Eles não podiam imaginar que cerca de 1,5 milhão de pessoas tinham sido mortas nas câmaras de gás em Auschwitz, quando o campo de concentração foi libertado. Os soldados aliados encontraram apenas 7.500 sobreviventes, que estavam junto de 350 mil roupas de homens, 837 mil vestidos de mulher e 7,7 toneladas de cabelo humano. "Até hoje não sei onde minha mãe, meus irmãos morreram. Não sobrou ninguém.
A judia nasceu numa pequena cidade da Polônia, chamada Pionki, e tinha mais cinco irmãos. O pai era comerciante e a mãe, dona de casa. Ela lembra que em 1939 as bombas começaram a cair sobre seu país e conta como eram difíceis os dias em que viveu no campo de concentração nazista: "A gente tinha de usar sacos de cimento nas pernas para afastar o frio, mas eles não deixavam. Até cachorro tinha uma vida melhor do que a nossa. Tomávamos só sopa na latinha e falavam que quem não tinha a latinha, não receberia alimento. De manhã nos davam café, mas sem coar, com borra e tudo. A gente não tinha mais nome, só o número tatuado no braço".
Em dezembro de 1944, quando os nazistas começaram a sofrer as derrotas no leste europeu, muitos presos foram levados de Auschwitz para outros campos de concentração na divisa entre a Polônia e a Alemanha. "Nos levaram em vagões abertos. A neve caía, era dezembro, e fazia muito frio. Sem comida, sem pente, sem água, sem nada.
Depois que foi libertada do terror nazista, Chanah foi para a Suécia, onde começou uma nova vida, e quando trabalhava numa fábrica de roupas, conheceu seu marido, com quem casou em 1948. Pouco depois, em 1955, veio para o Brasil, e escolheu Belo Horizonte como residência, pois já tinha parentes vivendo aqui. "Chegamos ao Brasil após uma viagem de navio de três semanas.
Sobre as memórias tristes que tem da Segunda Guerra, ela responde prontamente: "Se a gente começa a falar tudo, não aguenta"..