Publicidade

Estado de Minas MINEIROS DE 2018

Nelson Missias de Morais

Eleito presidente do Tribunal de Justiça de Minas, ele conseguiu, em apenas seis meses, dar o pontapé para a construção de fóruns pelo interior e anuncia que BH terá uma Apac


postado em 02/01/2019 15:12 / atualizado em 02/01/2019 17:25

Missias, que tem o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill como fonte de inspiração:
Missias, que tem o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill como fonte de inspiração: "Reclamar é para os fracos. Temos é de buscar soluções" (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Para agendar a entrevista com o desembargador Nelson Missias de Morais, presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), eleito em abril, a assessoria de imprensa do órgão teve de rebolar para encontrar espaço em sua agenda. Depois de algumas semanas de espera, o dia e horário foram acertados: 10h de uma sexta-feira. Compromissos oficiais, no entanto, impediram que a entrevista começasse no horário. Uma solenidade na Defensoria Pública do estado e uma reunião no tribunal provocaram um atraso de quase uma hora e meia. "Minha rotina mudou. É pesada, mas precisamos tirar o atraso", afirmou Nelson, desembargador há nove anos. E tem conseguido.

Nos primeiros cinco meses de mandato, Nelson Missias conseguiu algumas proezas. Já foram iniciadas obras de construção em sete novos fóruns (Araguari, Conceição das Alagoas, Ituiutaba, Araxá, Cambuí, Carmo do Rio Claro e Juiz de Fora). "Alguns estavam em situação de quase interdição", afirma. A previsão, de acordo com o magistrado, é de que até o fim de sua gestão pelo menos 35 obras sejam iniciadas e concluídas. E outras 33 iniciadas agora para serem finalizadas no mandato de seu sucessor. Outra conquista foi a implantação do banco nacional de Monitoramento de Prisões, sistema que cataloga a situação carcerária em todo o estado, e antiga demanda do tribunal.

Antes mesmo de tomar posse, Nelson já dizia que estava em meio a uma hecatombe, diante da crise econômica e política que o país vivia. Por isso, tinha de evocar, mais do que nunca, uma de suas principais fontes de inspiração: o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965). Para enfrentar a batalha, afirma o desembargador, o jeito é encarar os desafios com criatividade. "Reclamar é para os fracos. Temos é de buscar soluções."

Entusiasta das Apacs (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), Nelson promete fortalecer ainda mais o modelo no estado. "Dentro de um ano devemos ter uma Apac feminina, em BH", revela. O imóvel, no bairro Gameleira, vai receber 150 recuperandas (nome dado às detentas) e deve ficar pronto no primeiro semestre de 2019. O prédio é a antiga sede da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e foi cedido pela Prefeitura de BH. Será a primeira Apac feminina em capital brasileira. Nesse modelo prisional, são os próprios recuperandos ou recuperandas que cuidam da unidade, onde trabalham e aprendem novos ofícios.

O interesse pela Justiça surgiu ao trabalhar como office-boy, aos 15 anos, em um fórum de Patos de Minas, onde morava. Logo foi promovido e passou a acompanhar uma das juízas, que lhe aconselhou: "Você tem perfil para ser juiz, estude para isso e será muito bem-sucedido". Não deu outra. Cursou Direito em Sete Lagoas e sete anos após se formar passou em seu primeiro concurso para magistrado. É desembargador há nove anos.

O gabinete da presidência é bem mais amplo e austero que o antigo. Entretanto, alguns porta-retratos com fotos da família e uma simpática mascote do clube de coração, o Mamoré, de Patos de Minas, permanecem com ele e se somam a Churchill para lhe servir de inspiração e apoio nessa cruzada.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade