"No local foi realizada a correção de desnível de 2,5 cm na porção central das vigas transversais dos encontros do viaduto A, na avenida Portugal. Para isso, as extremidades do viaduto foram levantadas 8 milímetros e instalados três aparelhos de apoio em cada encontro. Foi realizada também a recuperação das juntas na parte superior da estrutura", diz a PBH em nota enviada à imprensa.
Não é uma novidade encontrar algum tipo de problema em estruturas viárias na avenida Pedro I, que vem sofrendo intervenções para a implementação do sistema de ônibus rápido, o Move. No início de 2014, o viaduto Batalha dos Guararapes, que fica nessa avenida, próximo ao parque Lagoa do Nado, desmoronou, matando duas pessoas e ferindo outras 22. Na mesma época, especialistas encontraram um deslocamento lateral de 27 cm no viaduto Montese, que fica na mesma região.
"No trabalho pericial diário, tenho observado que atrasos, abandonos, superfaturamentos e graves acidentes em obras públicas vêm ganhado notoriedade, além de trazer severas consequências à sociedade. Por óbvio, não existe uma única causa para esses fatos, mas, seguramente, a forma de contratação efetuada pelo poder público federal, estadual ou municipal, lastreada na maioria das vezes apenas no menor preço, tem grande peso e merece reflexão", afirma Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-MG).
Com relação à obra emergencial feita no viaduto Gil Nogueira, no início de abril, o presidente do Ibape-MG lembra que a PBH fez uma obra de praxe, ou seja, que deve ser feita rotineiramente nesse tipo de estrutura. "A solução foi dada de forma definitiva, apesar de que esses aparelhos de encontro devem ser substituídos periodicamente em qualquer viaduto de BH, ou em qualquer lugar do mundo.
Porém, o especialista explica que o desnível no viatudo não representou risco à população. "Desde a verificação do problema, em dezembro de 2014, até a realização da obra, em abril deste ano, em nenhum momento a via foi fechada para o trânsito. O desnível poderia piorar com o tempo, dependendo de uma série de fatores, como o volume e o peso dos veículos passando sobre ele. Como a detecção do problema foi feita cedo, acabou não sendo um risco", completa o presidente do Ibape-MG.
Licitação é a questão
Para o especialista em perícia de engenharia, o grande problema das obras estruturais brasileiras é ó método de licitação. Como ele explica, na contratação de projetos de engenharia, como os governos levam em conta a oferta de menor preço global, isso implica em redução de custos que podem comprometer a obra.
"Habitualmente se reduz a remuneração do engenheiro e o número de horas gastas na sua elaboração. Dificilmente os que ganham menos são os melhores e, com menos tempo disponível para sua elaboração, os projetos acabam sendo quase que repetições de outros, diminuindo sua qualidade e cerceando a possibilidade do engenheiro buscar novas opções", finaliza Clémenceau Chiabi Saliba Júnior..