O projeto que tramita na Câmara proíbe a comercialização dos dados inseridos no RCN, que ficarão sob a responsabilidade da Justiça Eleitoral, mas permite que dúvidas de terceiros sobre os dados sejam esclarecidas.
Na opinião do procurador, outro ponto de vulnerabilidade do texto permite o acesso do executivo (união, estados, municípios e Distrito Federal) a todos os dados do Registro Civil Nacional. "Da forma simples como está escrita, permite que qualquer secretaria de Meio Ambiente de um município de 10 mil habitantes de Minas Gerais, por exemplo, tenha acesso aos dados de cidadãos do Acre ou do Rio Grande do Sul. É uma amplitude muito grande", afirma Carlos Bruno Ferreira.
Para preservar os direitos sobre dados pessoais, o procurador diz que o Comitê do Registro Civil Nacional, previsto no projeto, precisaria funcionar como as agências de proteção de dados, nos moldes de países europeus. "O comitê se justifica não como uma forma de meramente gerir esses dados, mas de permitir que, a partir do momento que tem um orçamento, fazer essa proteção ao cidadão", completa.
Para o deputado Hugo Leal (Pros-RJ, o trabalho de unificação dos documentos pode solucionar irregularidades no cadastro. Segundo ele, essa unificação poderá "eliminar os múltiplos, que são esses que se fazem aproveitar da fragilidade dos sistemas para tirar várias identidades e documentos".
O assessor de Gestão Estratégica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo César Bhering Camarão, diz que "não se pretende, de forma nenhuma, abolir qualquer competência de qualquer entidade que hoje faz registro ou identificação no país". "Não se fará isso.
(com Agência Câmara).