"Estamos tendo excelentes resultados com os ensaios clínicos de fase 2 e queremos apressar o processo para disponibilizar mais rapidamente a vacina para a população. A epidemia está tão grande que a eficácia do imunizante seria rápida e claramente demonstrada", diz Jorge Elias Kalil Filho, diretor do Instituto Butantan. Ele conta que já apresentou a ideia à vice-diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny.
O diretor do Butantan lembrou ainda, que, diante da epidemia de ebola que atingiu a África em 2014, os ensaios clínicos de algumas vacinas candidatas foram acelerados graças a um mecanismo regulatório conhecido como "fast-track", que permite em casos de urgência epidemiológica acelerar as avaliações e, até mesmo, realizar duas fases de testes simultaneamente.
"Na etapa A da fase 2 aplicamos a vacina em 50 voluntários de 18 a 59 anos sem contato prévio com o vírus. Agora, na etapa B, prevista para terminar em 30 dias, estão sendo vacinados outros 150 indivíduos na mesma faixa etária, sendo que parte já havia contraído dengue anteriormente", explica Alexander Roberto Precioso, pesquisador do Butantan.
Oportunidade
Além de aproveitar o excedente de 13 mil doses cuja validade é de um ano, outra razão para antecipar a fase 3, na avaliação de Precioso, é aproveitar o momento atual de alta circulação do vírus da dengue, o que permitiria comprovar a eficácia da vacina mais rapidamente.
"É preciso que os voluntários vacinados sejam expostos ao vírus para termos certeza da capacidade protetora da vacina. Isso poderia levar mais tempo em um período de baixa ocorrência da doença.
(com Agência Fapesp).