Trata-se de uma situação relativamente nova e que preocupa os especialistas em Medicina Reprodutiva. No ano passado, foram realizadas 88 mil cirurgias bariátricas no Brasil, sendo que em 75% dos casos o método empregado foi o bypass gástrico. Dados do IBGE revelam que mais da metade da população brasileira acima dos 20 anos tem sobrepeso, cerca de 65 milhões de pessoas. Já os obesos somam mais de 10 milhões.
Um grupo de pesquisadores de Oxford, na Inglaterra, publicou um estudo comprovando que, como essa cirurgia reduz drasticamente a absorção de nutrientes, acaba afetando todo o corpo, com o passar do tempo.
De acordo com Edson Borges Junior, especialista em Medicina Reprodutiva no Fertility Medical Group, a obesidade, por si só, já tem um impacto bastante negativo na fertilidade masculina, comprometendo a qualidade do espermatozoide e o potencial reprodutivo dos homens. "Se a obesidade se apresenta como um fator negativo para a fertilidade masculina, os efeitos da cirurgia bariátrica, principalmente o bypass gástrico, têm sido cada vez mais observados", comenta o especialista.
Na opinião do médico, a primeira medida que tanto homens quanto mulheres devem tomar é adotar uma dieta balanceada e saudável, controlando o peso – responsável por doenças que acabam impactando a fertilidade, como o diabetes e a pressão alta. Mas, diante de um quadro de obesidade em que seja indicada a cirurgia bariátrica, é importante o paciente ser informado sobre possíveis desdobramentos em relação à infertilidade secundária, ainda que já tenha tido um ou mais filhos.
"Caso o paciente tenha planos de ter mais filhos no futuro, cabe a um especialista em fertilização assistida explicar em detalhes a situação, oferecendo a possibilidade tanto de uma criopreservação de espermatozoides , como de outras técnicas possíveis para tratar a azoospermia. Hoje, quando um paciente não tem espermatozoides no sêmen, utilizamos de algumas técnicas para identificá-los nos testículos e aspirá-los", diz Edson Borges..