A Organização Mundial da Saúde estima que o aumento de 50% da tributação da matéria-prima do cigarro, metade do que propõe Renzo Braz, poderia levar 49 milhões de pessoas a parar de fumar no mundo todo. No entanto, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil, Benício Werner, discorda. Para ele, subir o preço do cigarro não significa diminuir o consumo. "Quanto mais caro for o cigarro legal, maior vai ser o consumo do produto ilegal. Isso não quer dizer que o consumidor deixou de fumar", diz.
Werner acredita que o aumento de cigarros contrabandeados traria prejuízos tanto para o governo, que deixaria de arrecadar impostos com a venda do cigarro legal, quanto para 183 mil famílias que vivem da produção de fumo nas regiões sul e nordeste.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer, atualmente, um terço do mercado de cigarros do país já se encontra na ilegalidade ou informalidade.
Já o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), que é médico, acredita que o aumento dos preços é um instrumento eficaz para diminuir o consumo de cigarros. Ele critica o fato de que projetos importantes como esse não conseguem ou demoram muito para serem aprovados no parlamento. "Isso de que vai aumentar o contrabando é conversa para boi dormir. Aumentar o imposto é, sim, uma das armas que muitos países usam para derrubar o consumo", afirma o deputado.
O deputado também reclama que o Brasil não cumpre o tratado de controle do tabaco, da OMS. O País assinou o acordo há mais de dez anos, se comprometendo a viabilizar alternativas para que os agricultores diversificassem suas lavouras e plantassem outros produtos, além do tabaco.
O Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor da planta no mundo. “O consumo do cigarro está caindo no mundo inteiro. A indústria e o governo têm que alertar o agricultor que, no futuro, essa cultura do fumo pode não dar mais lucros e desempregar muita gente em pequenas propriedades rurais”, ressalta Perondi..