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Estado de Minas BEM-ESTAR

Belo-horizontino conta a sua batalha contra o câncer na semana em que se comemora o Dia Mundial de Cuidados Paliativos

A data é celebrada no dia 13 de outubro


postado em 15/10/2018 08:00 / atualizado em 15/10/2018 11:45

Mesmo enfrentando tantas adversidades, Dênio Caeiro da Silva encontrou forças para ir com a esposa, Maria Murtz, ao show da banda de rock U2 em 2017.
Mesmo enfrentando tantas adversidades, Dênio Caeiro da Silva encontrou forças para ir com a esposa, Maria Murtz, ao show da banda de rock U2 em 2017. "Coisas fantásticas tem acontecido comigo depois do câncer. E eu só tenho a agradecer", diz (foto: Arquivo Pessoal/Divulgação)

O que esperar do futuro quando o corpo entra em decadência física? Quando, de repente, a notícia de uma grave doença muda todos os seus planos e perspectivas? Em 2016, a vida do técnico em eletrônica Dênio Caeiro da Silva, 53 anos, natural de Belo Horizonte, desmoronou. O diagnóstico de um câncer renal, o carcinoma de células claras, já em estágio avançado, abalou a família. Mal sabia ele que dali por diante seriam travadas várias batalhas e a luta, estava apenas começando. Pouco tempo depois, outra constatação. A doença tinha se espalhado e atingido o pulmão. As dores, cada vez mais fortes, eram controladas apenas com o uso de drogas como a morfina e a codeína. Em oito meses, o homem que sempre foi conhecido por sua alegria e disposição perdeu mais de 30 quilos, já não conseguia andar sozinho e tinha muitas dificuldades para respirar. "Após meses de desespero e choro, eu e minha esposa já estávamos nos preparando para a minha partida. Eu acreditava que era a única saída para acabar com tanto sofrimento”, lembra ele.

O tratamento realizado pela equipe de oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG/EBSERH já não surtia efeito. Foi neste período que Dênio foi apresentado à equipe de Cuidados Paliativos sem saber ao certo o que aquilo significava. "Só me dei conta da realidade quando soube que a equipe era destinada à pacientes com doenças incuráveis ou terminais", diz. O objetivo, de fato, é melhorar a qualidade de vida dos pacientes lhes proporcionando conforto, acolhimento e entendimento, além de prestar apoio aos familiares. No dia 13 de outubro, o Dia Mundial de Cuidados Paliativos é celebrado por meio da campanha "Cuidados Paliativos – Porque Eu importo". O que significa que eles, os doentes, não estão sozinhos e são importantes até o último momento de suas vidas. As enfermidades não tiram o seu valor.
O médico geriatra Fabiano Moraes Pereira junto à equipe de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas.
O médico geriatra Fabiano Moraes Pereira junto à equipe de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas. "Não se trata da morte, mas sim, sobre como se viver bem até o fim" (foto: HC/UFMG/Divulgação)

Através da experiência vivida por milhares de pessoas que tiveram suas vidas afetadas por doenças graves, constatou-se as diversas necessidades dos pacientes e seus familiares nos aspectos médicos, sociais, psicológicos, espirituais e financeiros. E a busca pela conscientização sobre a importância dos Cuidados Paliativos e a necessidade de investimento na área tornou-se cada dia mais crescente.  Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 20 milhões de pessoas no mundo necessitam de receber Cuidados Paliativos diante de uma doença que limita a vida, mas apenas uma minoria delas tem acesso. Um dos fundadores da equipe de cuidados paliativos do HC, o médico geriatra Fabiano Moraes Pereira, se dedica a levar esperança e alegria aos pacientes em seus momentos mais dolorosos. "As pessoas precisam ter consciência de suas necessidades e direito de viver e morrer de forma digna", diz ele. "Os cuidados paliativos não são sobre a morte, mas sim, sobre como se viver bem até o fim”.

Após quase três anos da descoberta da doença, Dênio comemora o fato de estar vivo e já conseguir fazer pequenas caminhadas, respirar melhor e não precisar mais de tomar medicamentos para dor. O apoio dos amigos e familiares, da equipe de oncologia e da equipe de cuidados paliativos do Hospital das Clínicas renovou suas forças e vontade de viver. "Eu não seria nada sem eles. Jamais vou me esquecer do abraço que o Dr Fabiano me deu na primeira vez que entrei no seu consultório. Me senti amparado e amado”, diz. A esposa, Maria Mutz, 55 anos, é sua grande companheira e mesmo enfrentando tantas adversidades, em outubro de 2017 o ajudou a realizar um grande sonho: ir ao show da banda de rock irlandesa U2 em São Paulo. "Por incrível que pareça, coisas fantásticas tem acontecido comigo depois do câncer. E eu só tenho a agradecer", diz Dênio.

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