Seu schnauzer nasceu com uma deformação genética, a fenda palatina, que é uma abertura no céu da boca, o que deixa a cavidade oral e o aparelho nasal em contato direto. Outro problema comum em humanos que também afeta cães e gatos é o lábio leporino.
De acordo com o médico veterinário Manfredo Werkhauser, a ocorrência em cães e felinos não é tão comum. "Geralmente, é registrado um caso para cada mil partos, e não existe uma raça específica que sofre mais com esse problema", explica o especialista. Ainda segundo ele, a maioria das ocorrências é por um problema genético de consanguinidade, ou seja, quando o cruzamento se dá entre animais da mesma família.
A chance de sobrevivência de indivíduos com essa alteração genética "é complicada", como afirma o veterinário. O filhote não consegue sugar o leite da mãe, já que não há o céu da boca (palato superior) para fazer pressão contra a língua. Outro risco é o alimento seguir direto para o sistema respiratório. O problema é que a cirurgia para correção da fenda ou do lábio leporino só pode ser feita em filhotes com mais de três meses de vida. Até esse momento, o animal recém-nascido deve ser alimentado por sonda, para ter chance de sobreviver enquanto aguarda o procedimento cirúrgico.
O cãozinho Chico lutou, com a ajuda de sua dona, para enfrentar sua grave deformação. Ao todo, foram sete cirurgias corretivas, e ele só começou a se alimentar sem a sonda aos três meses de vida. "Ele comia só papinha, e na minha mão. Era uma verdadeira vitória", lembra Silvana Marcellini. Hoje, o schnauzer ainda apresenta uma pequena abertura no céu da boca, mas nada que o impeça de ter uma vida normal: come ração comum e consegue até roer os ossinhos que previnem o tártaro.
Em alguns casos, a fenda palatina corre o risco de se romper novamente.