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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Entenda como funciona o protocolo das 'bolhas' nas aulas presenciais

O sistema tem sido um grande aliado para a volta de alunos e professores ao ambiente escolar


postado em 15/09/2021 23:54 / atualizado em 16/09/2021 00:10

Daniele Passagli, diretora geral do Coleguium:
Daniele Passagli, diretora geral do Coleguium: "A escola tem sido imensamente valorizada. Está claro para a sociedade o quanto essa instituição é importante para a construção de conhecimento e o compartilhamento de experiências" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
O mês de agosto chegou e com ele o alvoroço típico das salas de aula. Mesmo diante de um rigoroso protocolo sanitário, o retorno das aulas presenciais autorizado a princípio para estudantes da educação infantil e depois para o ensino fundamental, finalmente incluiu os alunos do ensino médio. A decisão abrange tanto as escolas municipais e estaduais quanto as privadas. A orientação da prefeitura de Belo Horizonte, contudo, é que o retorno presencial seja facultativo, cabendo às famílias a decisão final. Aqueles que, por algum motivo, não puderem voltar, seguem contando com a opção do ensino remoto.

Nas escolas, a adesão pelas aulas presenciais tem surpreendido. Longe de ser um grande empecilho, o protocolo das chamadas "bolhas" ou "células" não tirou de boa parte dos alunos a vontade de estar de volta junto a colegas e professores para vivenciar o ambiente acadêmico (se seu filho é daqueles que não querem voltar, a matéria a seguir vem bem a calhar). Apesar de permanecer "cada um no seu quadrado", respeitando o distanciamento entre as carteiras, a motivação nunca esteve tão em alta. "A escola tem sido imensamente valorizada. Está claro para a sociedade o quanto essa instituição é importante para a construção de conhecimento e o compartilhamento de experiências", diz Daniele Passagli, diretora geral do Coleguium.

Com mais de 20 unidades, a maioria delas em Belo Horizonte, a rede possui escolas com 400 a 900 alunos cada, do infantil ao ensino médio, e apesar do desafio ser grande, a adaptação às novas normas têm transcorrido com tranquilidade. "As turmas foram divididas em A e B e passaram a fazer revezamento semanal. Enquanto uma bolha assiste à aula presencial, a outra segue com as aulas online em casa". O objetivo, diz Daniele,  é diminuir o fluxo de alunos no mesmo período. "Alguns deles já querem até trocar para poder estar na escola", brinca ela. Segundo o protocolo, cada bolha pode ter até doze alunos por sala, podendo ser ampliado, desde que o distanciamento exigido seja respeitado.

No Colégio Edna Roriz, até o quinto ano as aulas presenciais estão sendo diárias. O número reduzido de alunos já é uma característica da instituição:
No Colégio Edna Roriz, até o quinto ano as aulas presenciais estão sendo diárias. O número reduzido de alunos já é uma característica da instituição: "São no máximo de 10 a 12 alunos divididos em salas que nos permitem manter os grupos separados", diz a coordenadora pedagógica, Maria Alice Viotti (foto: Paulo Márcio/Encontro)
Na organização feita pelas escolas é cada grupo por si mesmo, com professores específicos, horário determinado para entrar e sair, recreio individual para cada bolha, lanche levado de casa e nenhum contato físico. Medidas necessárias para evitar a disseminação da Covid-19 e facilitar a identificação imediata de sintomas relacionados, entre eles febre e coriza. Em todo o estado, estão autorizadas a retomada das atividades presenciais de 1.384 escolas, em 226 municípios, com cerca de 326 mil estudantes matriculados. Na capital mineira, a maioria das instituições já havia iniciado as adaptações para o ensino presencial no final de 2020.

Mesmo não sendo consenso entre todas as entidades representativas da classe, o retorno às aulas presenciais após longos meses de isolamento social tem mostrado um amadurecimento tanto de pais quanto de alunos. "O meu comprometimento com a aula on-line não é dos melhores. Para mim foi muito difícil manter um compromisso escolar nesse período, ainda mais fazendo a transição dos estudos da Alemanha, onde morei, para cá", conta Henrique Vasconcellos Borlido, 17 anos, aluno da 2ª série do ensino médio. "Minha primeira semana de presencial foi tudo de bom. O contato direto com o professor é uma experiência indispensável. Voltei focado", diz. A mãe, a arquiteta Juliana Lima Vasconcellos, reforça que a interação com o professor é fundamental para Henrique. "É o que capta a sua atenção e aumenta o seu envolvimento".

No Colégio Edna Roriz, até o quinto ano as aulas presenciais estão sendo diárias. Tanto no infantil quanto no fundamental 1 não foi necessário fazer bolhas, já que o número reduzido de alunos, cerca de 200 no total, já é uma característica da instituição. "Essas turmas têm no máximo de 10 a 12 alunos divididas em salas que nos permitem manter os grupos separados", diz a coordenadora pedagógica, Maria Alice Viotti. Já no fundamental 2 e médio foram formados dois grupos por turma, que assistem aulas presenciais em dias alternados. Com aulas de 40 minutos, os estudantes permanecem na escola por até quatro horas. "Já estamos iniciando a transição para o horário normal de quatro horas e meia", diz ela.

Para os pequeninos, menores de 3 anos, se relacionar com professores usando máscara gera um maior estranhamento:
Para os pequeninos, menores de 3 anos, se relacionar com professores usando máscara gera um maior estranhamento: "Nessa faixa etária a criança precisa muito da percepção do outro, de conhecer o rosto do adulto para adquirir segurança. Mas nada que com carinho e cuidado não se resolva", diz Alice Assis, diretora pedagógica da Escola Infantil Montessori (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
A professora Kamile Macedo Félix, mãe do aluno do oitavo ano Marcelo Félix Gomes Junior, de 13 anos, diz que se sente tranquila com o retorno às aulas e os protocolos adotados. Para ela, as reuniões orientando pais e alunos sobre os cuidados necessários foram muito proveitosas e esclarecedoras. "Eu me sinto segura e o meu filho também". Na Escola Infantil Montessori, o protocolo das bolhas não chega a ser um problema. Com espaço amplo e parque para atividades ao ar livre, é mais fácil coordenar a criançada. Ao todo são 93 alunos com idade entre 1 e 6 anos, divididos em turno da manhã e tarde.

Para os menores de 3 anos, se relacionar com professores usando máscara gera um maior estranhamento. "Nessa faixa etária a criança precisa muito da percepção do outro, de conhecer o rosto do adulto para adquirir segurança. Mas nada que com carinho e cuidado não se resolva", diz a diretora pedagógica  Alice Assis. Outro desafio, diz ela, é vencer a vontade dos pequenos que insistem em querer interagir com os coleguinhas de outros grupos. Um desejo que todos esperam, em breve, poder realizar.

Clique aqui e confira o protocolo de volta às aulas da Prefeitura de Belo Horizonte

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