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Estado de Minas COMPORTAMENTO | TECNOLOGIA

Conheça apps que oferecem serviços que não são transporte ou delivery

Beleza, carro por assinatura e tutores temporários para pets são alguns dos exemplos. Saiba como essas plataformas funcionam


postado em 16/03/2021 21:33 / atualizado em 16/03/2021 21:33

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
No dia 12 de setembro de 2014, uma empresa que mudaria a maneira como o belo-horizontino se relaciona com o trânsito aterrissou na capital. O anúncio foi feito pela Uber, que na época operava em pouco mais de 100 cidades no mundo, durante uma conferência na universidade de Stanford. O começo da marca no Brasil foi complicado. Brigas com taxistas nas ruas e com advogados na justiça marcaram o ínicio. Mas, com o tempo, o serviço conquistou a confiança tanto de clientes quanto de quem estava com o carro parado na garagem e precisava de uma grana extra no fim do mês. Pouco a pouco, os aplicativos e plataformas oferecendo serviços começaram a se tornar cada vez mais comuns. Hoje, é possível encontrar de tudo no mercado da tal economia compartilhada, caracterizada principalmente pela troca de experiência e custos menores. Roupas, beleza, cuidados com pets, sítios para descansar no final de semana. Os mais diferentes serviços têm o seu espaço nesse modelo.

Uma pesquisa de 2018 feita em parceria entre o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Câmara Nacional de Dirigentes e Lojistas (CNDL) revelou que 89% dos usuários de aplicativos dessa modalidade estão felizes com os resultados. Aluguel de casas, serviços de caronas, compartilhamento de roupas, moradia ou de local de trabalho (coworking) estavam entre os serviços mais conhecidos pelo público. Os custos menores dos aplicativos estão, porém, longe de serem sinônimos de pequenas empresas. Inaugurado em 2008 como uma plataforma onde as pessoas pudessem alugar quartos ou casas inteiras, a Airbnb se tornou um gigante do mercado. No mercado de ações desde dezembro do ano passado, a empresa possui um valor de mercado de mais de 90 bilhões de dólares, mais do que o valor conjunto de gigantes do ramo hoteleiro, como Marriott e Hilton. Tudo isso sem ser dona de quase nenhuma propriedade.

Para a especialista em desenvolvimento pessoal e marketing Sarah Figueiredo (à dir.), a pontualidade nos serviços da Singu é um dos pontos mais importantes:
Para a especialista em desenvolvimento pessoal e marketing Sarah Figueiredo (à dir.), a pontualidade nos serviços da Singu é um dos pontos mais importantes: "É um momento reservado para o meu cuidado, sem sustos na rotina" (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
Uma das plataformas de economia compartilhada que conta com o apoio de uma gigante do mercado é a Singu (Android e iOS). Criada em 2015, a startup de beleza que fornece serviços de manicures, massagistas, depiladores e cabeleireiras na casa do cliente é parceira da Natura, que fez um investimento pesado na marca em 2020. "O mercado de produtos de beleza movimenta, no Brasil, uma quantia três vezes maior do que o mercado de transporte", diz o diretor de marketing da Singu, Gabriel Costa. O aplicativo, que chegou a BH durante a pandemia, funciona da seguinte maneira: por meio da plataforma, o cliente pode marcar o serviço que quiser, na data e horário que preferir. Depois, é só aguardar o combinado e receber uma das profissionais credenciadas da Singu no conforto de casa. "O nosso processo para aprovar as profissionais é bem rigoroso, cerca de 3 em cada 10 passam", conta Gabriel. Na capital mineira, os testes são feitos por meio de um salão parceiro, que recebe as candidatas, avalia o trabalho e envia o resultado para a central do aplicativo. "Não importa se você fez um curso há uma semana ou trabalha no mercado há mais de 20 anos. O importante é atender o padrão de qualidade." E o formato também é benéfico para as profissionais. "Alguns salões cobram 70% de comissão. Nós cobramos um valor entre 15% e 35%, de acordo com a demanda em determinadas áreas", diz Gabriel.

