Revista Encontro

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O jogo mudou

João Pombo Barile
None - Foto: Júnia Garrido, Maira Vieira e Eugênio Gurgel/Montagem João Paulo Martins

“Política é como nuvem”, gostava de repetir o ex-governador Magalhães Pinto. “Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. O ensinamento do saudoso político mineiro resume o clima que está norteando as eleições municipais deste ano em Belo Horizonte. Mudanças, muitas mudanças, no cenário eleitoral nos últimos dias. Durante meses, PSB, PT e PSDB fizeram infindáveis reuniões na tentativa de aparar arestas e repetir, nas eleições de 2012, a vitoriosa aliança que elegeu o prefeito Marcio Lacerda há quatro anos.

 

A equação parecia simples. E a vitória de Lacerda, uma questão de tempo: com grande aprovação popular, a sucessão municipal tinha se transformado num mero referendo. A reeleição de Lacerda parecia agradar a todo espectro político: afinal, se o dito popular está certo e “em time que está ganhando não se mexe”, por que desfazer o acordo feito entre o ex-prefeito e atual ministro Fernando Pimentel e o senador Aécio Neves? Governos estadual e municipal viveram, assim, durante quatro longos anos, um feliz casamento.

E sempre com o mesmo discurso: tudo por BH.

 

Mas a inusitada aliança entre petistas e tucanos chegou ao fim. Antecipando a sucessão presidencial de 2014, os dois grupos hegemônicos, que há quase duas décadas dominam a política brasileira se alternando no poder, vão medir forças já a partir das eleições da capital mineira.

 

A origem desse rompimento? Ainda é cedo para saber ao certo. E os analistas políticos fazem muitas especulações. Muitas, diga-se de passagem, sem nenhum fundamento. Como no fim de um casamento, as duas partes saíram agredindo-se mutuamente, com palavras duras.

 

O senador Aécio Neves tem a sua versão. Em reunião realizada ontem (5 de julho), onde apresentou oficialmente o novo vice de Marcio Lacerda, o deputado estadual Délio Malheiros, do Partido Verde, Aécio acusou o PT de tentar nacionalizar a disputa na capital. “Toda vez que o PT tem que optar entre o Brasil e o PT, o PT fica com o PT”, ironizou. “Até a semana passada, eles diziam que o Lacerda era um excelente prefeito. E que recebia elogios públicos até da presidente Dilma. Em menos de 48 horas, depois da Convenção do PSB, no último sábado, eles mudaram totalmente de opinião”, disse o senador. 

 
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Aécio se referia ao encontro do PSB, dia 30 de junho, na Assembleia Lesgislativa de Minas, e que serviria para selar a aliança. Depois de ter aprovado em convenção o nome do deputado federal Miguel Corrêa (perfil da edição de julho da revista Encontro), como vice na chapa de Lacerda, o PT resolveu, na última hora, romper a aliança. Desconsiderando a vontade da maioria do partido, os diretórios municipal e estadual petistas resolveram lançar candidatura própria. Toda a cidade foi surpreendida com a quebra da aliança.

 

Assim nasceu a candidatura de Patrus Ananias, que terá como vice o ex-presidente da Eletrobrás, o peemedebista histórico Aloísio Vasconcelos.

Patrus, durante o pedido de registro de sua candidatura, não escondia a felicidade de ser novamente candidato. “Tenho uma relação afetiva, profunda e amorosa com Belo Horizonte”, disse o ex-prefeito. O político petista também aproveitou a coletiva para deixar bem claro qual será a posição do PT em relação à disputa municipal: “Vamos disputar o comando da capital de Minas. E os caminhos do Brasil passam por Belo Horizonte”, afirmou o ex-ministro Patrus, dando a entender que a eleição de 2012 será um ensaio para 2014. O velho Magalhães Pinto tinha mesmo razão. Política é mesmo como nuvem.

 

Confira as entrevistas, na íntegra, de Aécio Neves e Patrus Ananias :

 

 

 

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