"É humanamente impossível explicar a devoção dessas pessoas", diz o pároco da cidade, padre Márcio Ruback. Segundo ele, há pessoas que chegam a percorrer de 200 a 300 quilômetros a pé pelas estradas da região. "Como explicar o gesto de pessoas que caminham essas distâncias só para subir uma escadaria e ver uma imagem? É a figura do sagrado. São pessoas que querem olhar a Mãe (Nossa Senhora da Abadia) e se deixam olhar por ela", completa.
Durante 15 dias, a festa muda a rotina da pacata cidade. As ruas estreitas são tomadas pela multidão. Nas escolas, as férias escolares do meio do ano são transferidas para o mês de agosto.
As histórias de graças alcançadas por meio da santa se repetem entre os participantes. Maria Abadia, que mora em Tapira (que também fica na região do Alto Paranaíba), caminhou 250 quilômetros durante seis dias para chegar em Romaria. "Em 2005, meu filho sofreu um acidente na estrada. Ele teve traumatismo craniano e eu pedi a Nossa Senhora da Abadia pela vida dele. Enquanto meu corpo aguentar, eu voltarei aqui para agradecer". Morador da vizinha Monte Carmelo, o caminhoneiro Paulo Sérgio da Silva tenta definir a devoção: "A gente acredita que ela faz pela gente. E nós fazemos isso por ela". Ele percorreu cerca de 30 quilômetros a pé para tocar a imagem da santa.
(com assessoria da ALMG).