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Estado de Minas CIDADE | PROJETO

Conheça a mais nova proposta de revitalização do Mercado do Cruzeiro

Agora, ideia é manter comerciantes e criar esplanadas no lugar do estacionamento atual


postado em 18/10/2018 14:50 / atualizado em 19/10/2018 15:04

Perspectiva da área interna do mercado: preservação da estrutura metálica e revitalização do espaço das lojas(foto: Mercado do Cruzeiro/Divulgação)
Perspectiva da área interna do mercado: preservação da estrutura metálica e revitalização do espaço das lojas (foto: Mercado do Cruzeiro/Divulgação)
Erguido na década de 1970, o Mercado Distrital do Cruzeiro, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, volta e meia é alvo de planos de revitalização. Há 10 anos, sobrevoou por lá uma das ideias mais famosas: transformá-lo numa espécie de shopping center, com hotéis e restaurantes. Para a empreitada, no entanto, o mercado teria de ser demolido. O plano foi rechaçado por comerciantes e vizinhos. Agora, o espaço de mais de 35 mil metros quadrados, projetado por Éolo Maia, voltou a despertar interesse de investidores, sobretudo, depois que a Prefeitura de Belo Horizonte lançou, em março, um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). Em outras palavras, mais uma oportunidade para elaborar projetos de requalificação do espaço. Duas propostas chegaram à PBH. Encontro teve acesso, com exclusividade, a uma delas.

"De novo?" Foi o que Josiane de Souza Vieira se perguntou assim que soube da nova proposta de requalificação do lugar. Ela é vice-presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado do Cruzeiro (Acomec) e, pela experiência que já teve com o assunto, ficou temerosa com o futuro dos colegas. "Em 2009, chegamos a receber uma notificação nos dando um prazo de 30 dias para deixarmos o local. Foi horrível", afirma. No entanto, desta vez, acredita Josiane, a história pode ser bem diferente. "Quando conheci a nova proposta, me apaixonei imediatamente por ela", diz.

Os comerciantes Eleir Duque, Kuru Lima, Cristóvão de Morais Filho e Josiane de Souza Vieira:
Os comerciantes Eleir Duque, Kuru Lima, Cristóvão de Morais Filho e Josiane de Souza Vieira: "Queremos que o Mercado do Cruzeiro se torne mais um ponto turístico da cidade", afirma Kuru (foto: Samuel Gê/Encontro)
O plano foi elaborado por um consórcio formado pelas empresas Houer Concessões, Supernova Participações, Urbana Arquitetura e pela Acomec. A ideia é requalificar o espaço, mas com a manutenção da edificação atual. De acordo com o plano, os atuais estacionamentos serão transformados em esplanadas, nos moldes do que aconteceu no entorno do Mineirão. Nessa área, será possível a realização de shows e outros eventos ao ar livre. "Haverá um eixo de circulação entre as esplanadas com entrada pela rua Ouro Fino e a outra, pela rua Opala", diz o arquiteto Pedro Doyle Cesar, que destaca o crescimento desorganizado do local, comprovado por muitos "puxadinhos". "Vamos fazer com que o mercado se abra para a cidade", afirma Pedro. Sob as esplanadas, será aberto o estacionamento, com cerca de 450 vagas, com entrada e saída pela rua Opala. Está previsto ainda um funicular ou elevador de plano inclinado, já apelidado de "Bondinho do Mercado", que ligará o espaço ao Parque Municipal Amílcar Vianna Martins.

Circulam por lá, atualmente, cerca de 20 mil pessoas por mês. Com a nova proposta, o pensamento é que esse número, no mínimo, dobre. "Queremos que o Mercado do Cruzeiro se torne mais um ponto turístico da cidade", diz o empresário Kuru Lima, idealizador do projeto Distrital, que ocupou, em 2014, um espaço ocioso deixado por um supermercado. "Será um presente para BH", afirma. A proposta atual se baseia na diversificação de lojas e napermanência dos comerciantes que já atuam ali. "Não queremos criar uma competição aqui dentro, mas oferecer à cidade novos estabelecimentos e serviços."

O comerciante Júnior Edelweiss, entre Wesley Canassa, da Houer Concessões, e Pedro Doyle, da Urbana Arquitetura:
O comerciante Júnior Edelweiss, entre Wesley Canassa, da Houer Concessões, e Pedro Doyle, da Urbana Arquitetura: "Antes os comerciantes não participavam de nada, agora, a história é bem diferente", diz Júnior (foto: Samuel Gê/Encontro)
Wesley Canassa, gerente de projetos da Houer Concessões, garante que o projeto é viável. "Essa proposta atende às necessidades dos atuais lojistas e, o principal, vai manter a vocação do mercado", diz Wesley. Cerca de 100 milhões de reais devem ser necessários para tirar o plano do papel e, de acordo com os gestores da ideia, há grupos de investidores interessados em injetar dinheiro. Os nomes dos possíveis investidores, contudo, ainda é segredo. O presidente da Acomec, Junior Edelweiss, no mercado desde 1989, está empolgado com o plano. "Antes os comerciantes não participavam de nada", diz. "Agora, a história é bem diferente." Os comerciantes viraram sócios da empreitada e fizeram exigências para que a transformação não os prejudique. Além de serem mantidos ali, pelo menos, até o fim da concessão, eles reivindicaram que o lugar não poderá ser fechado durante as obras. Conforme o estudo, as intervenções devem durar até 40 meses.

A prefeitura confirmou que recebeu duas propostas, por meio do PMI, lançado para beneficiar, além do Mercado do Cruzeiro, feiras do bairro São Paulo, do Padre Eustáquio, mercados da Lagoinha, de Santa Tereza e o Mercado Novo, no centro. O outro estudo concorrente foi feito pela Fundação Doimo, que mantém o Shopping Popular UAI.
Por meio de nota, a PBH Ativos informou que o edital definitivo "poderá contemplar qualquer parte dos estudos apresentados". Uma equipe técnica vai avaliar o mais vantajoso e viável para a cidade. Ainda conforme a nota, o anúncio do resultado das avaliações das propostas deve ocorrer na primeira quinzena de dezembro deste ano.

Imagem de uma das esplanadas, atual estacionamento, com entrada pela rua Opala: projeto cria áreas de convivência e de eventos(foto: Mercado do Cruzeiro/Divulgação)
Imagem de uma das esplanadas, atual estacionamento, com entrada pela rua Opala: projeto cria áreas de convivência e de eventos (foto: Mercado do Cruzeiro/Divulgação)
A presidente da Associação dos Moradores do Cruzeiro, Patrícia Caristo, conhece bem a história do mercado e as tentativas de transformar o lugar. "Esse projeto foi pensado nos moldes dos melhores e mais modernos mercados do mundo", diz. "Sempre fomos contra projetos que tinham o objetivos de expulsar os comerciantes do mercado. Desta vez, é diferente. O plano agrega valor à cidade e ao bairro", afirma Patrícia. Como ela, muitos belo-horizontinos estão na torcida para que agora, de fato, seja diferente.

Principais pontos da proposta de requalificação do Mercado do Cruzeiro

  • 35.430 mil m2 de área construída

  • 8.490 mil m2 de área descoberta com paisagismo

  • 80 boxes para locação

  • 24 lojas e sobrelojas

  • 1 espaço multiúso

  • 450 vagas de estacionamento e bicicletário

  • O espaço descoberto terá esplanadas, área de shows, mesas e cadeiras, mirante e espaço para lazer

  • O elevador de plano inclinado, ou "Bondinho do Mercado", subirá 30 metros até o Parque Municipal Amílcar Vianna Martins

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