De acordo com a médica Carolina Fuschino, da Sociedade Brasileira de Mastologia, o ideal é direcionar a realização das mamografias para a chamada faixa prioritária, na qual há maior impacto na diminuição da mortalidade, mas sem abandonar as outras. A partir dos 40 anos, algumas organizações médicas sugerem que se faça o exame para o chamado rastreamento – para mulheres com baixa probabilidade de desenvolvimento de tumores —, por que também há um impacto na mortalidade, embora menor.
"A mamografia não é um exame que não vai ter efeitos colaterais. Se você aumenta muito seu número ao longo da vida, a radiação a que a pessoa está se submetendo tem efeitos cumulativos. Não vai ter um impacto importante para surgimento de câncer, mas, a partir do momento em que você começa a fazer mais cedo, a radioatividade acumulada será ainda maior", explica a especialista.
A mudança de postura se deve, entre outros pontos, ao chamado "overdiagnóstico". De acordo com Arn Migowski, sanitarista, epidemiologista e tecnologista do Instituto Nacional de Câncer, muitos dos casos detectados num estágio bem inicial poderiam nem mesmo ter se desenvolvido e se tornado câncer. Além disso, pesquisas demonstram que, mesmo com o crescimento do diagnóstico precoce de tumores nas mamas, a sobrevida das mulheres não aumentou significativamente.
Na audiência foi apresentado um estudo canadense que acompanhou por 25 anos grupos de mulheres que se submeteram ao rastreamento por mamografia e outras que fizeram apenas o exame físico. A sobrevida, o tempo de vida e o risco de morte nos dois grupos foram idênticos, não houve diferença estatística importante.
Os médicos também refutaram a ideia de que o rastreamento se tornou inútil e concordaram que ele deve ser realizado após debate com o profissional de saúde, considerando malefícios e benefícios. Eles insistiram que a educação, a percepção corporal e uma vida saudável, com alimentação equilibrada, são essenciais para a saúde da mulher.
(com Agência Senado).