Segundo o biólogo Bernardo Antonio Perez da Gama, professor de biologia marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF), são raros os registros de acidentes graves envolvendo água-viva, mas existe uma espécie altamente venenosa, que pode levar à morte. Ela é conhecida como Irukandji e habita os mares do norte da Austrália. "Independentemente da área em que a pessoa for afetada, pode levar à morte se a vítima não receber socorro. É a espécie mais perigosa do mundo. Dentro d’água, ela se torna praticamente invisível, por ser muito pequena e transparente", conta o especialista.
Sistema de ataque
As águas-vivas possuem uma estrutura chamada nematocisto, responsável por disparar as neurotoxinas nas presas.
Não existem dados estatísticos que apontam quais regiões brasileiras estão mais sujeitas a acidentes com águas-vivas. Bernardo acredita que o litoral nordestino seja mais propício pelo fato de muitas espécies estarem associadas a águas mais quentes.
No início deste ano, o grande número de casos registrados em Florianópolis, Santa Catarina, chamou a atenção. De outubro de 2014 a janeiro de 2015 foram registrados mais de 32 mil acidentes, um aumento de 2.105% em relação ao mesmo período dos anos anteriores, segundo o Corpo de Bombeiros. Os especialistas levantaram a hipótese de aquecimento do mar para explicar o fenômeno.
O que fazer?
Em casos de "queimadura" por água-viva, a primeira recomendação é não esfregar o local afetado. "Se a área atingida for pequena, a pessoa pode tentar remover os tentáculos. Se for uma parte grande do corpo, o melhor é procurar um médico", afirma o professor da UFF.
Não é indicado lavar com água doce, usar álcool, amônia ou urina. O procedimento mais correto é procurar um posto guarda-vidas. Normalmente, os bombeiros utilizam vinagre para neutralizar o veneno e aliviar os sintomas.
O líquido deve ser colocado em um pano sobre a região afetada por cerca de 20 minutos. Vale lembrar que além de "queimaduras", as águas-vivas também podem causar náusea, vômitos, tonturas e desmaios..