A Criméia é uma república autônoma que fica ao norte do mar Negro, e foi entregue à Ucrânia em 1954, pelo primeiro-secretário do partido comunista russo, e sucessor de Joseph Stálin no comando da Rússia, Nikita Khrushchov. “Isso se deu após uma bebedeira. Foi uma atitude totalmente autoritária”, explica Vladimir Kotilevsky de Carvalho, cônsul honorário da Rússia em Belo Horizonte. A entrega do território aos ucranianos, segundo o diplomata, nunca foi contestada pelos russos. Para ele, é incabível a ideia de que o presidente russo Vladimir Putin tenha interesse em uma possível expansão territorial. “Estamos apenas protegendo os cidadãos, suprindo suas necessidades, especialmente com alimentos”, diz o cônsul.
Por sua vez, o representante permanente da Ucrânia junto às Nações Unidas, Yuriy Sergeyev, fez um comunicado à comunidade internacional criticando as tropas russas, que teriam “invadido ilegalmente o território da Ucrânia, na Criméia, planejando aumentar seu poderio militar na região, e usando como desculpa a proteção dos cidadãos russos que ali residem”.
O problema é que os Estados Unidos são os principais questionadores das ações russas, e tem como aliados a Inglaterra e a Alemanha.
Na última terça-feira, 11 de março, o parlamento da Criméia aprovou, por 78 votos a 22, a independência da região. “Nós, os membros do parlamento da República Autônoma da Criméia, tendo em vista o capítulo das Nações Unidas e diversos documentos internacionais, assim como a confirmação do status de Kosovo pela corte internacional de justiça, tomamos essa decisão”, relata a declaração entregue à imprensa após a confirmação do resultado.
No próximo domingo, dia 16, será realizado um referendo popular na península, para consultar a população sobre uma possível anexação à Federação Russa. “Só após o resultado é que o parlamento russo vai poder tomar algum tipo de decisão sobre o futuro da região”, esclarece o cônsul. “Que existe um porto importante na região, é verdade. Que a Rússia possui bases militares na Criméia, também é verdade. Mas isso já fazia parte do acordo com a Ucrânia, quando esta recebeu o território”, completa.
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