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Estado de Minas SOLIDARIEDADE

Conheça e saiba como ajudar projetos sociais em BH durante a pandemia

No pior momento da crise sanitária do coronavírus, com alto número de casos diários, vacinação lenta e pobreza em níveis recordes, pessoas, instituições e empresas se engajam em ações em prol da sociedade. Apesar de maior dificuldade financeira, a disposição para ajudar tem retornado ao patamar em que esteve no início da crise da Covid-19


postado em 23/04/2021 00:02 / atualizado em 23/04/2021 17:23

Guilhermina Abreu e Sílvia Castro, do movimento Unindo Forças BH, em uma das distribuições de cestas básicas: a meta dos organizadores é arrecadar 2 milhões de reais até 1º de maio(foto: Paulo Márcio/Encontro)
Guilhermina Abreu e Sílvia Castro, do movimento Unindo Forças BH, em uma das distribuições de cestas básicas: a meta dos organizadores é arrecadar 2 milhões de reais até 1º de maio (foto: Paulo Márcio/Encontro)
Uma das fundadoras da ONG Embaixadores da Educação, Guilhermina Abreu trabalha com impacto social há uma década. A mineira sempre teve como objetivo e como sonho mudar o futuro por meio da educação. Seus esforços, portanto, eram voltados para esse setor, que tem potencial de gerar resultados duradouros e multiplicadores. No entanto, demandas ainda mais urgentes começaram a atravessar seu dia a dia de atuação com jovens de escolas públicas nos últimos tempos - especialmente, nos últimos meses. Em um programa no qual trabalha empreendedorismo com 100 alunos no esquema remoto, o módulo sobre saúde mental revelou de forma clara e inequívoca a batalha que esses meninos e meninas estão travando hoje. "Eles se abriram", conta Guilhermina. "Disseram que os pais estavam desempregados, a geladeira, vazia. E falaram: como ter saúde mental, como acompanhar as aulas, passando fome?" Segundo ela, que sempre trabalhou com estudantes em situação de vulnerabilidade social, os relatos atuais têm sido muito graves. "Acho que, na minha geração, nunca vimos tanta gente passando tanta fome ao mesmo tempo. Ajudar não é opcional", afirma.

A percepção de Guilhermina encontrou eco em outros conhecidos que atuam no terceiro setor e também têm visto os pedidos por ajuda - sendo uma das principais, senão a principal, a comida - disparar. Nove pessoas de projetos diferentes decidiram se reunir para iniciar uma campanha de arrecadação para compra de cestas básicas. "Poderíamos fazer campanhas separadas, cada um com sua organização, mas na urgência e na escala que precisamos, achamos que uma grande campanha arrecadaria mais e mais rápido", explica. Assim surgiu o movimento Unindo Forças BH, em que iniciativas como Aceleradores do Bem, Transforma BH, Instituto Tio Flávio Cultural e outras reuniram esforços para distribuir alimentos para o maior número possível de pessoas. Os criadores do movimento se dividiram em núcleos, como demanda, logística, institucional, financeiro e comunicação. "Cada um criou sua própria equipe, uma rede de profissionais voluntários para fazer o projeto acontecer", explica Sílvia Castro, publicitária e videomaker, responsável pelo núcleo de comunicação.

A empreendedora social Camila Chiari está em sua segunda grande campanha na pandemia, desta vez, para distribuição de cestas básicas:
A empreendedora social Camila Chiari está em sua segunda grande campanha na pandemia, desta vez, para distribuição de cestas básicas: "Eu entrego as cestas e as pessoas agradecem e falam que não tinham nada para comer naquele dia" (foto: Uarlen Valério/Encontro)
Segundo Sílvia, a meta inicial era de 1 milhão de reais (a campanha se encerra em 1º de maio) para ajudar 40 mil famílias. Em 24 horas foram arrecadados 200 mil reais; em 13 dias, chegaram à meta inicial; agora, dobraram a meta. A arrecadação é feita por uma plataforma de financiamento coletivo, com quem o grupo fez um acordo e que topou liberar o dinheiro à medida que fosse chegando, e não apenas no final da campanha, como é de praxe. Isso porque a demanda, neste caso, não pode esperar o final do prazo: quem tem fome tem pressa, dizia o sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, ilustre combatente da fome no país na década de 1990. Até o fechamento desta edição, já haviam sido entregues mais de 6 mil cestas.

