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Estado de Minas SAÚDE OCULAR

Campanha Maio Verde chama a atenção para o glaucoma

Especialistas alertam que a doença é silenciosa e pode levar à cegueira


postado em 25/05/2021 00:09 / atualizado em 25/05/2021 00:17

(foto: Freepik)
(foto: Freepik)
O glaucoma é uma principais causas de cegueira irreversível no mundo, de acordo com entidades médicas. Como não há manifestação de sintomas no início, pode levar anos até que o paciente perceba que teve uma baixa na visão, podendo ser tarde demais. Por isso, o dia 26 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma - a data é um marco do Maio Verde, campanha que visa chamar atenção da população para essa perigosa doença ocular.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima 64 milhões de pessoas em todo planeta com alguma forma de deficiência visual ocasionada pelo glaucoma. Deste número, 6,9 milhões de indivíduos sofrem com dificuldade de visão moderada, grave ou total (cegueira), consequências das manifestações mais graves do problema. Na projeção da OMS para 2040, serão mais de 111 milhões de pessoas acometidas pelo glaucoma.

No Brasil, uma pesquisa de 2019, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra mais de 6,5 milhões de habitantes com alguma forma de problema visual, dentre os quais 600 mil são cegos. Os casos de glaucoma no país ultrapassam a marca de 1 milhão atualmente. A doença é a maior causa de cegueira irreversível no mundo - a primeira é a catarata. Por isso mesmo, se faz tão importante falar sobre o tema.

As oftalmologistas Dannielle Curi Samaha Garcia (esq.) e Erika Yumi Tomioka Umbelino, da clínica Neo, de Belo Horizonte(foto: Leca Novo/Divulgação)
As oftalmologistas Dannielle Curi Samaha Garcia (esq.) e Erika Yumi Tomioka Umbelino, da clínica Neo, de Belo Horizonte (foto: Leca Novo/Divulgação)
Glaucoma primário de ângulo aberto

Dentre os tipos existentes de glaucoma, o mais recorrente é o chamado glaucoma primário de ângulo aberto, que responde por cerca de 80% dos casos. "É uma doença ocular crônica, com o aumento progressivo da pressão intraocular ao longo do tempo, que começa a causar danos ao nervo óptico, estrutura responsável pela visão", explica A oftalmologista Dannielle Curi Samaha Garcia, da clínica Neo Oftalmologia - unidade Vila da Serra, de Belo Horizonte.

Fatores de risco

Há alguns fatores de risco que predispõem o glaucoma. A médica cita: idade avançada (essencialmente a partir dos 40 anos), hipertensão ocular, miopia elevada (acima dos 6 graus), hereditariedade, raça (é mais frequente entre negros e asiáticos). "Os pacientes que estão em algum desses grupos precisam tomar cuidado e fazer a investigação ainda mais a fundo", reforça Erika Yumi Tomioka Umbelino, também especialista da Neo Oftalmologia.

Dannielle alerta que em 80% dos casos o glaucoma não provoca sintomas no início e o paciente só começa a perceber algum problema quando mais da metade de seu campo visual já foi comprometido. "Isso reforça a necessidade de visitas anuais ao oftalmologista. Só assim o glaucoma poderá ser detectado no começo, e quanto mais cedo começar o tratamento, menos lesões vão ocorrer no nervo ótico, e menor será a probabilidade da pessoa ficar cega. Um tratamento precoce e adequado vai permitir uma visão para toda a vida", recomenda a oftalmologista. "A baixa da visão é gradativa, progressiva e normalmente periférica. Então o paciente não percebe. Por isso é uma doença silenciosa. Realizar um exame oftalmológico bem feito é primordial".

Erika completa que não ter ciência do problema é o grande perigo. Ela ressalta que é comum chegarem pacientes ao consultório na fase terminal da doença: "Não saber que tem glaucoma, considerado irreversível, é perigoso. Isso é muito comum principalmente em cidades do interior onde não há ações de divulgação e conscientização entre a população".

Glaucoma de ângulo fechado

Entre os demais tipos de glaucoma, o denominado de ângulo fechado pode acontecer de maneira aguda, com um aumento grave, veloz e doloroso na pressão intraocular; enquanto o glaucoma congênito é hereditário e pode ter início logo após o nascimento. Esta é uma forma mais rara, manifestada geralmente entre os 3 e 4 anos de idade e, quando descoberta, a doença deve ser tratada imediatamente. O glaucoma congênito geralmente ocasiona fotofobia, lacrimejamento e aumento do tamanho do globo ocular. Por sua vez, o chamado glaucoma secundário pode ser causado por traumas, inflamação ou tumor intraocular.

Prevenção e controle

Dannielle e Erika lembram que o glaucoma não tem cura, mas é possível prevení-lo e controlá-lo. O tratamento inicialmente é clínico, medicamentoso - com o uso de colírios hipotensores, para diminuir a pressão intraocular. Nos casos resistentes ao tratamento clínico, é indicada a SLT (sigla em inglês para trabeculoplastia seletiva a laser) ou a cirurgia, e, em certos casos, a associação entre os dois tratamentos. "Em relação aos procedimentos cirúrgicos, são divididos em cirurgias tradicionais e micro cirurgias, que são as mais modernas, hoje, indicadas para o glaucoma", explica Erika.

A oftalmologista Adriana Bonfioli, do Grupo Awor Saúde(foto: Divulgação)
A oftalmologista Adriana Bonfioli, do Grupo Awor Saúde (foto: Divulgação)
Diagnóstico

O diagnóstico do glaucoma é feito através dos exames chamados de fundo de olho e a avaliação criteriosa do nervo óptico, aferição da pressão intraocular e detecção de alterações no campo visual. "De acordo com a gravidade do glaucoma, o paciente diagnosticado com a doença é acompanhado com novos exames a cada seis meses ou anualmente, para observarmos a sua evolução. Se a pressão dentro do olho for controlada, há menos chance de o paciente evoluir para a perda do campo de visão ou cegueira. A grande questão é a dificuldade em se perceber sinais, já que não coça, não dói, não lacrimeja, não arde, o que faz com que o indivíduo não procure um profissional para a prevenção", diz Erika.

A especialista em oftalmologia e diretora administrativa do Grupo Awor Saúde, Adriana Bonfioli, reforça que o diagnóstico precoce é fundamental, mas também alerta que, hoje em dia, muitos exames são realizados sem necessidade. "É muito frequente a indicação da propedêutica de glaucoma, que engloba seis ou mais exames, para todos os pacientes considerados suspeitos. Porém, quando os pacientes são avaliados por um especialista, raramente existe a indicação de todos eles de uma só vez. Cada caso é único, com necessidades específicas para o seu diagnóstico e o acompanhamento", alerta.

Importância de se consultar em meio à pandemia de Covid-19

"Mesmo durante a pandemia, a saúde dos olhos não pode ser negligenciada. É imprescindível manter a rotina de consultas ao oftalmologista, seguindo as medidas de prevenção ao coronavírus, que é uma atenção que temos em tempo integral na nossa clínica", conclui o diretor técnico médico da Neo, Leonardo Romano Tibúrcio.

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