"São Paulo e Rio de Janeiro têm um aeroporto internacional e um aeroporto central, que fazem operações de curta distância e ponte aérea, mas nós não temos essa pretensão", afirma Silvério Gonçalves, de 57 anos, superintendente do aeroporto da Pampulha. Mineiro de Barbacena e formado em engenharia elétrica pela PUC Minas, ele assumiu o cargo há dois anos e meio. Na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) desde 1986, tendo trabalhado em Belo Horizonte – na Pampulha e em Confins – e em cidades como Brasília, Recife, Uberaba e Vitória, Silvério resume o papel que hoje cabe ao aeroporto. "Quando boa parte dos voos foi para Confins, em 2005, as operações aqui foram reduzidas para fomentar a conectividade do aeroporto internacional.
É preciso destacar que esse suposto "antagonismo" entre os aeroportos vem de longa data: desde 1984, início das operações do terminal internacional. Se em 1983 a Pampulha registrava movimento anual de 1,15 milhão de passageiros, no ano seguinte, Confins absorveu 95% do movimento. O ciclo de estagnação só se rompeu no início da década de 1990, quando foi permitida a utilização de modernas aeronaves a jato ligando a Pampulha a outras capitais. Ano após ano, a Pampulha passou a ser mais procurada, chegando ao recorde de 3,2 milhões de passageiros em 2004. Foi quando soou um alarme. Pressionada pela possível diminuição de voos em Confins – onde haviam sido feitos investimentos milionários –, a Anac deu um jeito de "cortar as asinhas" da Pampulha.
A tendência é de que esses números cresçam um pouco mais se solucionados alguns problemas. "Temos de manter a agilidade do terminal e garantir o conforto, sem filas, sem corredor entupido de gente. Queremos, sim, que o aeroporto tenha desenvolvimento, com voos para novos destinos, mas dentro de um limite", acrescenta Silvério, ressaltando que a capacidade máxima atual seria de 1,5 milhão de passageiros/ano. Mais que isso, seria problema na certa. "Operar 3,2 milhões de passageiros na Pampulha foi um desacerto, um descompasso.
O superintendente do aeroporto destaca que a Infraero, em parceria com o governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), está concluindo o novo plano diretor do aeroporto. Além disso, a entidade finaliza plano de reforma para dar mais espaço à área de embarque e reformular os banheiros. Esse projeto conta ainda com a incorporação da área que hoje é do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica e prevê a ampliação do pátio de aeronaves e das áreas de hangaragem. A previsão de despesas para a reforma não foi revelada. "Nossa intenção é fazer as obras depois da Copa do Mundo", revela o superintendente.
A chegada da Copa do Mundo, inclusive, é um assunto espinhoso. Recentemente, receoso de as obras do segundo terminal de passageiros de Confins não serem concluídas a tempo, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) admitiu até a possibilidade de a Pampulha voltar a receber grandes aeronaves durante o evento. Silvério sequer cogita essa possibilidade: "Não vai haver esta necessidade. Se houver algum tipo de obra atrasada em Confins, serão coisas pequenas, que não vão interferir nos voos", prevê.
Polêmicas à parte, é pouco provável que o aeroporto da Pampulha seja sucateado, mesmo que não receba tantos investimentos quanto Confins. O superintendente Silvério Gonçalves também explica: "Ninguém pode pensar que o aeroporto da Pampulha vai deixar de existir. Hoje geramos cerca de 2 mil empregos diretos.
Poluição sonora
Rogério compreende que a situação é complexa e fica até difícil apontar os ‘culpados’ pelo problema. "Sabemos que o aeroporto está aqui desde 1933 e o bairro só foi desenvolvido na década de 1960. Teoricamente, então, o bairro é que não poderia estar aqui. O que ocorreu foi uma falta de planejamento e de ação das autoridades. Agora a cidade está do lado do aeroporto e não dá para tirá-la. Somos obrigados a conviver com este tipo de poluição e não há nada que possamos fazer", lamenta.
Como o 'estrago' já está feito, a intenção é ao menos minimizar os impactos. O grupo já recorreu a vários órgãos, mas ainda não obteve sucesso. Silvério Gonçalves, superintendente do aeroporto, garante que as reivindicações dos moradores são levadas a sério. "Temos muito cuidado com as reclamações dos vizinhos. A Infraero tem uma política de preservação de área muito grande e estamos sempre monitorando as fontes de ruído. O foco é tornar o aeroporto amigável com a população. Temos que desenvolver o aeroporto, mas sempre atentos à população ao redor para não criar conflito", pondera Silvério.