A fome não tinha desaparecido, mas o país havia feito grandes avanços desde a época em que Betinho lutava nessas trincheiras. A situação, contudo, já tinha começado a piorar nos últimos anos e, de repente, veio a pandemia. A longa duração da crise sanitária até agora e seus desdobramentos econômicos e sociais, deixaram a situação ainda mais grave, especialmente após o fim do auxílio emergencial (que foi retomado apenas em abril, e com valor menor que o de 2020). Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de brasileiros abaixo da linha da pobreza triplicou. Passou de 9,5 milhões no ano passado, para 27 milhões este ano. São pessoas que sobrevivem com até 246 reais por mês. Números do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, levantamento realizado em dezembro do ano passado (ou seja, que nem levou em conta o impacto do fim do auxílio emergencial), mostram que nos três meses anteriores à coleta de dados, moradores de 55,2% dos domicílios conviviam com algum grau de insegurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%). Isso significa que 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos no período considerado na pesquisa. Desses, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave). Pesquisa do Instituto Data Favela realizada em fevereiro deste ano mostra que 68% dos moradores de favelas não tiveram dinheiro para comprar comida em ao menos um dia nas duas semanas anteriores ao levantamento.

A chef Ana Gabriela Costa e outros voluntários do projeto Alimentando Compaixão: estrutura do Nicolau Bar da Esquina foi cedida pelo chef Leonardo Paixão para a realização de uma cozinha beneficente(foto: Paulo Márcio/Encontro)
A chef Ana Gabriela Costa e outros voluntários do projeto Alimentando Compaixão: estrutura do Nicolau Bar da Esquina foi cedida pelo chef Leonardo Paixão para a realização de uma cozinha beneficente (foto: Paulo Márcio/Encontro)
"O Brasil tinha saído do mapa da Fome e agora está retornando a ele, de acordo com a ONU", explica a gerente de pessoas e cultura do ChildFund Brasil, Joyce Mara. Segundo ela, nas regiões onde a ONG, que tem sede em BH, atua - principalmente em áreas rurais - vê-se desnutrição e surtos de enfermidades relacionadas à fome. Joyce explica que uma criança que não se alimenta bem pode ter comprometimentos para o resto da vida. E se a família dá o alimento que tem à criança, mas outros ficam sem o que comer, isso impacta a cadeia, e a criança fica comprometida indiretamente também. "Acho que é um momento crítico em que a gente precisa se mobilizar em coalizão para conseguir minimizar impactos da pandemia. Estamos falando de pessoas, de crianças. Como fica esse legado?"

Com essas questões na cabeça, a empreendedora social Camila Chiari está em sua segunda grande campanha na pandemia. No início da crise, no passado, atuou por quatro meses na arrecadação de recursos e distribuição de mais de 5 mil marmitas em 20 comunidades da Grande BH. A partir da experiência, escreveu um livro, Outros Horizontes, publicado em dezembro, em que conta relatos que coletou durante o projeto, mostrando o impacto da Covid-19 nesses locais. Em fevereiro deste ano, retomou a atuação, com a campanha Doe Cestas. É ela quem recolhe as doações e, em contato com líderes comunitários por meio do projeto Ajudar, distribui pessoalmente os donativos. Até o fechamento desta edição, havia arrecadado mais de 50 mil reais e distribuído quase 900 cestas em 11 comunidades da Grande BH. "Eu entrego as cestas e as pessoas agradecem e falam que não tinham nada para comer naquele dia", conta. Camila diz que os pedidos têm aumentado diariamente e não acredita que é algo que será resolvido no curto prazo. "Estamos apagando um incêndio", explica.

