Revista Encontro

Tempo

Chuva ainda vai demorar a chegar em Belo Horizonte

Segundo especialista, existe um forte bloqueio atmosférico que impede a passagem de frentes frias na capital

João Paulo Martins
Os noticiários estão repletos de manchetes sobre as chuvas torrenciais que afetam o sul do Brasil e o estado de São Paulo, gerando muitos transtornos nas capitais.
Para se ter uma ideia, no dia 5 de janeiro, na capitla paulista, em 60 minutos choveu 68,6 milímetros, valor que é maior que as precipitações registradas em sete meses do ano passado em Belo Horizonte. Aliás, em 2015, os belo-horizontinos e a região central de Minas não viram uma tempestade ou chuvisco sequer.

De acordo com o meteorologista Luiz Ladeia, do 5º Distrito de Meteorologia de Belo Horizonte, isso se deve a uma massa de ar quente e seca que forma uma espécie de bloqueio, impedindo a chegada de frentes frias. "Na verdade esse ar quente e seco tem forte capacidade de expansão, e vai se fortalecendo com a radição solar. Isso não deixa a chuva chegar em Minas", explica.

Um dos motivos para esse aquecimento do estado, que impede a passagem de chuva é a influência do El Niño – fenômeno climático que consiste no aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico.  "Ele está atuando na América do Sul, fazendo com que as chuvas fiquem mais evidentes na região sul do Brasil, impedindo que as massas de ar mais úmidas fluam da Bolívia para o sudeste", diz o especialista.

Clique para ampliar e ver o comparativo entre o que choveu e o que era previsto em 2014 em BH - Foto:

Apenas o sul de Minas e o Triângulo Mineiro estão recebendo os resíduos das chuvas que estão afetando São Paulo. De acordo com o meteorologista, com o passar dos dias, o bloqueio sobre nosso estado está cada vez mais forte, e não há previsão de alteração significativa do tempo para os próximos dias. "Essa situação provoca uma discrepância entre as expectativas dos modelos meteorológicos, que previam chuvas dentro da normalidade, e o que temos na prática", afirma Luiz Ladeia.

Os dados do 5º Distrito de Meteorologia mostram que o ano passado foi bem anômalo em relação às chuvas. Janeiro e fevereiro foram abaixo do esperado, e abril, que tradicionalmente chove pouco, ficou acima da média, assim como o mês de julho.
"Em janeiro, até agora, não foi registrada nenhuma precipitação. Não levamos em conta pequenos chuviscos isolados que não são registrados em nossos equipamentos", conta o especialista. Os belo-horizontinos, segundo o meteorologista, só devem ter refresco para o calor no final do mês de janeiro..