“Política é como nuvem”, gostava de repetir o ex-governador Magalhães Pinto. “Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. O ensinamento do saudoso político mineiro resume o clima que está norteando as eleições municipais deste ano em Belo Horizonte. Mudanças, muitas mudanças, no cenário eleitoral nos últimos dias. Durante meses, PSB, PT e PSDB fizeram infindáveis reuniões na tentativa de aparar arestas e repetir, nas eleições de 2012, a vitoriosa aliança que elegeu o prefeito Marcio Lacerda há quatro anos.
A equação parecia simples. E a vitória de Lacerda, uma questão de tempo: com grande aprovação popular, a sucessão municipal tinha se transformado num mero referendo. A reeleição de Lacerda parecia agradar a todo espectro político: afinal, se o dito popular está certo e “em time que está ganhando não se mexe”, por que desfazer o acordo feito entre o ex-prefeito e atual ministro Fernando Pimentel e o senador Aécio Neves? Governos estadual e municipal viveram, assim, durante quatro longos anos, um feliz casamento.
Mas a inusitada aliança entre petistas e tucanos chegou ao fim. Antecipando a sucessão presidencial de 2014, os dois grupos hegemônicos, que há quase duas décadas dominam a política brasileira se alternando no poder, vão medir forças já a partir das eleições da capital mineira.
A origem desse rompimento? Ainda é cedo para saber ao certo. E os analistas políticos fazem muitas especulações. Muitas, diga-se de passagem, sem nenhum fundamento. Como no fim de um casamento, as duas partes saíram agredindo-se mutuamente, com palavras duras.
O senador Aécio Neves tem a sua versão. Em reunião realizada ontem (5 de julho), onde apresentou oficialmente o novo vice de Marcio Lacerda, o deputado estadual Délio Malheiros, do Partido Verde, Aécio acusou o PT de tentar nacionalizar a disputa na capital. “Toda vez que o PT tem que optar entre o Brasil e o PT, o PT fica com o PT”, ironizou. “Até a semana passada, eles diziam que o Lacerda era um excelente prefeito. E que recebia elogios públicos até da presidente Dilma. Em menos de 48 horas, depois da Convenção do PSB, no último sábado, eles mudaram totalmente de opinião”, disse o senador.
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O homem do diálogo |
Aécio se referia ao encontro do PSB, dia 30 de junho, na Assembleia Lesgislativa de Minas, e que serviria para selar a aliança. Depois de ter aprovado em convenção o nome do deputado federal Miguel Corrêa (perfil da edição de julho da revista Encontro), como vice na chapa de Lacerda, o PT resolveu, na última hora, romper a aliança. Desconsiderando a vontade da maioria do partido, os diretórios municipal e estadual petistas resolveram lançar candidatura própria. Toda a cidade foi surpreendida com a quebra da aliança.
Assim nasceu a candidatura de Patrus Ananias, que terá como vice o ex-presidente da Eletrobrás, o peemedebista histórico Aloísio Vasconcelos.
Confira as entrevistas, na íntegra, de Aécio Neves e Patrus Ananias :
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