O Instituto Adotar, fundado por Mônica Rodrigues Corrêa (à esq.) e Fernanda Greco, teve de adaptar a atuação por causa da pandemia e está distribuindo doações para famílias em situação de vulnerabilidade social:
O Instituto Adotar, fundado por Mônica Rodrigues Corrêa (à esq.) e Fernanda Greco, teve de adaptar a atuação por causa da pandemia e está distribuindo doações para famílias em situação de vulnerabilidade social: "Em comunidades que frequentamos, como do Carrapato, do Calafate, da Água Limpa e Acaba-Mundo, falta tudo", diz Mônica (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
A fumaça desse incêndio invadiu a sede do Instituto Adotar, localizado no Santa Lúcia. Criado há mais de uma década e capitaneado pelas irmãs belo-horizontinas Mônica Rodrigues Corrêa e Fernanda Greco, o Adotar trabalha com crianças e adolescentes que estão à espera de um lar nas 48 casas de acolhimento de BH. A politica de isolamento e a necessidade de distanciamento social fez com que Mônica e Fernanda não pudessem mais realizar visitas a esses espaços. As idas a sítios e os piqueniques em grupo ficaram no passado. Mesmo a entrega de ovos de Páscoa precisou ser feita à distância, sem contato físico. "Apesar de não estarmos mais tão presentes, sabemos que nesse período difícil de isolamento as crianças estão sendo bem cuidadas", afirma Fernanda. Nesse tempo, tanto ela quanto sua irmã começaram a receber pedidos de doações de famílias carentes. "Em comunidades que frequentamos, como do Carrapato, do Calafate, da Água Limpa e Acaba-Mundo, falta tudo", diz Mônica. "Além de comida, que é uma necessidade básica, vemos crianças pequenas e bebês sem fralda e muitas casas sem produtos de higiene." Além da contribuição mensal de parceiros, a Adotar está recebendo doações para a compra de cestas básicas e alimentos. Para a Semana Santa, a instituição contou com uma grande doação de filés de tilápia, repassada para a Comunidade do Carrapato. "Foi uma maneira de as famílias se reunirem em torno da mesa na Páscoa", afirma Mônica.

Desde o último fechamento da cidade, em março, o empresário Romeirik Gomes sai quase diariamente de casa, à noite, de moto, para distribuir lanches a moradores de rua em BH. De maneira descontraída, carregando uma mochila grande e quadrada "à la delivery", ele aborda as pessoas informando que o pedido chegou. A reação normalmente é de espanto. "Aqui ninguém pediu nada!" e "Nem celular eu tenho para pedir comida" são duas das frases que Romeirick já ouviu. Ele insiste. "O endereço é esse. Tenho de entregar aqui!". Deixa então a comida (normalmente sanduíche) e a bebida. "A abordagem brincando facilita muito, as pessoas ficam menos desconfiadas, ficam felizes ", conta ele, que já vai em pontos definidos do centro da capital e área hospitalar. Os locais foram mapeados pelo mineiro na atuação do Madrugada Sem Fome, grupo de voluntários que reúne doações e distribui, uma vez por mês, 500 marmitex, além de suco, café, frutas - "e muito amor e solidariedade", completa ele - na região.

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, com o governador Romeu Zema, na entrega de respiradores para estado, uma das inúmeras iniciativas da entidade ao longo da pandemia:
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, com o governador Romeu Zema, na entrega de respiradores para estado, uma das inúmeras iniciativas da entidade ao longo da pandemia: "O conjunto de ações foi muito robusto e complexo, desde o desenvolvimento de respiradores, demandas iniciais dos hospitais, projeto de desenvolvimento de vacina, e também apoio à economia", diz Flávio (foto: Divulgação)
Romeirik, que teve uma infância difícil, começou a trabalhar aos 12 anos vendendo chup-chup e já faz trabalho voluntário desde a adolescência, foi notado pelo apresentador Luciano Huck, com quem conversou e que divulgou seu trabalho no Instagram no mês passado. Desde então, conta, tem tido menos necessidade de completar o valor para a distribuição de alimentos em suas ações solidárias. "A doença veio para mostrar que não adianta ficar com milhões de reais guardados. De uma forma ou de outra, está todo mundo afetado pela pandemia", diz. "Quantas são pessoas indo embora e deixando dinheiro para trás?"