Quando o assunto é o uso do aplicativo para beleza, pode se considerar Sarah Figueiredo como uma early adopter, termo usado para referenciar pessoas que gostam de conhecer e usar novas tecnologias. "Conheci a Singu em 2018, enquanto morava no Rio de Janeiro", lembra a especialista em desenvolvimento pessoal e marketing. "Desde essa época eu já trabalhava com home office e o meu tempo sempre foi contado." Afinal, para quem trabalha com monitorias de otimização de produtividade, cada volta do ponteiro é um bem precioso que não pode ser desperdiçado com atrasos e imprevistos no salão do bairro. "A pontualidade no serviço da Singu é algo que eu posso contar. É um momento reservado para o meu cuidado, sem sustos na rotina." Para Sarah, que já apresentou o aplicativo para amigas e parentes, é só uma questão de tempo para que a plataforma conquiste ainda mais clientes em Belo Horizonte, vencendo a tal da desconfiança mineira.

Após fazer uma transformação no guarda-roupas com dezenas de peças esquecidas, a analista de finanças Simone Bousas ( à dir.) se sente como uma parceira de negócios do Armário Compartilhado, da empresária Ana Luisa Elisei:
Após fazer uma transformação no guarda-roupas com dezenas de peças esquecidas, a analista de finanças Simone Bousas ( à dir.) se sente como uma parceira de negócios do Armário Compartilhado, da empresária Ana Luisa Elisei: "É uma sensação muito boa. Você se desfaz de algo que não estava usando, promove um consumo sustentável e ainda ganha um dinheiro pelas peças." (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
Para alguns, o sonho de ter um carro zero quilômetro parece algo cada vez mais distante, quando se coloca os números em uma planilha. Logo ao sair da concessionária, o veículo já perde entre 10% e 20% do seu valor original. Mas a depreciação não faz diferença para o banco responsável pelo financiamento, que não alivia nos juros. "A maior parte do nosso público é composto por pessoas que já tiveram carro e decidiram vender, para transformar o dinheiro parado em um ativo", diz André Lisboa, head de mobilidade da GoDrive. A empresa especializada na assinatura de carros zero quilômetro foi criada há pouco mais de um ano pelo Grupo Águia Branca, que trabalha com vários serviços relacionados ao transporte (leia na página 64 reportagem sobre entrada das montadoras nesse mercado). "O grupo é o responsável pela venda de carros Jeep no Espírito Santo e Toyota em Minas. Então, adaptamos parte da estrutura para oferecer mais uma opção ao cliente". Uma maneira fácil de ponderar sobre o serviço é analisar os custos da GoDrive com gastos na compra. O aluguel de um Corolla Xei, avaliado em aproximadamente 130 mil reais, na empresa é fixado no valor de 2.290 reais por mês. Em comparação, o valor para se manter o mesmo veículo no primeiro ano após a compra, levando em consideração o valor de seguro, juros do financiamento, impostos e depreciação, pode passar dos 4 mil reais. "Na GoDrive, a única preocupação do cliente é colocar gasolina no tanque", afirma André. "Para algumas pessoas, o carro zero é um sonho, não importa o custo. Mas existem outras que precisam apenas do serviço, sem abrir mão do conforto de um veículo novo."

