Publicidade

Estado de Minas CÂNCER

Saiba como funciona a CAR-T Cell, técnica usada contra linfoma não-Hodgkin

Casos da doença dobraram no Brasil nas duas últimas décadas


postado em 11/08/2022 21:41

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Estudo realizado pelo Observatório da Oncologia sobre diagnóstico de linfomas e mortalidade em pacientes atendidos pelo SUS identificou mais de 90 mil casos da doença entre 2010 e 2020, prevalecendo o linfoma não-Hodgkin (74%), e um aumento de 26,8% de óbitos entre 2010 e 2019. O levantamento observou que o número de casos de linfoma não-Hodgkin duplicou nos últimos 25 anos, especialmente no grupo etário acima de 60 anos.

O hematologista do Grupo Oncoclínicas Belo Horizonte, Wellington Azevedo, acredita que o crescimento da ocorrência de linfomas não-Hodgkin pode estar associado a múltiplos fatores, como infecções virais e envelhecimento da população. Já o%u200Bs linfomas de Hodgkin são mais comuns entre os 15 e 35 anos, com um segundo pico de incidência em pessoas com idade superior a 55 anos. "Além disso, ambos podem estar relacionados a doenças genéticas hereditárias que comprometem o sistema imunológico, infecções crônicas, exposição a produtos químicos, uso de drogas imunossupressoras e histórico familiar da doença", informa.

O diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos avançados são as principais armas para mudar as estatísticas. A neoplasia atinge as células de defesa do sangue e tem mais de 60 tipos diferentes, classificados de acordo com a célula da qual se originam e o grau de agressividade. Os sintomas são variáveis e podem ser confundidos com algumas infecções, daí a necessidade de não subestimar nenhum incômodo, como salienta Wellington Azevedo.

"Os linfomas podem surgir em qualquer órgão do corpo, porém são mais frequentes no sistema linfático, quando os linfócitos (glóbulos brancos - responsáveis por produzir anticorpos e atacar as células infectadas por vírus, bactérias e outros perigos) se proliferam de maneira descontrolada. Ao perceber presença de ínguas %u200Bpersistentes (aumento dos gânglios linfáticos ou linfonodos) no pescoço, axilas ou virilha, acompanhadas de febre e suores noturnos, fadiga, perda de peso e coceira na pele busque um médico", orienta.

A terapêutica dependerá do tipo%u200B de linfoma, estadiamento e %u200Bidade do paciente: "Para os portadores de linfomas que sofrem recidiva ou que não respondem ao tratamento inicial, %u200B o transplante de medula óssea pode ser empregado. Já a terapia celular CAR-T Cell, recém-chegada ao país, é indicada para alguns tipos de linfoma não-Hodgkin que não respondem ao tratamento com o transplante de medula óssea ou que não podem ser submetidos a ele", descreve Wellington Azevedo.

%u200BTécnica CAR-T Cell revoluciona tratamento contra o câncer hematológico

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou os dois primeiros registros sanitários no país de um tratamento medicamentoso avançado para câncer hematológico. Os produtos representam uma terapia gênica baseada em células T de receptores de antígenos quiméricos (CAR), as chamadas "células CAR-T", feitos pelas empresas farmacêuticas Novartis e Janssen-Cilag Farmacêutica, respectivamente.

O primeiro deles, aprovado em 23 de fevereiro, foi batizado de Kymriah@ e é fruto de uma combinação de terapia gênica, imunoterapia e terapia celular indicado para o tratamento de pacientes pediátricos e adultos jovens (até 25 anos de idade) com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) de células B refratária ou a partir da segunda recidiva. Além disso, também pode ser recomendado para pacientes adultos com Linfoma Difuso de Grandes Células B (LDGCB), recidivado ou refratário, após duas ou mais linhas de terapias sistêmicas.

Já em abril, a reguladora deu seu aval para o uso no país do Carvykt@, recomendado como alternativa para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo, tipo de tumor que atinge os plasmócitos, células da medula óssea.

Como funciona a CAR-T Cell

Os linfócitos T são produzidos na medula óssea e têm inúmeras funções, tais como eliminar infecções, destruir células anormais e infectadas por vírus ou bactérias. A tecnologia CAR-T Cell consiste em usar células do próprio paciente e geneticamente modificá-las em laboratório para combater o câncer. A estratégia consiste, de forma simplificada, em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor e atacá-lo de forma contínua e específica.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade