A 'rainha' Hortência esteve em Belo Horizonte para compromissos relacionados às Olimpíadas de 2016 e concedeu entrevista à Encontro. Confira abaixo:
ENCONTRO – Em 1991, você conquistou com a seleção brasileira a medalha de ouro no Pan-Americano de Havana. Durante a cerimônia de premiação, o então presidente Fidel Castro, fez questão de cumprimentar a equipe. Como foi esse encontro?
HORTÊNCIA – Fidel é uma das figuras políticas mais importantes da história. Então, foi uma honra estar frente a frente com ele, em um evento transmitido ao vivo para o Brasil e para todo o mundo. A conquista do título se tornou ainda mais emocionante com uma presença tão ilustre durante a entrega das medalhas.
No mundial da Austrália, em 1994, a seleção brasileira eliminou os Estados Unidos na semi-final, e conquistou o título sobre a China. Qual foi a sensação de derrotar uma potência do basquete mundial?
Foi um jogo muito disputado. Para muitos, foi uma surpresa termos vencido aquela partida, mas, para o nosso time, não foi tão surpreendente assim. Sabíamos que estávamos muito concentradas e prontas para ganhar o jogo. Normalmente, nenhuma seleção quer enfrentar os americanos, mas, nós não tivemos medo e nos unimos para derrotá-las. A final, contra a China, também foi um desafio porque perdemos para elas na primeira fase, então, foi uma espécie de revanche.
É impossível falar sobre basquete feminino e não lembrar da parceria com a 'magic' Paula na seleção. Qual foi a importância do entrosamento entre vocês para alcançarem tantos resultados?
A Paula foi uma grande companheira e nos entedíamos muito bem na quadra. Pensávamos na mesma velocidade. Ela, como armadora, e eu, como lateral, formamos uma bela dupla. Eu precisava dos passes geniais dela, e ela precisava das minhas finalizações. A Paula foi uma peça fundamental na minha carreira.
É verdade que o apelido "rainha do basquete" foi criado pelos norte-americanos?
Sim. Essa história é interessante porque eu nem sabia se iria disputar as Olímpíadas de Los Angeles, em 1984, e alguns jornalistas americanos vieram ao Brasil, para fazer uma matéria comigo sobre os jogos olímpicos.
Qual é a sensação de ser a única jogadora brasileira no hall da fama do basquete?
Sem dúvidas é uma honra. Criei uma grande expectativa na primeira vez em que fui indicada, mas acabei não entrando. Já na segunda indicação, deu tudo certo, e tenho essa alegria em minha carreira.
Você acha que o basquete brasileiro está bem organizado, atualmente?
Infelizmente, não. Principalmente o feminino. Vejo o basquete masculino um pouco mais estruturado. Estou sempre na torcida para que a situação melhore e os títulos voltem a aparecer. Mas, ainda precisamos evoluir muito.
Como você vê o preconceito em relação às modalidades esportivas femininas?
Quando você faz o que gosta, e se diverte com isso, não precisa se preocupar com o que os outros pensam. Na minha época, havia muito mais preconceito, mas, eu nunca me importei. Sabia que eu não estava fazendo nada ilegal. Então, por que se importar?
O basquete brasileiro tem chance de conquistar alguma medalha nas Olimpíadas de 2016? Afinal, jogaremos em casa.
Mesmo em nossa casa, não estou muito otimista.