Quando um animal de estimação se perde, na maioria das vezes ao se aventurar em fugas inocentes, tem início um sofrimento que nem sempre chega ao fim. Pior do que a certeza da morte é o tormento de não saber qual o paradeiro de um ser amado. Além da dor gerada à família e ao bicho, que deixa o conforto do lar para enfrentar as agruras das ruas, sofre também quem eventualmente os encontra e tenta localizar seus donos. Um drama que, segundo especialistas, poderia ser facilmente evitado.
A medida mais prática e barata continua sendo a velha e boa plaquinha de identificação. Um animal perdido na rua, portando o acessório, logo se diferencia dos demais. Sem a plaquinha, mesmo quando resgatados por terceiros, possivelmente jamais retornarão a seus antigos tutores. Panfletos colados em postes, anúncios em redes sociais, correntes em aplicativos, faixas distribuídas nos bairros e até o uso de carro de som são recursos válidos se o objetivo é localizar um pet, mas nem sempre bastam. "Antes que seja necessário utilizá-los, o melhor mesmo é se precaver", diz Alexandra Cristina da Silva, coordenadora do projeto Missão Animal. A ativista sabe bem como é a dor de perder um bichinho que fugiu e jamais foi encontrado. "Desde então, nunca mais deixei de usar a plaquinha de identificação nos meus resgatados. É um sofrimento que pode ser evitado", diz.
Portando informações básicas como telefone para contato e o nome do animal, a plaquinha de identificação encurta caminhos e faz o link direto com o dono. Para que seja efetiva, no entanto, requisitos como qualidade da gravação, segurança da argola do pingente, para que não se solte, e durabilidade do material são fundamentais. Tudo isso aliado a uma coleira confortável e resistente. "São cuidados que garantem que o animal não perca sua identificação", explica Eliana Malta, diretora da ONG Rockbicho. A protetora acredita que o ideal para garantir a segurança dos pets é agregar reforços. E cita como exemplo o trabalho realizado no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da capital mineira, onde todos os bichos castrados são microchipados.
O implante em cães e gatos seria uma das ferramentas mais eficazes para garantir a guarda responsável, considerando que possibilita a identificação do proprietário em casos de abandono, fuga ou roubo dos pets. Obrigatório em vários países, o dispositivo é constituído por um chip eletrônico envolvido em uma cápsula feita de vidro biocompatível que não provoca alergia, e é do tamanho de um grão de arroz. Inserido com agulha hipodérmica debaixo da pele, na nuca do animal, possui aplicação rápida e indolor. Apesar de não ser dotado de tecnologia GPS, o microchip possui um código exclusivo e inalterável que pode ser identificado em leitores específicos.
Os dados ficam armazenados na rede, em endereços fornecidos pelos fabricantes. Ainda pouco utilizado no Brasil, o sistema sofre com a falta de locais que disponibilizem leitores eletrônicos e da existência de um cadastro unificado. "O ideal seria que todos os postos de saúde regionais, clínicas veterinárias e CCZs disponibilizassem os leitores. E que as empresas do ramo trabalhassem para unificar o cadastro dos animais em uma plataforma única. Atualmente, cada uma possui um código diferente", diz Eliana.
Em Belo Horizonte, a microchipagem teve início somente em cães da raça pitbull. Posteriormente, a ação foi ampliada e aproximadamente 65 mil animais já receberam o implante feito pela prefeitura. Criadores de bichos de raça e tutores de cães que participam de exposições foram os primeiros a aderir ao método. Planos de saúde pet exigem o RG Animal, que também é necessário para viagens ao exterior. A educadora canina Juliana Reis utiliza em todos os seus cães, entre eles as irmãs Bulma, de um ano, e Rita, de quatro meses, ambas da raça pastor Belga Malinois. Ela acredita que é preciso popularizar a técnica. "O ponta pé inicial deveria ser microchipar os pets nas campanhas de vacinação, castração e adoção. Essa iniciativa diminuiria bastante a taxa de abandono". Fora isso, diz a educadora, se as clínicas veterinárias divulgassem o uso do microchip e investissem em leitores eletrônicos, o acesso dos usuários seria facilitado.
A médica veterinária Jéssica Ferreira Santos, reforça a praticidade do dispositivo. "O microchip é funcional durante toda a vida do animal. Permanece inerte e só é ativado no momento da leitura. Além disso, não necessita de recargas ou manutenção", diz. O procedimento é seguro e não possui contraindicação para nenhuma espécie. O preço médio da unidade no mercado varia entre 15 e 70 reais, de acordo com a marca, mais o custo da implantação.
As vantagens e desvantagens de cada método de identificação de animais:*
Placa
- Pontos positivos: fácil colocação e baixo custo; permite a identificação imediata do tutor
- Ponto negativo: possibilidade de perda da plaquinha ou retirada da coleira por terceiros
Microchip
- Pontos positivos: aplicação rápida e indolor; sem risco de perda do dispositivo; durabilidade contínua, sem necessidade de recarga; sua leitura possibilita a identificação dos dados do tutor e do animal
- Pontos negativos: apesar de mais tecnológico, não possui tecnologia GPS; não dá acesso a um cadastro único
*Fontes: especialistas consultados