Até quem tem patinhas pode contar com um aplicativo para chamar de seu. A Dog Hero é uma plataforma que conecta mães e pais de pets que precisam de um lugar para deixar o bichinho com colaboradores que oferecem a casa e o seu tempo para cuidar dos animais. "Nossa ideia é proporcionar um ambiente parecido com o lar do pet, onde ele terá a atenção exclusiva de uma pessoa", diz Gess Aragão, líder de marca e criação da Dog Hero (Android e iOS). "Não é à toa que o nosso processo é feito para selecionarmos apenas colaboradores que são apaixonados por animais." Para vencer a barreira da desconfiança de deixar o pet com um desconhecido, a plataforma aposta na interação entre os envolvidos, disponibilizando um chat no qual você pode conhecer mais sobre o outro tutor e saber se ele tem o perfil certo para o seu bicho. Em Belo Horizonte, o aplicativo oferece os serviços de hospedagem, babá e passeio, por um preço às vezes mais em conta do que em outros estabelecimentos do ramo. Para comparar, uma diária em um hotel para pets custa mais de 50 reais. Já na Dog Hero, o preço médio para o mesmo serviço é de 35 reais. "Temos 1,5 mil heróis em Belo Horizonte, de perfis diversos, desde pessoas jovens a aposentadas que veem o cuidar do pet como um hobby, trazendo alegria para a casa", diz Gess. O aplicativo está presente em mais de 500 cidades e estuda trazer para Belo Horizonte uma novidade que está sendo testada em São Paulo: o serviço de médico veterinário em domicílio.

Gess Aragão, líder de marca e criação da Dog Hero, que promete um lugar seguro e caseiro para deixar o bichinho durante uma noite, dia ou longos períodos:
Gess Aragão, líder de marca e criação da Dog Hero, que promete um lugar seguro e caseiro para deixar o bichinho durante uma noite, dia ou longos períodos: "O nosso processo é feito para selecionarmos apenas colaboradores que são apaixonados por animais" (foto: Divulgação)
Belo Horizonte também tem um representante no mercado da economia colaborativa. Em março de 2014, Ana Luisa Elisei abriu o Armário Compartilhado, uma loja na qual qualquer pessoa pode colocar o seu vestido de festa, jóias ou bolsas para alugar. Tanto as peças como os acessórios podem ser vistos pelos clientes no site ou no perfil do Instagram da empresa: @armariocompartilhado. "No começo, comprei nove vestidos para o Armário. Desde então, nunca mais precisei adquirir outro", conta a empresária. O que começou com um negócio familiar, com a parceria da irmã e da mãe, Juliana e Margareth Elisei, cresceu e se diversificou, indo além do aluguel de roupas para festa. A empresa criou um serviço batizado de mala de viagem, no qual Ana ajuda a cliente a montar um conjunto para o tour dos sonhos. Sempre com peças alugadas. "Muita gente tem de gastar um dinheirão em casacos para aguentar o inverno em outros países, e quando voltam, as peças acabam esquecidas no guarda-roupa", diz a empresária. "No ano passado, montei uma mala com 20 looks diferentes que custou 290 reais para uma cliente, com destino a Portugal." E após passar dois meses sem faturamento, o Armário Compartilhado lançou, durante a pandemia, outro modelo de negócio. "Eu e a minha sócia, Janaína Oliveira, aproveitamos a nossa estrutura para montar um brechó digital nos mesmos moldes."

A analista financeira Simone Bousas é uma das clientes mais fiéis da empresa. "Sempre fui uma pessoa muito festeira e já cheguei a comprar alguns vestidos para festas. Com o tempo, vi que acabaria gastando uma fortuna", conta Simone, que mudou o seu comportamento após conhecer o Armário Compartilhado. "Agora, para qualquer festa, tenho uma roupa e acessórios novos, ajustados pelas meninas da loja no dia do evento". Porém, em março, a pandemia do novo coronavírus desembarcou no Brasil. Ficamos presos em casa, sem festas da empresa ou casamentos para alegrar a semana. Mas assim como as empresárias, Simone também aproveitou a pausa para refletir sobre o seu armário. "Eu tinha aproximadamente 200 paradas." Ela não pensou duas vezes. Juntou uma mala com as peças que estavam em bom estado e levou para o brechó do Armário Compartilhado. "É uma sensação muito boa. Você se desfaz de algo que não estava usando, promove um consumo sustentável e ainda ganha um dinheiro pelas peças." Com a quantia arrecadada, é possível renovar o guarda roupa com as próprias peças do brechó, sendo muitas de marcas famosas vendidas por até um quarto do preço original. "Eu acabo me sentindo parceira também do negócio", diz Simone, que tem como meta reduzir o seu armário para 33 peças, com algumas pequenas alterações de acordo com a estação.

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