As participantes foram unânimes em reconhecer que as tarefas domésticas são, em sua maioria, desempenhadas apenas pelas mulheres, que, por isso, não conseguem participar dos compromissos impostos pela participação política. A presidente da Comissão Extraordinária das Mulheres da ALMG, deputada Rosângela Reis (Pros), explica que mandatos parlamentares exigem reuniões noturnas ou em outras cidades, além de uma grande dedicação.
De acordo com Fernanda Mitsue Soares Onuma, professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Alfenas, desde a criação da agricultura, a mulher foi sendo relegada a um espaço privado do lar, por uma questão de luta pela garantia da propriedade privada das famílias. A partir de então, os papeis femininos foram sendo traçados, dificultando a presença da mulher na vida política.
A deputada Geisa Teixeira (PT) acredita que outro fator desestimulante à participação das mulheres na política é a "masculinidade" dos espaços de poder. "Sabemos da importância do homem nos espaços de poder, mas queremos igualdade", defende a parlamentar.
Cotas
Ao questionarem a diferença entre o número de mulheres na sociedade e em cargos políticos, as participantes do evento defenderam o estabelecimento de cotas que assegurem vagas femininas nas casas legislativas. Segundo a deputada Rosângela Reis (Pros), existe uma proposta no Congresso Nacional para que haja 30% de vagas para mulheres nas cadeiras do poder legislativo, e não somente para candidaturas nas eleições.
As mulheres formam 52% da população brasileira, mas compõem apenas 13% das cadeiras do Senado, 9% da Câmara dos Deputados e menos de 10% da ALMG. Nas eleições de 2014, dos 25 mil candidatos, 7.407 foram do sexo feminimo, o que corresponde a 29,73%; em 2010, o número de candidatas era 5.056, ou 22,43% do total.
Segundo a deputada Rosângela Reis, para preencher a exigência de 30%, muitos partidos cooptam mulheres para se apresentarem como candidatas, mas, sem, de fato, concorrerem – são as "candidaturas laranjas". "Conclamo as mulheres que não aceitem essa prática, que sejam candidatas de fato", defende.
A cientista política Larissa Peixoto Vale Gomes diz que é preciso uma reforma política para que se altere, de fato, o sistema eleitoral, garantindo o financiamento público para campanha, a continuidade do voto proporcional e o sistema de lista fechada, que poderia garantir a proporcionalidade de representação de gênero.
(com Assessoria da ALMG).