Contribuindo com a polêmica, a agência reguladora de medicamentos da França, a L’Agence Nationale de Sécurité du Médicament et des Produits de Santé, anunciou, na mesma época, que essa pílula – composta por acetato de ciproterona e etinilestradio – teria sua venda suspensa no país europeu.
Segundo a ginecologista Julieta Nazareth, para a mulher, vários são os fatores que podem levar ao surgimento da trombose, como o uso de cigarro, o envelhecimento, uma predisposição familiar (fator genético), ou longos períodos de imobilização dos membros inferiores – incluindo viagens com duração mais elevada. O uso de anticoncepcionais combinados (estrogênio e progesterona) pode ser um fator a mais, mas não de forma isolada. "Nas bulas desses remédios há sempre advertências em relação ao uso, que são as chamadas contraindicações. E uma delas é o risco de se ter a trombose. Caso a pessoa já tenha histórico da doença na família, é aconselhável procurar um hematologista para analisar o sistema sanguíneo e verificar o risco genético", explica a especialista.
De acordo com a literatura médica, alguns estudos já demonstraram que o uso de dosagens mais elevadas de estrogênio nos contraceptivos (superior a 50 miligramas) está relacionado ao aumento dos riscos de trombose e mesmo de infarto. Mas, com a evolução das técnicas utilizadas pela indústria farmacêutica desde o lançamento desse medicamento na década de 1960, surgiram novas fórmulas, produzidas com baixa quantidade desse hormônio (igual ou inferior a 30 miligramas).
Para Francesco Botelho, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular de Minas Gerais (SBACV-MG), o risco existe apenas para um subgrupo da população. Grande parte das mulheres usam o medicamento com sucesso.
Ainda segundo o presidente da SBACV-MG, apesar da anamnese, em seu consultório, já atendeu jovens de 18 anos que passaram pela primeira experiência com esse tipo de medicamento e apresentaram quadro de trombose. "Quando isso acontece, o remédio é suspenso imediatamente e a paciente é tratada com anticoagulantes. Nesses casos, aconselhamos procurar outros métodos contraceptivos como o DIU", conta. .