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Estado de Minas ESPECIAL SAÚDE

Mineiros do Ano 2020 - Marco Antônio Soares Reis

Membro do Comitê de Crise de combate à Covid-19 no Hospital Madre Teresa, o médico pneumologista e intensivista, ex-presidente da Sociedade Mineira de Terapia Intensiva, diz que os mais de 30 anos de experiência não evitaram as angústias trazidas pela doença


postado em 16/02/2021 16:32

(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Aos 58 anos de idade, completados nos derradeiros dias do tão sofrido ano de 2020, a  mansidão na voz e o jeito pacato do médico pneumologista e intensivista Marco Antônio Soares Reis não evidenciam os desafios que tem enfrentado desde o início da pandemia. Foi ainda na infância, na pequena cidade de Alpinópolis (Ventania), situada no sudoeste de Minas,  que  o sonho de um menino teve início e, até os dias de hoje, não tem data para acabar. Um sonho que virou realidade e tem como missão salvar vidas. A aptidão para a medicina foi impulsionada pela admiração que tinha pelo pediatra que lhe ministrava cuidados quando criança, assim como pela convivência com o avô que àquela época era "prático", termo usado para designar os farmacêuticos. "Não sei dizer ao certo de onde veio essa vontade, mas veio de pequeno e me acompanha por toda a vida", diz o médico.

Em 34 anos de profissão, dos quais 32 atuando no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, confessa que sempre desejou trabalhar com pacientes internados, mesmo aqueles encaminhados aos Centros de Terapia Intensiva (CTIs). Sem receios, afirma que a experiência conquistada ao longo de anos de trabalho, não evitou as angústias trazidas pela Covid-19. "Sempre lidamos com casos graves, mas nada comparado ao novo coronavírus." A batalha contra o imprevisível começou há onze meses e uniu esforços de todas as áreas da medicina. No Hospital Madre Teresa, a criação de um Comitê de Crise, logo no início da  pandemia, reuniu as equipes de pneumologia, clínica médica e terapia intensiva, e foi um passo fundamental para avaliar a efetividade das ações implantadas, revisar os planos de ação e criar novas estratégias.

O grupo integrado pelo médico, referência na cidade, também conta com o apoio de infectologistas, imunologistas, hematologistas, entre outros profissionais. "Tivemos a vantagem de poder recorrer a  colegas do exterior que já haviam elaborado um protocolo de ação quando o vírus chegou ao Brasil", diz. Apesar do cansaço da luta contínua contra um inimigo invisível, os resultados têm sido satisfatórios com uma boa taxa de sobrevida dos pacientes infectados. O trabalho conjunto tem evitado as traumáticas internações nos CTIs. "O objetivo é mapear a doença de acordo com a sua cronologia", explica Marco Antônio. Nos primeiros cinco dias ocorre a multiplicação do vírus. A partir do sexto dia tem início o processo inflamatório. Isso porque, ao ter contato com o vírus, o sistema de defesa do organismo libera algumas substâncias inflamatórias que vão para os órgãos. Além do pulmão, também podem ser comprometidos os rins, o sistema nervoso central, o coração e outros órgãos. "A elaboração de um plano de tratamento que combata a doença da forma correta, em suas diferentes fases, é o grande segredo para evitar as complicações."

Apesar dos avanços observados nos tratamentos utilizados e da consequente redução da taxa de mortalidade, o índice de contágio ainda é grande, com elevação acentuada observada a partir do último mês de novembro. Para o médico, a única solução é a imunização. "Sempre aparecem inovações, novas estratégias de medicamentos, mas a grande esperança é a vacina". Enquanto ela não chega, segue salvando vidas e tendo como lema a música do saudoso Gonzaguinha: "Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz".

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