De acordo com o economista Daniel Gonzalez, fundador da aceleradora de projetos sociais Hub Social, a retomada da mobilização se deve ao fato de que a sociedade está vendo por meio do noticiário que a situação é a pior até agora. Ao longo do ano passado, após um engajamento inicial muito forte devido ao baque pelo começo de uma crise sanitária mundial, a mobilização foi caindo. "Por um lado, houve a familiarização com o cenário, que passou a fazer parte da realidade e não necessariamente incomodava tanto mais", diz Daniel. "Por outro, muitas pessoas que contribuíram no início também tiveram a renda comprometida e reduziram o valor que poderiam doar", afirma. Mas as notícias de 2021 voltaram a impactar os mineiros. "Quando essa notícia ganha peso, pessoas voltam a levar um susto que as leva a agir."

O empresário Romeirik Gomes, que sai quase toda noite para distribuir comida para moradores de rua, tem percebido aumento na disposição das pessoas para ajudar:
O empresário Romeirik Gomes, que sai quase toda noite para distribuir comida para moradores de rua, tem percebido aumento na disposição das pessoas para ajudar: "A doença veio para mostrar que não adianta ficar com milhões de reais guardados. De uma forma ou de outra, está todo mundo afetado pela pandemia" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
O chef Leonardo Paixão lançou, em abril, o projeto Alimentando Compaixão. Ele cedeu a cozinha do seu Nicolau Bar da Esquina, que está fechado devido à pandemia, para que equipes voluntárias preparem 100 refeições por dia, de segunda a sábado, que são distribuídas de forma gratuita, em seis pontos diferentes, mapeados com auxílio da prefeitura. Cada semana (serão 24 no total), uma equipe assume o preparo de um cardápio pensado com carinho. "Comida não é só alimento para o corpo, mas também para o espírito", afirma. O projeto tem aceitado doações de alimentos por parte de empresas e o cadastro de pessoas que desejem voluntariar seu tempo para ajudar na cozinha - se não forem muito habilidosos com as panelas, podem ajudar na limpeza, distribuição ou outras atividades. "Optei por não aceitar doações de pessoas físicas, mas, caso se inspirem pela ação, podem doar o valor para outros lugares, há muitas instituições precisando", diz. Léo conta que o projeto vai durar enquanto o bar estiver fechado e que, depois, quer pensar em uma forma de manter a iniciativa. "Tomara que não seja mais preciso, mas, caso seja, a gente vai tentar adaptar", diz.

Também com intuito de inspirar por meio de ação, o empresário Eugênio Mattar incluiu a Localiza na campanha Panela Cheia Salva, realizada pelo Instituto Gerando Falcões em parceria com a Central Única de Favelas (CUFA) e a Frente Nacional Antirracista. O movimento pretende arrecadar recursos para distribuição de 2 milhões de cestas básicas em todo o país. A proposta da Localiza é incentivar os funcionários a fazerem a doação de 1% do valor líquido de sua PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para o Panela Cheia. A cada real doado pelo colaborador, a empresa doará outro. A meta é arrecadar 1 milhão de reais - que serão completados com igual milhão pela companhia, que tem cerca de 10 mil funcionários.

