O foco das reclamações diz respeito ao albergue localizado na rua Conselheiro Rocha, que atende diariamente cerca de 400 pessoas. O local é gerenciado pela Associação Espírita Grupo Consolador com o apoio do governo estadual e da PBH e se instalou no bairro Floresta em 2010, transferido da Pedreira Prado Lopes. O prédio em que a instituição funciona seria do governo estadual, mas a fiscalização e a autorização para funcionamento caberia à prefeitura.
O major Renato Federici, do 1º Batalhão da Polícia Militar, apresentou alguns números e disse que alguns delitos aumentaram, enquanto outros diminuíram. Furtos e danos materiais teriam diminuído, lesões corporais e consumo de drogas, por sua vez, teriam aumentado. "Não estamos alheios à situação. Tentamos tipificar, definir dia, horário, local e pessoas onde os delitos acontecem para reprimir, mas o que acontece é que eles migram", afirma o militar.
Alguns moradores presentes reclamaram do barulho da televisão do albergue até meia-noite e da bagunça já às 5h da manhã.
Outro lado
Por sua vez, o representante do albergue, Gladston da Silva Laje, fala sobre as dificuldades do trabalho, mas defende sua continuidade. "O serviço é de altíssima rotatividade e é inglório porque os casos em que temos sucessos, conseguimos a promoção social da pessoa, não a vemos mais", conta. Ele descreve as várias categorias das pessoas atendidas e diz que é feita uma triagem para que o atendimento seja direcionado. Segundo ele, o albergue recebe desde pessoas que chegaram à cidade e, assaltados, teriam ficado sem documentos e dinheiro, até pessoas com transtornos mentais e egressos do sistema prisional.
"Os problemas são críticos, drogas, bebidas e muita coisa por trás. É muito fácil apontar para o albergue e dizer que ele é a causa dos problemas. Não é. A sociedade está tentando esconder as reais causas de tudo isso. Podem mudar o albergue de lugar, mas isso vai só fazer o problema migrar e não vai resolver nada", comenta um dos albergados, chamado de Leonardo. "Não é só porque somos usuários do albergue que somos ruins. Ali tem muita gente com profissão, muita gente que quer mudar de vida.
O deputado Fred Costa (PEN) questionou a ausência de representantes da prefeitura na reunião que, segundo ele, é responsável pela fiscalização e pelo bom funcionamento desse tipo de instituição. Ele elogia o trabalho da instituição e diz que o problema é que é um tipo de atividade que todos admiram, mas que ninguém quer ter perto de casa. O parlamentar também lembra que a legislação penal no país é fraca e que os problemas acabam sendo atribuídos a ativistas de direitos humanos.
(com Assessoria da ALMG).