Além de imagens, a mostra traz objetos e produtos que reproduzem o Mercado Central de 1900, época em que funcionava em outro ponto do hipercentro de BH. Apenas em 1929, na gestão do prefeito Cristiano Machado, que os feirantes foram transferidos para a avenida Augusto de Lima, para dar lugar a uma outra feira que, na década de 1970, deixou de existir, cedendo espaço para a construção do terminal rodoviário, na praça Rio Branco. Por isso a celebração é de 85 anos, e não de 114 – ou seja, comemora-se a existência do comércio no local atual.
Datas à parte, o que importa na biografia desse verdadeiro ponto turístico da cidade é que ele faz parte da história de vários mineiros e turistas que passam por lá todos os dias – especialmente nos finais de semana.
Quem cresceu em meio à principal feira de BH foi o comerciante José Antunes Moreira, de 51 anos. Proprietário da loja Temporana Frutas, ele vende produtos exóticos como as já citadas atemoia e pitomba, além de outras frutas típicas do cerrado. Assim como o mercado, ele teve de se adaptar à modernidade, para continuar ativo: "Herdei o negócio do meu pai, que começou vendendo laranjas. Vinha para cá criança. Comecei como lavador de carro e fui carregador. Sou cria do mercado. Não era muito de estudar, então meu pai me levou pra trabalhar com ele. Só cursei até a sétima série", conta.
Das laranjas, José Antunes passou para as frutas exóticas e vende algumas por até R$ 60 o quilo, como é o caso do sapoti. Lichia, siriguela e jenipapo também fazem parte do cardápio de produtos, que chamam muito a atenção dos turistas estrangeiros. "Eu tento explicar para eles o que é cada fruta.
Lembranças
O blogueiro e comissário de voo Danilo Michael escreve rotineiramente sobre todos os lugares do mundo que visita, mas um que considera especial é o Mercado Central de Belo Horizonte. "Uma vez minha madrinha me pediu para comprar umas ervas específicas para fazer um chá caseiro para seu marido. Procurei em vários lugares do Brasil, e só encontrei lá. Já perdi as contas de quantas vezes estive no mercado. Sempre que vou a BH costumo dar uma volta nele", diz.
Danilo conta que ao visitar o ponto turístico é de praxe comprar o queijo canastra de Araxá para a avó – que é mineira de Guaxupé –, doce de leite em pedaço, requeijão e mel. Sempre viajando por causa do trabalho, ele já conheceu mercados municipais de grandes cidades como Fortaleza, Recife, São Paulo, Porto Alegre, Belém e Manaus. Para ele, o da capital mineira é especial: "Vejo a identidade do povo mineiro em cada loja. Em alguns mercados, muitas vezes, você não consegue identificar a cultura regional na dinâmica do local. Já em BH, essa identidade é 'demais da conta sô'", brinca o comissário.
Serviço:
O quê: Exposição Histórias e Memórias do Mercado Central - 85 anos
Onde: Mercado Central
Endereço: av. Augusto de Lima 744, Centro, Belo Horizonte
Data: até 6/10
Horário: segunda a sábado das 9h às 17h; domingos das 9h às 13h
Entrada franca
Informações: (31) 3274 9434.