Revista Encontro

Comportamento

Não faltam espaços em BH para se ler um bom livro

O gosto pela leitura atrai mineiros, que mesmo diante da correria do dia a dia, encontram tempo e lugares para se entregar ao mundo da imaginação

Daniela Costa
Quando perguntam à estudante de moda Shantal Stoppa, 26 anos, qual o seu passatempo preferido, ela não titubeia: "Aproveito todos os momentos possíveis para ler um bom livro.
Se estou fora de casa, sempre dou uma passada em algum café". A paixão pela leitura é uma tradição na família, tanto que o seu nome foi escolhido pela mãe, a gerente de logística Márcia Lana, em homenagem a uma personagem que marcou sua história. "Quando li pela primeira vez o livro Na Toca do Leão, de Ken Follett, senti uma emoção tão profunda, e me envolvi de tal forma com o nascimento de uma menina, em um vale do Afeganistão, que já sabia qual seria o nome de minha primeira filha", diz.

Assim como Shantal, o gosto pela leitura atrai jovens e adultos que mesmo diante da correria do dia a dia, encontram tempo e lugares para se entregar ao mundo da imaginação. Muitos deles se refugiam nos espaços públicos da cidade. "É muito importante que as pessoas façam uso desses locais, que são seus por direito, e não podem servir apenas como enfeites urbanos", diz Nathasha Rena, professora do curso de arquitetura da UFMG.

A escritora Sabrina Abreu encontra tempo e lugar para ler um bom livro, mesmo com a rotina agitada de uma cidade como Belo Horizonte - Foto: Samuel Gê/Encontro

Em um país em que, segundo pesquisa do IBGE, a leitura ocupa apenas seis minutos do dia dos brasileiros – ao mesmo tempo em que são dedicadas aproximadamente duas horas e 35 minutos à TV – os mineiros ainda se sobressaem. De acordo com a Câmara Mineira do Livro, pesquisa realizada em 2014 mostra que o índice de leitura no estado é de 3,2 livros por pessoa, contra 2,8 na média nacional. Uma das justificativas para não se ler é a falta de tempo, o que não convence a todos.
"Leio em qualquer lugar. Recentemente, tive de fazer sessões de fisioterapia e sempre levava algum livro comigo. Meu local preferido para ler são as praças", diz a escritora Sabrina Abreu, 33 anos.

Graças ao incentivo que teve do avô na infância, Ivan Bonillo não largou mais os livros - Foto: Denis Medeiros/EncontroCom a rotina cheia de obrigações, começar a ler um livro pode ser difícil, e terminá-lo, mais ainda. No entanto, especialistas garantem que o que falta não é tempo, mas sim, disciplina. Que tal substituir os jogos eletrônicos, os bate-papos nas redes sociais e aplicativos, e as novelas na TV pela leitura de um bom livro?

"Basta ter boa vontade e definir prioridades para ampliar os horizontes. As tentações que nos distraem, e muitas vezes não agregam conhecimento e nem cultura às nossas vidas, podem ser facilmente substituídas", diz o escritor e produtor cultural Afonso Borges, do projeto Sempre um Papo – que convida escritores renomados para conversas com o público. A partir desse novo olhar, fica mais fácil encontrar alguns minutos para se imergir em outros universos. Seja no carro, no ônibus, no metrô, no restaurante, e até no elevador, é sempre possível ler algumas páginas por dia.

O estudante de publicidade Ivan Bonillo, 25 anos, faz questão de manter o hábito da leitura em seu dia a dia. Um hábito que veio da infância, época em que o avô costumava colocar um dinheirinho dentro de algum livro, para incentivá-lo a ler. "Claro que rolava uma pequena sabatina para ver se eu tinha lido, realmente. E foi assim que comecei a ler, e não parei mais", lembra o jovem. O garoto cresceu e, hoje, leva um livro na mochila onde quer que vá. Quando sobra um tempinho, escolhe um canto junto à natureza para se dedicar ao que mais gosta: "É nesses momentos que esqueço os problemas diários e me transporto para o vasto mundo do conhecimento e da fantasia".

Dicas para se dedicar a uma boa leitura:

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