Para o pedagogo Gonçalo Pires, assessor do Grupo Saraiva, a violência no ambiente escolar não é algo novo, tanto que já foi abordada por diversos pensadores como o sociólogo francês Bourdieu e o pesquisador Bernard Charlot, também francês, mas radicado no Brasil. "É que, hoje, muitos dos casos são denunciados. Mas, infelizmente, está havendo também uma banalização muito grande da violência entre os alunos. Isso faz parte do momento histórico em que os jovens também estão inseridos. Na chamada era da informação, a violência é um espetáculo, dá audiência, vira 'likes', as pessoas curtem, e mostram-se cada vez mais insensíveis aos outros", diz o especialista.
Pires critica os inúmeros vídeos que circulam pela internet com imagens fortes de brigas entre estudantes, nas redes sociais ou até mesmo quando ganham maior projeção e chegam aos noticiários. "Basta uma simples pesquisa em sites de busca que o resultado é espantoso, com vídeos de briga por todo o país, entre meninos, entre meninas e, em alguns casos, inclusive com a participação de pais", diz o assessor pedagógico.
O respeito deve vir de casa e são justamente os pais que devem servir de melhor exemplo aos filhos, como explica o pedagogo. "É importante praticar a tolerância em casa, praticar o respeito ao direto do outro existir, ser, pensar e agir diferente de nós. Filhos reproduzem muito do que ouvem em casa, por isso precisam ter um bom modelo de vida adulta", diz Gonçalo Pires. Ele reforça também que os pais devem agir como pais e não como amiguinhos dos filhos. "É preciso manter a tutela e o diálogo, mostrando verdadeiro interesse pela vida dos filhos, sempre que estiverem juntos", afirma.
Já a escola também deve participar, pois tem responsabilidade pelo o que acontece em suas dependências. "Ela pode promover debates, manter programas de acompanhamento ou uma equipe multidisciplinar que interaja com os alunos sobre o tema. Mas, principalmente, observar e coibir atos de violência na escola, seja ela qual for. Mas deve fazer de verdade, não só por mais um cartaz na parede da 'Semana Anti-Bullying'. É preciso agir mesmo", completa o especialista..