Eugênio Mattar, CEO da Localiza, incluiu a empresa no projeto Panela Cheia Salva, com a proposta de dobrar o valor arrecadado pelos funcionários:
Eugênio Mattar, CEO da Localiza, incluiu a empresa no projeto Panela Cheia Salva, com a proposta de dobrar o valor arrecadado pelos funcionários: "É um valor pequeno individualmente, mas que, na somatória, vai impactar muita gente" (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
Essa é a mais recente campanha da empresa mineira, que já tem uma cultura muito estabelecida de atuação social, assim como o próprio CEO, pessoalmente. O empresário conta que, como um dos mantenedores da Gerando Falcões - plataforma de impacto social que atua em favelas de todo o Brasil -, está em contato constante com o empreendedor social Edu Lyra, fundador do projeto, a quem procurou para participar da iniciativa do Panela Cheia. "Quis dar a oportunidade de o nosso colaborador participar também, porque a solidariedade, quando é coletiva, alcança um potencial extraordinário", afirma. "É um valor pequeno individualmente, mas que na somatória vai valer 2 milhões e impactar muita gente", completa. Além do incentivo aos funcionários, Mattar buscar tocar também o coração dos clientes e, sobretudo, o de outros empresários. "Compartilhamos a ideia com grupos de empresários, que acharam a iniciativa interessante, e assim se vai criando uma corrente do bem. Exemplo é importante, e o momento é crítico", diz.

Se em situações mais "normais" já existe a noção de que um futuro melhor depende não apenas da ação dos governos, mas também das pessoas e das empresas, a pandemia exacerbou a necessidade dessa articulação. Um exemplo recente desse engajamento é o movimento Unidos pela Vacina. A iniciativa da sociedade civil está atuando no país inteiro desde o início de março no intuito de dar condições às prefeituras para que agilizem o processo de imunização quando a disponibilidade de doses permitir. O projeto é coordenado, em cada estado, por uma representante do Grupo Mulheres do Brasil (criado pela empresária Luiza Helena Trajano) e um representante do empresariado. Em Minas Gerais, são eles Patrícia Tiensoli, da Total Logística, e Rafael Menin, da MRV.

O economista Daniel Gonzalez, fundador da aceleradora de projetos sociais Hub Social, diz que o cenário mais preocupante da pandemia em 2021 voltou a impactar os mineiros:
O economista Daniel Gonzalez, fundador da aceleradora de projetos sociais Hub Social, diz que o cenário mais preocupante da pandemia em 2021 voltou a impactar os mineiros: "Quando essa notícia ganha peso, pessoas voltam a levar um susto que as leva a agir" (foto: Uarlen Valério/Encontro)
Todos os 853 municípios mineiros responderam o questionário que sondava quais os principais gargalos na vacinação. A partir desses dados é que empresas voluntárias podem atuar para minimizar os problemas. As dificuldades vão desde falta de luvas descartáveis e aventais, passando por wi-fi para transmitir as informações para as secretarias mais rapidamente, até necessidade de refrigeradores para conservação de doses ou carros para transporte de equipe de vacinação volante. As empresas podem apadrinhar cidades ou fornecer itens demandados.

Patrícia Tiensoli, uma das coordenadoras, em Minas, do Unidos pela Vacina, que busca ajudar prefeituras a resolver gargalos da vacinação:
Patrícia Tiensoli, uma das coordenadoras, em Minas, do Unidos pela Vacina, que busca ajudar prefeituras a resolver gargalos da vacinação: "Começamos com 30 empresários e representantes de instituições em Minas e hoje somos quase 200" (foto: Divulgação)
Uma das três cidades-piloto do projeto no país foi Nova Lima, em que um dos gargalos percebidos era a falta de veículos para a ida de funcionários até as casas de pacientes acamados. A cidade dispunha de um carro. O projeto conseguiu mais dois à disposição. Também chegou-se à conclusão de que mais agilidade seria possível com um drive-thru, que originalmente não estava previsto no plano da cidade. Com apoio de empresas que proporcionaram desde estrutura física até o lanche dos funcionários, o serviço foi instalado, acontece um sábado por mês e há possibilidade de ser ampliado para todo fim de semana.

