Aprovada no Orçamento Participativo de 2010, a reforma desse campo de futebol amador deve, finalmente, sair do papel, ainda neste ano. Estão previstas no projeto a instalação de arquibancadas, a construção de novos vestiários e a revitalização das cabines de rádio.
Incoformado em ver sua região sem uma equipe, João Pereira dos Santos, o João Baiano, que era zagueiro do time do seu sogro criou, em 10 de outubro de 2001, o Januarense, que disputa nas categorias infantil juvenil e amador. O nome é uma homenagem à sua cidade natal, Januária, na Bahia. Quando o assunto é futebol, uma das referências, é claro, é o falecido sogro. “O Careca era um cara muito humilde e batalhador. Apesar de não poder pagar do próprio bolso, sempre providenciava um lanche após os jogos ”, relembra.
Assim como acontecia com Careca, hoje João é um verdadeiro faz-tudo: além de dirigente, joga, faz as vezes de roupeiro – às segundas-feiras lava seis jogos de uniformes – e ainda ataca de zelador do estádio. Apesar do sufoco, diz que vale a pena e só lamenta algumas mudanças. “O mal do futebol de hoje é o dinheiro. Aqui não pago cachê, cada um traz sua chuteira e só dou o lanche, que consigo pagar graças a uma ajuda do dono do açougue. Só que tem time amador por aí que paga até R$ 2 mil para cada jogador. Aí eu te pergunto: quem é que vai deixar de ir para um time desses para jogar no meu de graça?”
Com essas mudanças, reservar um pouco de tempo para o saudosismo cai como um remédio. O motorista Rogério Augusto Pereira, o Chinês, que foi meio-campo do Pastoril, também enaltece os esforços do lendário Careca.
O auxiliar administrativo Dalmir Roberto Reis, camisa 10 do Pastoril, só tem boas lembranças. “Quase todo mês a gente ia jogar fora. Viajávamos na base da raça, às vezes sem um tostão no bolso. O Careca era quem salvava: pagava um sanduíche de mortadela e um refrigerante”, conta.
Dalmir também destaca esse espírito. “A turma era muito unida, tinha muita amizade. Como a maioria dos jogadores era da região, o time serviu até para diminuir certa rixa que existia entre os moradores daqui com os do bairro João Pinheiro. Acabou unindo o pessoal”, garante. Lembranças de uma época em que o futebol era mais puro e bonito de se ver.
O maior rival
Além da disputa de vários campeonatos, todos os jogadores do Pastoril guardam na memória os duelos com o Sicob, time do João Pinheiro, bairro vizinho. “Era um clássico como Cruzeiro x Atlético. De vez em quando saía uma brigaiada.... E era sempre muito equilíbrio: 1 a 0; 1 a 1”, conta João Baiano.