Às 8h, com os uniformes extremamente limpos, cabelos curtos e botas impecáveis, os homens marcham sincronizados. O comandante revisa a tropa. Esse é um dos momentos preferidos do soldado Breno Alexsander Timóteo, que segue a carreira do pai.
Depois da marcha é hora do treino físico. Não sem antes ser executado o hino do Clube Atlético Mineiro. E não é uma piada. O comandante Alexandre é torcedor do Galo e, quando ele vence, é comum ouvir a banda tocando o hino para fechar a solenidade inicial.
O quartel funciona como uma empresa com vários departamentos. Atividades cívicas, físicas e militares fazem parte da rotina. Durante os exercícios de guerra, os militares aprendem a teoria sobre o manuseio de armas e técnicas de sobrevivência. Ainda assim, a prática de guerra é intensa. Com luvas, mosquetões, fita, corda e capacete, a equipe de montanhismo realiza demonstrações de rapel. O cabo Luiz Paulo Pantaleão encara a prática como um esporte.
Longe dos treinamentos de campo está o sargento Paulo Quaresma. Há 25 anos é dele a responsabilidade pelo “rancho”. São mais de 400 refeições servidas na hora do almoço e não é fácil agradar a todos. “Não há só mineiros no batalhão e é preciso cuidado com temperos e combinações”, ensina. O prato do dia, frango à espanhola, foi provado e aprovado por nosso repórter.
Há um toque feminino no Exército. As sargentos Agatha Ameno e Denise Silva, únicas mulheres no 12º BI , prestaram concurso e foram selecionadas para trabalhar como enfermeiras por um período de sete anos. “No início gerava constrangimento, mas a gente vai se adaptando”, revela a sargento Agatha Ameno. As duas já foram alvo de preconceito no quartel, mas reconhecem que o Exército está mudando.
Depois do almoço, o cabo José Luiz Cardoso toca sua corneta e todos voltam às atividades. Ele faz isso há 21 anos e se gaba de ter fôlego de sobra para mais de cinco toques diferentes por dia. “Não vou abusar e passar a fumar, mas levo uma vida normal”, conclui.
Numa guerra, o Batalhão de Infantaria forma a tropa de frente. Seus soldados são os responsáveis pelo combate a pé, em qualquer terreno e sob qualquer condição meteorológica. Há também infantaria paraquedista, blindada, de selva, motorizada e de montanha. No Barro Preto, os soldados não treinam tiro de fuzil, principal arma de um recruta. Apenas alguns soldados, cabos e todos os sargentos e oficiais podem usar uma pistola. A mais comum é a 9 mm.
O sol inicia sua despedida e o dia se encerra com mais um toque de corneta. A maioria dos militares vai para casa após o expediente. Só aqueles que vão ficar em serviço dormem no batalhão. À noite, em suas camas, muitos jovens sonham com um futuro mais promissor e em fazer parte do quadro de heróis que já passaram pelo 12º Batalhão de Infantaria.