Patrícia explica que o SUS é referência mundial em vacinação em massa. Contudo, a pandemia é uma situação inédita, e as circunstâncias desta imunização (público muito abrangente, o mais rápido possível, com necessidade de distanciamento social) são os principais motivos dos gargalos. Ela afirma que o grupo dialoga com todas as instâncias, segue rigorosamente o Programa Nacional de Imunizações e tem meta ousada: ajudar na agilidade para que todos sejam vacinados até o final de setembro de 2021. "Estamos tendo só gratas surpresas quanto ao engajamento do empresariado e de instituições", afirma. "Começamos com 30 empresários e representantes de instituições em Minas e hoje somos quase 200."

A gerente de pessoas e cultura do ChildFund Brasil, Joyce Mara, aposta na união do governo, empresas e pessoas para lidar com as dificuldades:
A gerente de pessoas e cultura do ChildFund Brasil, Joyce Mara, aposta na união do governo, empresas e pessoas para lidar com as dificuldades: "É um momento crítico em que a gente precisa se mobilizar em coalizão para conseguir minimizar impactos da pandemia" (foto: Divulgação)
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) apadrinhou quase 300 municípios do Unidos pela Vacina. Essa foi uma das inúmeras ações da entidade ao longo da pandemia. "O conjunto de ações foi muito robusto e complexo, atuamos em todas as áreas, desde o desenvolvimento de respiradores, demandas iniciais dos hospitais, projeto de desenvolvimento de vacina, e também apoio à economia", explica o presidente Flávio Roscoe. Recentemente, foram doados ao governo de Minas, em parceria com indústrias mineiras, mais 100 respiradores (em 2020, haviam sido doados 1.600 ventiladores pulmonares). A Fiemg liderou, ainda, mobilização da indústria para empréstimo de 2 mil cilindros para envase de oxigênio medicinal.

Uma das dificuldades de uma crise sanitária, econômica e social como esta é justamente o fato de que há muitas frentes a serem atacadas. "O recurso financeiro é limitado e hoje a gente tem algo que não tinha há um ano, a vacina, que também está recebendo atenção de doadores", explica Daniel Gonzalez, do Hub Social. No caso da Fiemg, um desafio é acompanhar a mudança nas demandas que vão sendo levantadas com o passar dos meses. "Vamos identificando aquilo que se torna prioridade e redirecionando recursos nesta ou naquela direção", explica Roscoe. "Por sermos privados, temos agilidade nesse sentido e conseguimos nos adaptar de forma mais célere." Afinal, não custa relembrar novamente a frase célebre de Betinho: "quem tem fome tem pressa." Muita pressa.

Saiba como contribuir

Alimentando Compaixão
Voluntários para atuar na cozinha beneficente e doações de alimentos por parte de empresas
Site: www.leopaixao.com/compaixao

ChildFund Brasil
Doação para campanha de segurança alimentar
Site
www.materiais.childfundbrasil.org.br/campanha-seguranca-alimentar


Doe Cestas
Doação para compra de cestas básicas
Instagram@camilachiari8

Hub Social
Doação em dinheiro ou em cestas básicas
Instagram@ohubsocial

Instituto Adotar - Adotando Vidas
Doação para compra de cestas básicas
Instagram@institutoadotar
Sitewww.adotaradotandovidas.com.br

Madrugada Sem Fome
Doações em dinheiro e itens (alimentícios, de higiene, fraldas e outros) para moradores de rua e famílias vulneráveis da Grande BH
Instagram@madrugadasemfome ou @romeirik

Panela Cheia Salva
Doação para compra de cestas básicas
Instagram@panelacheiasalva

Unindo Forças BH
Doação para compra de cestas básicas
Instagram@unindoforcasbh

Unidos Pela Vacina
Empresas, instituições, ONGs podem auxiliar na solução dos gargalos da vacinação em cidades mineiras
Instagram@unidospelavacina

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