Publicidade

Estado de Minas ESPECIAL NOVO CORONAVÍRUS

Confira cinco fatos importantes sobre a hipertensão

Saiba mais sobre a doença que acomete 1/3 da população mundial e é considerada fator de risco para a Covid-19


postado em 26/04/2020 00:03 / atualizado em 26/04/2020 00:34

Cerca de 30% dos casos graves de covid-19 na China eram de pacientes hipertensos, segundo a cardiologista Daniela Linares Gaspar(foto: Pixabay)
Cerca de 30% dos casos graves de covid-19 na China eram de pacientes hipertensos, segundo a cardiologista Daniela Linares Gaspar (foto: Pixabay)
O dia 26 de abril, no calendário brasileiro, é voltado para a prevenção e o combate à hipertensão arterial. A importância da data não é pouca: pelo menos um terço da população mundial é hipertensa, taxa que pode chegar a até 75% no caso de pessoas acima de 70 anos. Além disso, a popularmente chamada "pressão alta" é uma das principais causas de problemas cardiovasculares, contribuindo para a ocorrência de doenças graves, como infarto e AVC, entre outros quadros sérios, como problemas renais (é um das principais causas de falência renal com necessidade de hemodiálise) e até contribuindo para demência em idosos.

A hipertensão também tem estado em pauta nos últimos tempos, por ser um dos fatores de risco para a Covid-19. "Apesar de ainda não estar claro o motivo exato, ela tem estado associada à evolução com maior gravidade da doença", explica a cardiologista Daniela Linares Gaspar. "Cerca de 30% dos casos graves na China eram de pacientes hipertensos", afirma.

A boa notícia é que transformar o modo de vida para uma rotina mais saudável, com exercícios físicos e alimentação equilibrada, tem efeito real na prevenção e até retardamento da hipertensão. Além, claro, de acompanhamento médico para se saber se a famosa "pressão 12/8" está em dia.

Confira cinco fatos importantes sobre a hipertensão:

1) A hipertensão é resultado de fatores genéticos e comportamentais

A maior parte dos casos (cerca de 90-95%) não tem uma causa bem definida. São justamente resultado da interação entre fatores genéticos e comportamentais ao longo do tempo. Apenas 5 a 10% dos pacientes têm uma causa definida para elevação da pressão, a chamada hipertensão secundária, que costuma melhorar após o tratamento do que está desencadeando a elevação da pressão (tumor, desordem hormonal, uso de algum medicamento ou problema renal, por exemplo).

2) Mudança de hábitos pode influenciar positivamente na condição

O aumento de peso está diretamente relacionado ao aumento da pressão, tanto em adultos quanto em crianças, e a perda do peso também reduz a pressão. "Sabemos ainda que indivíduos ativos apresentam risco 30% menor de desenvolver hipertensão arterial do que os sedentários, e o aumento da atividade física diária reduz a pressão arterial", diz Daniela. Em alguns casos, principalmente nos casos mais leves, explica, se a pessoa modificar seu estilo de vida, é possível até que melhore a hipertensão (por exemplo, pessoas obesas que perdem muito peso e passam a fazer atividade física podem não precisar mais tomar medicamentos para hipertensão - ainda que, com o envelhecimento, voltem a necessitar dos medicamentos).

3) Hipertensão é uma doença silenciosa

"Como a pressão vai se elevando lenta e gradativamente, o organismo da pessoa ‘se acostuma", diz a cardiologista. E esse, segundo ela, é o grande perigo, já que o paciente pode não se sentir motivado a fazer o uso correto dos medicamentos ou pode demorar a descobrir a hipertensão. "O preço de não controlar adequadamente a pressão geralmente é cobrado cerca de 10 anos após o início da doença, que é quando costumam surgir as complicações", afirma. Caso a pressão suba de forma súbita, Daniela explica que a pessoa pode sentir dor de cabeça intensa, alterações visuais, dor no peito ou falta de ar, e que é preciso procurar atendimento médico imediato.

4) É fator de risco para Covid-19

Segundo Daniela, a hipertensão é associada a uma evolução mais grave da Covid-19, mas ainda não se sabe exatamente o porquê. "Cerca de 30% dos casos graves na China eram de pacientes hipertensos, mas ainda não ficou claro se essas pessoas também tinham outros problemas de saúde, já que raramente a hipertensão é um fator isolado e costuma estar associada a diabetes, obesidade e outros fatores, como faixa etária mais velha", explica. Daniela ressalta, ainda, que uma das hipóteses está voltada para o fato de que o novo coronavírus usa um receptor de célula que se encontra alterado em pacientes hipertensos. "Mas isso ainda é uma teoria que não foi comprovada, e são necessários mais estudos para esse esclarecimento, uma vez que é uma doença muito nova", afirma.

5) Mesmo em isolamento, é preciso manter os cuidados com hábitos de vida e o acompanhamento médico

Devido ao distanciamento social, pacientes com necessidade de acompanhamento médico podem ter decidido não ir a consultas de controle - o que inclui pacientes hipertensos. Segundo Daniela, é essencial que essas pessoas mantenham o uso dos medicamentos que lhes foram prescritos e entrem em contato com o médico para renovação de receitas ou teleatendimento. Devem também atentar para não afrouxar os cuidados com a alimentação e se esforçar para, adaptando ao que pode ser feito em casa, se manter ativos. "Devem também buscar formas de aliviar o estresse, como meditação, contato (mesmo que por telefone) com amigos e familiares, religiosidade, desligar um pouco dos assuntos estressantes e procurar fazer atividades prazerosas", afirma.

A cardiologista lembra, ainda que, o governo aumentou para um ano a validade das receitas dos medicamentos de uso crônico, permitindo que as pessoas usem as receitas na farmácia popular por um prazo maior. Também foi liberada a prescrição a distância (existe uma plataforma para que o médico possa fazer essas receitas), para que as pessoas não fiquem sem seu tratamento adequado neste período. 

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade