Os governos de José Sarney e Fernando Collor tentaram, sem sucesso, acabar com a inflação. Ao assumir a presidência, após a queda de Collor, Itamar Franco convidou Fernando Henrique Cardoso para ser ministro da Fazenda com a missão de reorganizar a economia. Ele reuniu um grupo de economistas – coordenado pelo professor de economia Pedro Malan, à época presidente do Banco Central –, que elaborou um plano de ação econômica, publicado no final de 1993.
Malan, que depois foi ministro da Fazenda no governo FHC, explica que a inflação prejudicava especialmente os mais pobres. “A inflação é um imposto que incide sobre o salário, que prejudica fundamentalmente aqueles menos capazes de se defender, que são as pessoas que não tem acesso à indexação e carregam no bolso a sua moeda, que vai sendo comida numa base diária pela inflação”, afirma. “Essa é a razão por que a maioria da população brasileira hoje exige e exigirá de qualquer governo que ele não tenha uma atitude complacente com a inflação”, complementa.
Nova moeda
No início de 1994, a inflação estava em cerca de 40% ao mês.
Aos poucos, o Brasil chegou à inflação de país desenvolvido: apenas 1,5% em 1998. Mas os juros continuavam de terceiro mundo: o Banco Central jogou a taxa básica nas alturas, desestimulando o consumo e atraindo investidores para equilibrar as contas externas. Inflação baixa e juro alto resultaram em pouco crescimento econômico, sustentado em boa parte pelas exportações.
O Produto Interno Bruto (PIB), que mede a riqueza produzida no País, crescia quase 6% no lançamento do real. Quatro anos depois, em 1998, a economia brasileira praticamente parou de crescer. A estagnação coincidiu com as crises externas da Ásia e da Rússia, entre 1997 e 1998.
O economista Marcelo Neri, ministro-chefe da secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, acredita que o Brasil aprendeu, com o Plano Real, o valor da estabilidade, mas defende que é preciso avançar em termos de políticas públicas. “A estabilidade é uma condição necessária para o objetivo final, que é a melhoria das condições de vida da população, especialmente dos mais pobres.
(com Agência Câmara).