Durante os testes na McGill, 16 voluntários foram isolados em um ambiente especial, preparado para desregular seus ritmos cicardianos – que é o período de aproximadamente 24 horas em que se baseia nosso relógio biológico. Os voluntários receberam pílulas com o glicocorticoide, e os cientistas puderam observar o efeito do composto no funcionamento dos leucócitos. Segundo a pesquisa, o resultado mostrou que o remédio age como se "apagasse" a programação dos glóbulos brancos, fazendo com que o corpo "pense" que o dia é noite e vice-versa.
Para o médico Rogério Beato, especializado em sono e professor de Medicina da UFMG, a pesquisa não menciona detalhes fundamentais, como o tempo em que os voluntários passaram tomando a medicação, bem como a dose e o horário da administração da pílula. Além disso, segundo o especialista, faltou o mais importante: os efeitos adversos da substância no organismo. "Dependendo da dosagem e do tempo de utilização do glicorticoide, podem surgir efeitos negativos para a saúde, como insuficiência da glândula suprarrenal, aumento dos níveis de glicose e até osteoporose", explica. Ainda assim, Beato acredita que essa possa ser uma esperança para quem sofre de distúrbios do ritmo cicardiano.
Outros estudos
De acordo com Marco Túlio Tanure, coordenador do serviço de Neurologia do Hospital Biocor, a tentativa de controlar o relógio biológico dos seres humanos não é uma exclusividade dos canadenses.
As "pílulas do sono" ainda não estão prontas para serem comercializadas, mas, segundo o autor da pesquisa, Nicolas Cermakian, essa pode ser uma solução inovadora para quem sofre com interrupções do ritmo cicardiano..