Revista Encontro

Polêmica

Médico alerta para comércio de leite materno na internet

De acordo com o especialista, o produto adquirido nos sites pode conter doenças sérias, já que não passa por fiscalização e tratamento adequado

Da redação com assessorias
Como tudo o que vem dos Estados Unidos é sempre visto com bons olhos e costuma, rapidamente, ser adotado por aqui, vale um alerta a respeito de uma nova moda americana: o comércio de leite humano.
Não é segredo para ninguém que o leite materno é a principal fonte nutricional para crianças. E isso não passou despercebido por determinados grupos de adultos – pacientes com câncer, fisiculturistas, fetichistas – que não têm acesso a esse tipo de nutriente de forma livre.

"Além disso, nem todas as mães, por alguma razão, conseguem amamentar e, movidas pela campanha de informação sobre os benefícios do leite materno e dos riscos do uso de fórmulas infantis, buscam o melhor para seus filhos. Porém, nem sempre elas fazem parte do grupo elegível para receber o leite materno doado nos bancos de leite", diz o pediatra e homeopata Moises Chencinski.

Como é sabido, com a procura, cresce a oferta de leite materno. "Criou-se, assim, um cenário perfeito para que o produto seja visto como uma fonte de lucro. Com a internet sendo a fonte mais ágil e difundida para essa comercialização, que, apesar de à primeira vista parecer saudável e segura, pode trazer riscos inimagináveis a quem os procura para consumo, especialmente as crianças", alerta o médico.

Um site americano que comercializa leite materno funciona como uma espécie de classificados, em que as próprias mulheres anunciam o 'produto' - Foto: Reprodução

Segundo matéria publicada no jornal inglês British Journal of Medicine, sites de comercialização de leite humano conseguem "vender" o produto por preços mais acessíveis do que os estabelecidos em bancos de leite (que são regulamentados). Isso acontece, segundo o periódico, por que a venda ilegal não gasta dinheiro com pasteurização e testes do "produto", principalmente em relação à contaminação que pode ocorrer durante a coleta, o armazenamento e a distribuição.

"Diferente do que é exigido nos bancos de leite regulamentados, o leite humano comercializado pelos sites não passa por testagem sorológica , o que pode acarretar a transmissão de sérias doenças", afirma o pediatra.

Um estudo publicado na Pediatrics, revista oficial da Academia Americana de Pediatria, comparou amostras de leite doados a bancos oficiais com outros sem pasteurização – no total de 20 amostras –, que foram adquiridos pela internet. Os resultados apontaram um aumento de bactérias nas amostras adquiridas pela Internet.
O citomegalovírus foi encontrado em 21% das amostras não controladas, contra apenas 5% nas que eram provenientes dos bancos de leite.

"Como o leite humano comercializado na Internet não é fiscalizado, em algumas amostras, em outros estudos, já foram encontrados bisfenol, drogas ilícitas e mistura com leite de vaca e água para aumentar o volume", diz Moises Chencinski..