Mariana não se preocupa apenas em casa. No trabalho, há muito tempo já aboliu os copinhos descartáveis e adotou canecas de louça, comportamento compartilhado pelos colegas. Durante os lanches com os filhos, Luana, de 3 anos, e Davi, de 1, os canudinhos de plástico também não têm mais vez. "Acredito na sustentabilidade mais abrangente. Busco também consumir menos. Compro as roupas dos meus filhos em brechós e em grupos de desapego." Assim, afirma Mariana, consegue reduzir, e muito, o lixo gerado por sacolas de compras e embalagens.
Ao se tornar vegetariano, Lucas Mourão, graduado em relações internacionais, começou a procurar novas opções de alimento. Conheceu as chamadas Pancs (plantas alimentícias não convencionais). Além de reduzir o próprio lixo, passou a cultivar uma pequena horta em casa. "São alimentos que não vêm embalados ou em latas", diz Lucas, à frente da Jaca Verde Panc, empresa que oferece cursos e oficinas relacionados à alimentação saudável e/ou natural. Entre os produtos que mais consome estão a taioba, o umbu e o araticum.
Ana Paula da Costa, chefe do departamento de políticas sociais e mobilização da SLU, acredita que as pessoas estão dispostas a contribuir, mas falta, às vezes, facilitar esse processo. Por isso, a partir do segundo semestre deste ano cerca de 200 novos contêineres, os chamados Locais de Entrega Voluntária (LEV’s), serão instalados em bairros que não contam com o serviço de coleta seletiva porta a porta. Em 2020, será a vez de mais 200 pontos serem implantados. "A população se sente desestimulada a deixar o seu material reciclável quando o local está depredado, por isso vamos disponibilizar novos postos", afirma Ana Paula.
Agentes da SLU abordaram cerca de 70 mil pessoas no ano passado, a fim de conscientizá-las sobre a urgência de se reduzir o lixo. "Aumentou de 2% para 8% a quantidade de vidro enviado ao aterro sanitário nos últimos 10 anos", avisa Ana, em grande parte devido ao grande consumo das long necks (garrafas de cerveja). "Quanto mais consumimos alimentos industrializados e processados, mais contaminamos o meio ambiente. Por isso, a importância de atitudes simples para amenizar o prejuízo."
Antes de qualquer compra, a coaching e terapeuta Juliana Minardi se pergunta: "Para quê"? Dessa forma, ela afirma que já conseguiu mudar o seu padrão de consumo e, consequentemente, produz bem menos lixo. "A vida pode ser muito mais simples", diz ela, que montou, em seu apartamento, um minhocário - processo em que minhocas transformam os restos de alimentos em adubo orgânico.
Separar o lixo e dar a destinação correta a materiais eletrônicos são ações já comuns para o advogado Otávio Gonçalves Freitas que, agora, quer ir além. Em prol de uma vida mais sustentável, ele deixa todos os dias o carro na garagem. Detalhe, Freitas mora em Nova Lima e trabalha no Barro Preto, em BH. Assim, ele vai de ônibus até o centro da capital e caminha até o escritório, mesmo de terno e debaixo de um sol daqueles. "A questão ambiental deve ir além do discurso", afirma.
Sete dicas para uma vida mais sustentável
- Identifique os principais produtos e as quantidades que você consome. Dessa forma é mais fácil perceber se há exageros
- Diminua o consumo de produtos considerados supérfluos
- Transforme resíduos orgânicos, como restos de alimentos, cascas de verduras, frutas e legumes em adubo. Há minhocários domésticos disponíveis para venda
- Evite usar sacolas plásticas. Opte pelas reutilizáveis
- Não descarte óleo na pia de cozinha
- Escolha produtos que tenham menos embalagens. Alimentos a granel, por exemplo, são uma boa pedida
- Separe o lixo doméstico: orgânicos e recicláveis (papel, vidro, plástico, metal)