, de 37 anos, com a versão elétrica das bicicletas. A novidade era praticamente desconhecida por aqui, quando ele comprou seu primeiro modelo, em 2013, importado da China. Recentemente, por dificuldade de encontrar peças, essa bicicleta foi substituída por outra novinha, que custou 5 mil reais. "Para quem usa todos os dias, assim como eu, o modelo elétrico é o ideal, mesmo ainda estando em evolução. Ainda não há muitas opções e a maioria pesa mais de 25 quilos", diz Gil. Apesar disso, e sem nenhum interesse em ter um carro, ele está convicto de que as e-bikes são o futuro do transporte individual, ideia que ganha força com o estrangulamento das vias, que não comportam mais automóveis, e a dificuldade de encontrar vagas em ruas e nos próprios prédios. "Está havendo um bike boom e as elétricas estão sendo vistas como veículo, e não como artigo para esporte ou lazer", diz.

No Brasil, a bike elétrica tem como aliada as altas temperaturas e, especialmente em BH, muitas ruas íngremes. Além disso, a tendência vai ao encontro de pesquisa realizada entre julho e agosto do ano passado pela ONG Transporte Ativo. Ela aponta que na capital mineira 80% dos ciclistas começaram a pedalar há menos de cinco anos. Os números não destacam quem já usa a versão movida por bateria, mas, segundo o diretor de vendas da Global Bicicletas, que tem sete lojas na capital, Sérgio Paiva, a procura só tem aumentado. Uma das marcas que comercializa quase triplicou as vendas em 2015, em comparação a 2013. Foram vendidas 4.300 bikes elétricas na faixa de 4 mil reais. O fato de ser motorizada fez também com que elas ganhassem uma regulação própria. Há dois anos, foram equiparadas às bicletas comuns pelo Conselho Nacional de Trânsito, desde que tenham velocidade máxima de 25 km/h, sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedalar e não dispor de acelerador ou de qualquer outro dispositivo de variação manual de potência. É uma mão na roda para quem não quer chegar ao destino exausto ou pingando suor.

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