Dias após a conquista ratificada em cima do CRB, no Independência, o treinador, de contrato renovado, já mirava 2018. "A vitória foi recente, mas escapa muito rápido. É uma pena, pois deveria durar mais", afirma o técnico que nasceu na capital paulista "por acidente" e veio para BH com apenas 3 meses de vida. "Sou um autêntico mineiro", diz. E de maneira discreta, sob seu comando, a equipe alviverde conquistou 73 pontos – dois à frente dos gaúchos –, 20 vitórias e apenas cinco derrotas. O Coelho foi o time que menos perdeu e que menos viu suas redes balançarem entre as equipes das séries A e B. Outra estatística favorável a Enderson se refere a sua carteira de trabalho. Desde julho de 2016 no clube, é o técnico mais longevo do futebol brasileiro das séries A e B. "Isso só se consegue com vitórias."
Elas vieram, mas, antes disso, Enderson teve de encarar um momento complicado. Na 28ª rodada, contra o Santa Cruz, em Recife, a equipe sofria pressão de todos os lados. Ela vinha de duas derrotas. Em outras palavras, era vencer ou vencer. Venceu pelo placar mínimo. "Se isso não tivesse acontecido, provavelmente, eu não estaria aqui conversando com você", afirma. Hoje, com a taça de baixo do braço, a meta para 2018 não poderia ser outra senão a permanência na elite do futebol brasileiro. Para isso, além de enfrentar a tradicional dificuldade de uma série A, Enderson terá de lidar com o passado do clube. O América já foi rebaixado cinco vezes. "Vamos quebrar essa história", diz. A inspiração pode vir da época em que ele treinava o Goiás. Em 2013, depois de vencer a série B, conseguiu levar a equipe, também alviverde, à sexta colocação do Brasileirão e quase beliscou uma vaga na Libertadores.
Não são poucas as pessoas que o influenciaram em sua caminhada no futebol, iniciada como preparador físico no próprio América, em 1995. Nomes como Ricardo Drubscky, atual diretor de futebol do Coelho, além dos técnicos já falecidos Ênio Andrade e Telê Santana, são alguns.
Para lidar com os grandes desafios da próxima temporada, Enderson destaca a organização atual que existe dentro e fora das quatro linhas no América. Organização, por sinal, é sua palavra preferida. E não é de hoje. Ele revela que também aos 12 anos montou um time de futsal, em Venda Nova, onde foi criado. O time se chamava Cometa. "Era eu que posicionava o nome e os números nos uniformes para a minha mãe costurar", lembra ele, que era o "chato" do time. Cobrava dos colegas e ficava com cara de poucos amigos quando alguém fazia bobagem. Em 2018, vai trabalhar para continuar sorrindo. Ele e a torcida do Coelho.
- Enderson Moreira, 46 anos
- Nasceu em São Paulo
- Casado, 2 filhos
- Formado em educação física pela UFMG
- Treinador do América Mineiro