"Além disso, nem todas as mães, por alguma razão, conseguem amamentar e, movidas pela campanha de informação sobre os benefícios do leite materno e dos riscos do uso de fórmulas infantis, buscam o melhor para seus filhos. Porém, nem sempre elas fazem parte do grupo elegível para receber o leite materno doado nos bancos de leite", diz o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
Como é sabido, com a procura, cresce a oferta de leite materno. "Criou-se, assim, um cenário perfeito para que o produto seja visto como uma fonte de lucro. Com a internet sendo a fonte mais ágil e difundida para essa comercialização, que, apesar de à primeira vista parecer saudável e segura, pode trazer riscos inimagináveis a quem os procura para consumo, especialmente as crianças", alerta o médico.
Segundo matéria publicada no jornal inglês British Journal of Medicine, sites de comercialização de leite humano conseguem "vender" o produto por preços mais acessíveis do que os estabelecidos em bancos de leite (que são regulamentados). Isso acontece, segundo o periódico, por que a venda ilegal não gasta dinheiro com pasteurização e testes do "produto", principalmente em relação à contaminação que pode ocorrer durante a coleta, o armazenamento e a distribuição.
"Diferente do que é exigido nos bancos de leite regulamentados, o leite humano comercializado pelos sites não passa por testagem sorológica , o que pode acarretar a transmissão de sérias doenças", afirma o pediatra.
Um estudo publicado na Pediatrics, revista oficial da Academia Americana de Pediatria, comparou amostras de leite doados a bancos oficiais com outros sem pasteurização – no total de 20 amostras –, que foram adquiridos pela internet. Os resultados apontaram um aumento de bactérias nas amostras adquiridas pela Internet.
"Como o leite humano comercializado na Internet não é fiscalizado, em algumas amostras, em outros estudos, já foram encontrados bisfenol, drogas ilícitas e mistura com leite de vaca e água para aumentar o volume", diz Moises Chencinski..