De acordo com a veterinária do Centro de Triagem do Ibama (Cetas/BH), Cecília Barreto, esta época do ano é a mais crítica. "A maioria dos animais reproduz na primavera. Estamos recebendo muitos filhotes de coruja, bem-te-vi, sabiá, tucano, mico e gambá. Também chegaram 50 filhotes de papagaio do Triângulo Mineiro", afirma. Ainda segundo a especialista, apenas na sede do órgão em Belo Horizonte, mais de 70 animais estão em recuperação.
Geralmente, os filhotes de aves caem dos ninhos.
"Como fomos nós, os humanos, que invadimos o território dos bichos, muitos deles, como micos, gambás e corujas, se adaptaram ao meio urbano que criamos. Se nos chamarem apenas para retirar o animal, não atendemos, pois eles estão em seu habitat. O Ibama atende apenas os que estão em situação de risco", explica Cecília Barreto.
Animais de maior porte e que levam algum risco aos moradores, como a onça-parda, também podem ser vistos na região do Vale do Sereno e do Vale do Mutuca. Se você presenciar algum animal em situação de risco, ou que seja uma ameaça para os moradores, o aconselhável é chamar a polícia militar de meio ambiente, como diz a veterinária do Ibama.
Monitoramento
De acordo com dados do Cetas/BH, apenas no ano passado foram recebidos 7.795 animais silvestres no centro de recuperação. Nos últimos três anos, já chegam a mais de 21 mil indivíduos. Dentre eles, estão os de maior porte como o lobo-guará e a onça-parda. O Ibama começou a monitorar o avistamento desses animais em 2003, quando uma onça adulta, de 45 kg, foi atropelada na BR-040, no viaduto do Mutuca. Desde então, essa espécie foi vista nos limites de BH, Nova Lima, Rio Acima e Brumadinho.
Quem também monitora a vida silvestre é a ONG Promutuca, nos vales do Mutuca e dos Cristais, onde há muitos casos como esse. Câmeras de vigilância foram instaladas e já registraram a presença da onça-parda.
Cecília Barreto aconselha aos moradores da região que tenham paciência e não alimentem os animais. "Eles sempre estão em busca de comida, e, se encontram, voltam em bando". E ainda, se alguém deparar com um animal de maior porte, a melhor atitude é não correr, pois estará agindo como presa em potencial e aguçando o instinto de caça do predador..